Pacotaço chinês embala setor produtivo nacional

01/11/2024
Pacotaço chinês embala setor produtivo nacional | JValério

Saiba quais são os estímulos anunciados pelo governo asiático para conter a crise por lá e como eles impactam o mercado financeiro brasileiro

  Sabe onde o cenário econômico brasileiro tem encontrado respaldo após o Banco Central (BC) informar que os juros devem permanecer elevados por mais tempo que o previsto? Lá na China. Aqui, não se trata de uma figura de linguagem, uma vez que o país asiático acaba de anunciar o lançamento do maior pacote de estímulos desde os primeiros dias da pandemia da Covid-19. As medidas oferecidas pelo governo chinês, comandado pelo presidente Xi Jinping, são amplas e, inclusive, surpreenderam os especialistas que, tão logo souberam, trataram de fazer suas projeções. Seja como for, nem bem o anúncio foi feito, a bolsa chinesa teve uma disparada: o índice Xangai Composto, da Bolsa de Xangai, subiu expressivos 8,06%. De olho no mercado financeiro, vejamos a seguir quais são as metas previstas pelos líderes chineses para não só restaurar a confiança, como reaquecer a segunda maior economia do mundo. Por fim, confira porque o movimento provocou efeitos positivos - e até certa euforia - em diversos países, inclusive no Brasil.

Pacotaço chinês é resposta à crise econômica

Há quem pergunte - em tom de exagero - se a China voltou, já que os principais índices de ações da bolsa, CSI300 e SSEC, tiveram a maior arrancada desde 2008: 16% e 13%, respectivamente. Os maiores ganhos diários, somado ao melhor desempenho semanal em 16 anos, são resultado direto das recentes providências tomadas pelo Banco Popular da China, o equivalente ao nosso BC. Daqui para a frente, a nação comunista quer combater a recessão marcada, sobretudo, pelo estado deflacionário, queda dos investimentos e taxa de desemprego recorde entre os jovens - 21%.  Conforme a equipe responsável pelas ações, será preciso implementar “gastos fiscais necessários" para atingir o objetivo de crescimento doméstico previsto para fechar em 2024, que é de 5%. Independentemente do resultado, saiba quais foram os projetos anunciados pelo governo da China em resposta à crise econômica pela qual atravessam. Em seguida, não deixe de conferir como o pacotaço explica o recente bom humor dos investidores com o Ibovespa (indicador mais importante das ações negociadas na B3). 

Corte de taxas

O banco central da China reduzirá a taxa de compulsório dos bancos em 0,50 ponto percentual num futuro próximo, liberando cerca de 1 trilhão de iuanes (US$ 142,21 bilhões ou R$ 782 bilhões) para novos empréstimos. Dependendo da situação de liquidez do mercado no final deste ano, a taxa poderá ser reduzida ainda mais, de 0,25 a 0,5 ponto percentual. 

Setor imobiliário

O banco central da China orientará os bancos comerciais a reduzir as taxas de hipoteca de moradia usadas em 0,5 ponto percentual, em média, a fim de proporcionar alívio às famílias. A China reduzirá a taxa mínima de entrada para compradores de segunda residência a 15% em todo o país, ao invés dos atuais 25%.

Estímulo ao mercado de ações

O órgão regulador de valores mobiliários da China vai emitir orientações para a entrada de fundos de médio e longo prazos no mercado e medidas para promover fusões, aquisições e reorganizações. A instituição apoiará ainda mais o fundo estatal chinês, Central Huijin Investment, na compra de ações e na expansão do escopo de investimentos. O Banco do Povo da China também introduziu duas novas ferramentas para impulsionar o mercado de capitais. Dentre elas:
  • O programa de swap com um tamanho inicial de 500 bilhões de iuanes permite que fundos, seguradoras e corretoras tenham acesso mais fácil a financiamento para comprar ações;
  • A oferta de até 300 bilhões de iuanes em empréstimos baratos do banco central a bancos comerciais para ajudá-los a financiar a compra e recompra de ações de empresas listadas.

Animação do mercado financeiro nacional não é à toa

Depois da notícia, as empresas exportadoras brasileiras ganharam um forte impulso comprovado pelos gráficos da Ibovespa. Por ser a maior consumidora global de commodities - com cerca de 60% da demanda -, a China ajuda a ditar o preço de insumos como minério de ferro e petróleo, ambos com as maiores altas diárias em mais de um ano. Por consequência, a tendência é que mineradoras e siderúrgicas impulsionem a bolsa, uma vez que detêm grande peso.  Além da gigante Vale, a CSN e a CSN Mineração se destacam, seguidas de perto pela Usiminas. Sem falar que outros setores também são expostos à economia chinesa, a exemplo do agronegócio e papel e celulose.  Resta saber até quando tudo isso irá se sustentar. 

Os estímulos chineses serão suficientes?

De modo geral, o pacote de estímulos chinês foi recebido positivamente por analistas e consultores. Contudo, apesar de ser considerado um grande passo rumo a direção certa, pode ser que tenha efeitos de curto prazo, principalmente se não vier acompanhado de um plano sólido de suporte fiscal - dizem os consultores.  Acesse o blog da JValério e acompanhe as principais movimentações que impactam a economia brasileira, influenciando diretamente o planejamento estratégico e a tomada de decisões dos empreendedores locais e nacionais.
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