Mudanças de cenário abruptas e cada vez mais frequentes obrigam novas abordagens, como a profissionalização de gestão para garantir a longevidade dos negócios
As empresas familiares atuam de forma estratégica para garantir o crescimento econômico e o emprego. No Brasil, elas são maioria, uma espécie de viga mestra do PIB (Produto Interno Bruto).
Essas empresas representam 90% dos negócios no País, segundo o Instituto de Geografia e Estatística (IBGE) e Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequena Empresa). Outros dados importantes: 75% da força de trabalho empregada está em um empreendimento que começou numa linhagem de famílias empresárias e 65% do PIB também tem origem em uma companhia com essas características.
Mas, com as mudanças bruscas registradas diante de fenômenos econômicos e ligados ao meio ambiente cada vez mais frequentes, as empresas têm encarado desafios inéditos pela frente. Na prática, superar esses obstáculos têm se traduzido em assimilar novos conceitos de planejamento e gestão, em nome da manutenção do legado no futuro.
A pandemia da Covid-19 testou à exaustão toda a capacidade das famílias empresárias de se adaptarem aos seguidos impactos impostos pela convivência com o vírus. Resiliência foi a palavra de ordem nos últimos tempos. Apesar de ser uma característica que sempre esteve presente em qualquer área do mundo dos negócios, após a pandemia, esse comportamento virou uma espécie de ativo estratégico para enfrentar as tempestades que se colocam diante dos empresários com maior frequência.
Pesquisa global realizada pela empresa de consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC) com empresas familiares do Brasil e do mundo apontou como as organizações estão se saindo diante dos desafios impostos pela pandemia. O levantamento reuniu, nesse quesito, motivos para serem comemorados: a pesquisa mostrou que apenas 21% das empresas familiares dizem ter precisado de capital adicional em 2020. Nas respostas, 78% das empresas familiares brasileiras afirmaram ainda que esperam crescer em 2021. No resto do mundo esse índice é um pouco menor, na casa dos 65%.
A PwC ouviu 2801 empresas familiares ao redor do mundo, das quais 282 no Brasil, para saber como está a expectativa de mercado para os próximos anos, levando em conta um ambiente de negócios radicalmente modificado com a chegada da Covid-19.
A maioria dos participantes da pesquisa respondeu que espera retomar um forte crescimento em 2022. Mesmo mostrando um potencial diferenciado para encarar a crise, a mesma pesquisa revelou a necessidade de repensar prioridades e comportamentos. Questões como sustentabilidade, planejamento sucessório e investimentos em transformação digital precisam ser priorizadas pelas empresas familiares.
São temas que já eram conhecidos do mercado, mas com a chegada do novo coronavírus, foram elevados ao nível de máxima atenção. Governança corporativa deixou de ser restrita àquela administração impecável no controle de custos e domínio garantido de certa fatia de mercado, onde impera a simples troca de faturamento por algum produto ou serviço encaminhado ao cliente.
Pela postura de atuação que ostentam, as empresas familiares podem muito mais. Elas são apontadas pelos responsáveis pela pesquisa da PwC como aquelas que vão se sair melhor nesse novo mundo dos negócios que está emergindo.
O levantamento verificou também a importância de as empresas familiares adotarem em tudo o que fazem a visão de responsabilidade social. Na China, 79% das empresas priorizam a sustentabilidade contra 44% no Brasil e 23% nos Estados Unidos. No quesito de contribuir com sua comunidade, o placar se inverte, 79% das empresas familiares norte-americanas têm ações para a região onde atuam, contra 54% na China e 39% no Brasil.
Nunca se falou e se cobrou tanto em sustentabilidade, do impacto que as atividades empresariais geram no meio ambiente e na comunidade em que atuam. Não é mais apenas o produto que importa, mas o propósito que a companhia se dispõe a ofertar a toda sociedade, que sente o impacto que as ações da empresa provocam.
As empresas que já adotaram esses novos caminhos estão conseguindo agregar valor real à marca, disponibilizando os recursos e as expertises que possuem para estender melhorias na comunidade e cuidados à natureza. De forma direta ou indireta a companhia extrai os recursos do meio ambiente que são usados em sua atividade. Por isso, uma atenção especial é imperativa.
