Gestão de caixa: boas práticas para fazer sua empresa sobreviver à crise

22/04/2020
Gestão de caixa: boas práticas para fazer sua empresa sobreviver à crise | JValério

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A pandemia de Covid-19 impôs uma série de desafios para as empresas, com o agravante de que ainda não sabemos quando ela chegará ao fim. Uma das medidas mais urgentes é saber gerenciar as finanças do negócio e planejar os próximos passos tendo em vista um cenário em que a maior parte dos executivos acompanha queda de faturamento e redução da carteira de clientes. O tema foi discutido na última edição virtual do Comitê de Presidentes e Dirigentes, realizado pela JValério FDC nesta quinta-feira (16) e conduzido pelo especialista em finanças e economia Rodrigo Zeidan, professor da Fundação Dom Cabral e da New York University Shanghai, pesquisador sênior do Center for Sustainable Business da NYU Stern e colunista do jornal Folha de S. Paulo.  A saúde financeira das empresas também foi assunto de  webinars da COM:unidade, iniciativa da FDC para apoiar empresários no contexto atual. Realizados nos dias 7 e 13 de abril, os encontros foram conduzidos pelos professores Rodrigo Zeidan e Guilherme Amado, este último, economista com especialização em administração financeira e em contabilidade. Neste post, reunimos os principais trechos dos encontros, com avaliação dos especialistas e dicas de boas práticas para gestão de caixa. Confira:
Economia e saúde 
Um dos pontos destacados no Comitê de Presidentes e Dirigentes é a importância de entender que economia e saúde não são concorrentes e que neste momento não se deve tomar decisões imediatistas. Ainda que pareça uma boa solução para evitar a quebra de empresas e o desemprego, o retorno às atividades normais agora pode gerar uma situação ainda mais crítica. Quanto mais pessoas estiverem em circulação enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda isolamento, mais difícil será controlar a pandemia e o cenário de crise se manterá por mais tempo. Segundo dados mais recentes da OMS, mais de 149 mil pessoas no mundo já morreram pela Covid-19.
Lucro não deve ser a métrica de 2020
Rodrigo Zeidan foi categórico na avaliação sobre o que as empresas devem esperar daqui para frente. “A métrica desse ano não é lucro, a métrica é quanto tempo eu sobrevivo”. Segundo ele, o lucro não será a métrica do final de 2020 para 70% das empresas brasileiras, por isso é fundamental ter um modelo de fluxo de caixa, que permita construir cenários para os próximos meses e fazer simulações de quebra de contrato. Para Zeidan, a crise vai deixar a lição de que é preciso aprender a “viver líquido”. Seja pessoa física ou jurídica, é preciso entender que ter dinheiro em caixa é importante para oportunidades de investimento ou para situações de crise, como a de agora. Para isso, é preciso ter um plano financeiro de longo prazo. 
Caixa é o que importa
Segundo Guilherme Amado, a recessão é certa e seus efeitos serão complexos. Diante de um cenário em que há choque de demanda, ruptura potencial de cadeias de produção com choques de oferta, aumento do risco de crédito e aumento do desemprego, o foco da gestão não deve estar em maximizar lucros, mas sim em maximizar caixa. “Neste momento, mais do que nunca, caixa é o rei, caixa é o que importa [...] é com o caixa que a gente paga salários, dividendos, empréstimos, investimentos, gastos e garante a sobrevivência da companhia”. As empresas mais afetadas pela crise, segundo o especialista, são aquelas que já possuem caixa apertado, estrutura fixa pesada, alto endividamento, as que estão no meio de um ciclo de investimento, que têm amortização de dívida encurtada e as que pertencem aos setores obrigados a reduzir as atividades, como turismo e lazer.
Dicas para gestão de caixa
O professor Guilherme Amado explica que não há uma receita única para todas as empresas, especialmente porque cada uma tem um perfil diferente e está passando pela crise de maneira distinta. No entanto, há algumas ferramentas básicas úteis. Confira: 1 - Analise as despesas atuais Tenha ciência de quais despesas precisarão ser pagas nos próximos meses. Sem ter ideia das obrigações da empresa, não é possível entender o impacto da crise para o negócio, nem mesmo traçar estratégias para sobreviver a ela.  2 - Tenha como meta não deixar o caixa fechar no vermelho Este é o momento de eliminar gastos não essenciais e evitar novas despesas. “É preciso estruturar os custos e despesas fixos para caberem no novo volume de vendas que a companhia tem”, complementa Amado. Avalie renegociar contratos, evite demissões que consomem muito caixa, atente-se para alterações na legislação trabalhista que permitam economia de gastos ou viabilizem postergação de gastos.  3 - Gerir melhor a necessidade de capital de giro A inadimplência tende a crescer, por isso, fique atento aos prazos para receber pagamentos, serviços e mercadorias. Se for preciso, negocie. “Os clientes obviamente têm também as suas dificuldades financeiras e há uma tendência enorme dos recebimentos esperados de uma determinada carteira de clientes simplesmente não acontecer”, adianta o professor, que também indica não manter estoques excessivos nesse período. Se tiver grande quantidade de produtos em estoque, considere se livrar deles, mesmo com baixa margem de lucro. O importante é fazer caixa.  4 - Gerencie as dívidas da empresa Considere tomar recursos com prazos longos e com carência, mesmo que apenas para reforço de caixa, e renegocie as dívidas atuais seja para alongamento, seja para obter carência de seis meses ou mais. Segundo Amado, uma boa estratégia é focar primeiro nos bancos “da casa”, usando linhas de crédito já aprovadas ou aproveitando o relacionamento para conseguir aprovação de limites mais rápida. Outra recomendação do especialista é fugir das contas garantidas (cheque especial), que são caras, curtas e instáveis. Por fim, recomenda-se agilidade ao abordar os bancos para aproveitar esta fase em que eles estão abertos à negociação. As taxas deverão subir daqui para frente e a inadimplência vai aumentar, levando-os a restringir o crédito. 5 - Controlar a saída de caixa  Se a sua empresa tem caixa, termine o que está em curso e pare por aí. Só faça investimentos no que for estritamente necessário. No caso de sua empresa já estar com caixa baixo, considere parar imediatamente os investimentos que estiver fazendo.
Orientações e troca de experiências
Precisando de ajuda para entender os efeitos da Covid-19 nos setores econômicos? Conte com a JValério FDC. Criamos a edição virtual do Comitê de Presidente e Dirigentes, com a participação de diretores, professores da Fundação Dom Cabral e especialistas convidados. Realizadas todas as quintas-feiras por videoconferência, as reuniões são um espaço para a troca de informações, compartilhamento de boas práticas e orientações técnicas sobre temas relevantes nesse período de pandemia. O próximo encontro (23/04) será sobre tributação em tempos de coronavírus, com o especialista Lucas Ribeiro. No dia 30 de abril vencerá a primeira parcela do imposto de renda das empresas e o regime de apuração de lucro pode ser determinante de prejuízo em 2020. O Programa Fórum Empresarial também ganhou versão online com dois encontros mensais de duas horas cada. Os temas foram especialmente pensados para atender a necessidade de conteúdo que o momento atual requer. A próxima edição acontece no dia 28 de abril, das 9h às 11h, com a participação do professor Heitor Coutinho. Vamos falar sobre estratégia ágil em tempos de incerteza.

Para saber mais, entre em contato pelo telefone (41) 99288-0587 ou contato@jvalerio.com.br

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