Nas empresas familiares, a governança é fundamental para evitar conflitos e nortear a expansão do negócio
A governança corporativa funciona como uma espécie de cartilha que descreve as atividades das empresas. O estabelecimento desses métodos diz muito sobre como está a maturidade da gestão e expor indicadores que podem garantir uma vida longa à companhia.
Tudo começa com a definição dos princípios da governança corporativa. Com diretrizes claras, os controladores terão referências para identificar e solucionar conflitos de interesses, compor um bom conselho de administração e se preparar para tocar a companhia de forma profissional, em sintonia com as tendências do mercado.
A governança é um atributo, inclusive, das empresas familiares, que deve estar presente desde o início das atividades. Eduardo Valério, presidente do Grupo JValério Gestão e Desenvolvimento, explica que a governança acompanha a empresa desde a sua criação. “Qualquer empresa, quando é fundada, nasce com alguns propósitos, deveres e responsabilidades. Todos estão no contrato social. Governança corporativa todos têm. O que falta é entender um pouco mais o significado dessa frase e como isso terá conexão com seu negócio no futuro”, explica Valério.
A governança não é estática e deve estar sintonizada com as mudanças no mundo dos negócios. “A partir do momento que a empresa vai crescendo, é necessário estabelecer novas regras e adicioná-las ao contrato social. Elas são suficientes para manter a companhia funcionando e evitar atritos entre familiares que estão dentro da organização", observa Valério.
Nas empresas familiares, o método de gestão parece ganhar importância ainda maior diante da complexidade do negócio. O funcionamento de companhias com esse perfil deve envolver três subsistemas existentes nas atividades: relações consanguíneas, a forma de gestão (indicadores, tarefas, diretrizes e planejamento estratégico) e o societário, que é o controle do capital.
“Governança corporativa é criar um conjunto de valores, princípios e regras que ordene esses três subsistemas”, aponta Eduardo Valério. A cada expansão, a forma de administrar a empresa passa a ganhar novo tratamento. O que antes podia ser decidido numa conversa informal no corredor da firma ou na cozinha de casa, entre os próprios familiares, terá agora de ser revisto.
De acordo com Valério, “a partir do momento em que se cria uma complexidade maior, é preciso delegar poderes para executivos a respeito de gastos, despesas, custos e investimentos. Essas decisões precisam ser tomadas em fóruns apropriados, não mais no corredor da empresa”.
A criação de um conselho de administração, por exemplo, surge neste período de expansão como um importante órgão de deliberação da companhia. Ele precisa estar atrelado à visão dos empresários sobre o negócio. “Nesse conselho, se discutem as questões mais de longo prazo. O órgão pode ajudar na condução de processos sucessórios e garantir que os feedbacks sejam pragmáticos e verdadeiros, com opiniões isentas, sem conflitos de interesse. Todos acabam ganhando, como os sucessores que podem se desenvolver ainda mais para assumir cargos de relevância na empresa”, ressalta Valério.
Ela lembra inclusive da necessidade de ter um conselho aberto à contratação de profissionais especializados para apresentar uma visão livre de conceitos já formados pela convivência diária com o negócio.
Outro ponto importante a ser levado em consideração sobre a governança corporativa é a política de valorização dos funcionários. Encorajar o desenvolvimento dos colaboradores e assegurar que seu trabalho é valioso para a companhia, mostra que ele não foi apenas contratado para atender equipes de produção ou a deliberação de superiores.
A motivação deve fazer parte da agenda de trabalho da liderança e de seu conselho de administradores. Essa mentalidade exposta por quem está no comando contribui para a qualidade do trabalho desempenhado por todos para se alcançar os objetivos propostos.
Sempre que possível, a liderança com visão a longo prazo enxerga além do lucro para priorizar seus profissionais, o maior ativo da empresa.
Dinamizar a Governança Corporativa é um dos atributos do PAEX (Parceiros para Excelência), oferecido pela JValério Gestão e Desenvolvimento e a Fundação Dom Cabral (FDC). Os professores associados da FDC e da JValério se debruçam sobre a realidade da companhia, compondo um Raio-X que irá expor erros e acertos, além de formatar novas ações para fazer a diferença no mercado. O PAEX segue uma linha de atuação que envolve ações de curto, médio e longo prazo.