A pesquisa da PwC apontou que as empresas familiares têm interesse especial no tema da sustentabilidade. O levantamento revelou que 56% dos entrevistados brasileiros dizem que há oportunidades para liderar em práticas de negócios com esse modelo. No entanto, há muito o que crescer, pois apenas 39% dos entrevistados confirmaram ter uma estratégia sustentável em vigor.
O planejamento sucessório é outro tema que nunca esteve tão em voga. Aguardar a retirada de cena dos controladores mais antigos para iniciar do zero o treinamento dos novos controladores pode até comprometer a continuidade da companhia
Um plano de troca de comando, com apoio profissional, em nome da manutenção do negócio, passa a se desenhar em questões de anos ou décadas. Tudo para que quando o grande dia da passagem de bastão chegar o processo ocorra sem conflitos entre herdeiros ou desencontros administrativos catastróficos.
A situação exige mudanças, o que significa um amplo terreno para ser trabalhado. A Covid-19 serviu para impulsionar uma mudança inicial de mentalidade.
De acordo com pesquisa da PwC, em plena pandemia, e apesar da falta de progresso em fomentar procedimentos formais de governança, o nível de participantes que registraram o processo de planejamento de sucessão cresceu de 21% para 24% no Brasil. No mundo, dobrou para 30%. No levantamento feito com as empresas brasileiras, 24% (contra 30% no resto do mundo) responderam possuir planos de sucessão e 36% (29% em outros países) dizem que há resistência à mudança.
Diante do salto tecnológico, observado em questão de meses em muitos momentos da história, a quantidade de novidades passou a falsa impressão de que reunir os equipamentos eletrônicos de ponta poderia resultar em crescimento garantido. Ledo engano. O fator humano, devidamente treinado para absorver as transformações digitais que se apresentam, ainda é o melhor negócio a ser feito nesse setor.
Esse será o diferencial para que, aí sim, o salto tecnológico ocorra, gerando efeitos sistêmicos no engajamento da equipe de colaboradores, no relacionamento com os clientes e na busca por novas oportunidades de mercado.
Na pesquisa da PwC, foi identificado uma situação alarmante: apenas 15% das empresas familiares brasileiras (19% no mundo) afirmam que seu “amadurecimento digital” está avançado.
São situações que podem ser identificadas e modificadas com o devido apoio profissional de fora. Esse trabalho de consultoria independente pode mergulhar a fundo para entender o modo de atuação da empresa familiar e como seus controladores estão dispostos a admitir mudanças.
Com mais de duas décadas de expertise em consultoria empresarial, envolvendo mudanças de cenários e reação a crises, a JValério Gestão e Desenvolvimento e a Fundação Dom Cabral já transformaram a realidade de centenas de empresas carentes de novas estratégias de negócios.
Há 25 anos, o PAEX (Parceiros para a Excelência) é um programa com ferramentas formuladas para agir de forma preventiva ou em momentos de incerteza, identificando riscos e buscando respostas para fazer frente a esses desafios. O PAEX atua em todas as áreas do negócio e apura como está a situação em cada um deles (do marketing, para as finanças e a logística, por exemplo), com a finalidade de garantir o alcance de resultados perenes nos curto e longo prazos.
Os professores da FDC e da JValério se debruçam sobre a realidade da empresa para extrair um verdadeiro raio-x do negócio e estabelecer formas inovadoras para reagir. O professor orientador da FDC é um parceiro do negócio do empresário, uma espécie de conselheiro do processo de facilitação da gestão, trabalhando para que ele possa abraçar melhores oportunidades e mitigar ameaças de riscos, sejam eles internos ou externos ao negócio. Trata-se de um ativo poderoso para as empresas, tanto na bonança como em momentos de crise.
O programa Parceria para o Desenvolvimento do Acionista e da Família (PDA) é outro instrumento estratégico criado para ajudar na profissionalização e continuidade dos negócios nas empresas familiares. O PDA trata da formação e preparação de sucessores, do conflito de transição entre gerações, dos acordos societários e da pulverização do patrimônio. Ele usa os mesmos princípios, conceitos, ferramentas de alinhamento e intercâmbio de experiências em redes de aprendizagem do PAEX.
A observação atenta do mercado e o forte compromisso em ser útil para a sociedade marcaram a origem do PDA, criado em 1998 diante de uma preocupação crescente de empresários e fundadores em garantir a longevidade de suas organizações.