Saiba quais são os estímulos anunciados pelo governo asiático para conter a crise por lá e como eles impactam o mercado financeiro brasileiro
Sabe onde o cenário econômico brasileiro tem encontrado respaldo após o Banco Central (BC) informar que os juros devem permanecer elevados por mais tempo que o previsto? Lá na China. Aqui, não se trata de uma figura de linguagem, uma vez que o país asiático acaba de anunciar o lançamento do maior pacote de estímulos desde os primeiros dias da pandemia da Covid-19. As medidas oferecidas pelo governo chinês, comandado pelo presidente Xi Jinping, são amplas e, inclusive, surpreenderam os especialistas que, tão logo souberam, trataram de fazer suas projeções.Seja como for, nem bem o anúncio foi feito, a bolsa chinesa teve uma disparada: o índice Xangai Composto, da Bolsa de Xangai, subiu expressivos 8,06%. De olho no mercado financeiro, vejamos a seguir quais são as metas previstas pelos líderes chineses para não só restaurar a confiança, como reaquecer a segunda maior economia do mundo. Por fim, confira porque o movimento provocou efeitos positivos - e até certa euforia - em diversos países, inclusive no Brasil.
Pacotaço chinês é resposta à crise econômica
Há quem pergunte - em tom de exagero - se a China voltou, já que os principais índices de ações da bolsa, CSI300 e SSEC, tiveram a maior arrancada desde 2008: 16% e 13%, respectivamente. Os maiores ganhos diários, somado ao melhor desempenho semanal em 16 anos, são resultado direto das recentes providências tomadas pelo Banco Popular da China, o equivalente ao nosso BC. Daqui para a frente, a nação comunista quer combater a recessão marcada, sobretudo, pelo estado deflacionário, queda dos investimentos e taxa de desemprego recorde entre os jovens - 21%. Conforme a equipe responsável pelas ações, será preciso implementar “gastos fiscais necessários" para atingir o objetivo de crescimento doméstico previsto para fechar em 2024, que é de 5%. Independentemente do resultado, saiba quais foram os projetos anunciados pelo governo da China em resposta à crise econômica pela qual atravessam. Em seguida, não deixe de conferir como o pacotaço explica o recente bom humor dos investidores com o Ibovespa (indicador mais importante das ações negociadas na B3).
Corte de taxas
O banco central da China reduzirá a taxa de compulsório dos bancos em 0,50 ponto percentual num futuro próximo, liberando cerca de 1 trilhão de iuanes (US$ 142,21 bilhões ou R$ 782 bilhões) para novos empréstimos. Dependendo da situação de liquidez do mercado no final deste ano, a taxa poderá ser reduzida ainda mais, de 0,25 a 0,5 ponto percentual.
Setor imobiliário
O banco central da China orientará os bancos comerciais a reduzir as taxas de hipoteca de moradia usadas em 0,5 ponto percentual, em média, a fim de proporcionar alívio às famílias. A China reduzirá a taxa mínima de entrada para compradores de segunda residência a 15% em todo o país, ao invés dos atuais 25%.
Estímulo ao mercado de ações
O órgão regulador de valores mobiliários da China vai emitir orientações para a entrada de fundos de médio e longo prazos no mercado e medidas para promover fusões, aquisições e reorganizações. A instituição apoiará ainda mais o fundo estatal chinês, Central Huijin Investment, na compra de ações e na expansão do escopo de investimentos. O Banco do Povo da China também introduziu duas novas ferramentas para impulsionar o mercado de capitais. Dentre elas:
O programa de swap com um tamanho inicial de 500 bilhões de iuanes permite que fundos, seguradoras e corretoras tenham acesso mais fácil a financiamento para comprar ações;
A oferta de até 300 bilhões de iuanes em empréstimos baratos do banco central a bancos comerciais para ajudá-los a financiar a compra e recompra de ações de empresas listadas.
Animação do mercado financeiro nacional não é à toa
Depois da notícia, as empresas exportadoras brasileiras ganharam um forte impulso comprovado pelos gráficos da Ibovespa. Por ser a maior consumidora global de commodities - com cerca de 60% da demanda -, a China ajuda a ditar o preço de insumos como minério de ferro e petróleo, ambos com as maiores altas diárias em mais de um ano. Por consequência, a tendência é que mineradoras e siderúrgicas impulsionem a bolsa, uma vez que detêm grande peso. Além da gigante Vale, a CSN e a CSN Mineração se destacam, seguidas de perto pela Usiminas. Sem falar que outros setores também são expostos à economia chinesa, a exemplo do agronegócio e papel e celulose. Resta saber até quando tudo isso irá se sustentar.
Os estímulos chineses serão suficientes?
De modo geral, o pacote de estímulos chinês foi recebido positivamente por analistas e consultores. Contudo, apesar de ser considerado um grande passo rumo a direção certa, pode ser que tenha efeitos de curto prazo, principalmente se não vier acompanhado de um plano sólido de suporte fiscal - dizem os consultores. Acesse o blog da JValério e acompanhe as principais movimentações que impactam a economia brasileira, influenciando diretamente o planejamento estratégico e a tomada de decisões dos empreendedores locais e nacionais.
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