Segredo revelado: aprenda a minimizar conflitos em empresas familiares

09/04/2024
Segredo revelado: aprenda a minimizar conflitos em empresas familiares | JValério

As boas práticas de governança corporativa ajudam a evitar disputas internas e protegem o legado

Dizem por aí que misturar família e negócios é sinônimo de conflitos. Será mesmo? Aqui na JValério, nós acreditamos na força e representatividade deste tipo de empreendimento, responsável por mais de 90% das empresas brasileiras. Portanto, para nós, a mistura entre trabalho e laços afetivos é perfeitamente possível de acontecer e ser bem-sucedida. Porém, para tanto, existe uma “fórmula mágica” guardada a sete chaves por aqueles que conseguem chegar à terceira geração, fato considerado raro neste perfil empresarial (cerca de 30%). Certamente, você não caiu nessa, pois já sabe que o “segredo” das organizações administradas por pais e filhos e outros parentes praticamente se resume a duas palavras: governança corporativa e gestão.

O grande desafio, contudo, é adquirir o conhecimento necessário e, sobretudo, colocá-lo em prática. Na maioria das vezes, as tensões não são geradas intencionalmente, mas acabam se tornando um problema grave se não administradas. A depender da frequência, intensidade e complexidade conseguimos mensurar o quanto este cenário pode ou não ser prejudicial à tomada de decisões. Além disso, aspectos como a personalidade de cada indivíduo, os interesses em jogo e a estrutura organizacional exercem forte influência sobre as causas mais comuns que levam às brigas no ambiente corporativo.

Antes de chegar a níveis extremos e insolúveis, a exemplo do que ocorre na disputa de poder, o empresariado conta com uma espécie de manual que, os mais experientes, sabem que devem levar consigo ao longo de toda a jornada. Nele, estão uma série de boas práticas para que a trilha do caminho de pedras seja menos hostil. Ao deixar a resistência a processos formais de lado, incluindo o planejamento da sucessão, consegue-se preservar os valores ao mesmo tempo em que se aumenta a geração de valor - condutas diretamente ligadas para facilitar o acesso a crédito e, por consequência, contribuir para a longevidade. Afinal, o que foi criado para prosperar não precisa se tornar uma dor de cabeça por causa de desentendimentos.

Se você tem enfrentado este tipo de desafio, confira como as empresas de capital fechado agem para conciliar razão e emoção e quais estratégias utilizam para lidar com as questões que ultrapassam a esfera profissional.

Principais causas dos conflitos em empresas familiares

Entre as queixas mais comuns de quem faz parte de uma empresa familiar, estão episódios que vão desde a escolha de um dos herdeiros como sucessor em detrimento de outros que também almejavam o posto até disputas patrimoniais que precisam ser resolvidas judicialmente. No entanto, de acordo com uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), em parceria com a PwC - uma das maiores consultorias do mundo -, há três problemas centrais que, na ausência de governança, costumam ser fatais.

1. Brigas que provocam saída de sócios

Segundo a pesquisa do IBGC, conflitos familiares foram considerados o principal motivo para a saída de sócios (42%), à frente de razões como profissionalização da gestão (35%) e dificuldades financeiras (26%). Para prevenir conflitos, recomenda-se a elaboração de documentos para disciplinar os relacionamentos. Um deles é o acordo de sócios (previsto no artigo 118 da Lei das S.A 6.404/76), na qual estão listadas as questões de interesse dos sócios de forma objetiva. Outra providência que pode ajudar a integrar os membros da família e preservar os valores da empresa é o protocolo familiar, em que são definidos papéis e responsabilidades, direitos e obrigações, regras e sanções, que são válidos para todos aqueles que integram a família empresária.

2. Ausência de critérios claros na entrada e saída de membros

De todos os entrevistados, aproximadamente metade das empresas não têm regras para tratar da entrada e saída de familiares na empresa. Quando as têm, é mais comum que estabeleçam critérios para a entrada do que para a saída. Dessa forma, é importante estabelecer no acordo de acionistas regras para a saída dos descendentes. Essas regulamentações devem abranger a conduta de avaliação e o prazo de pagamento aos membros da família que tenham interesse em deixar de fazer parte do negócio.

3. Sucessão não planejada

Planos de sucessão, considerados vitais, não fazem parte da realidade de 44% das empresas pesquisadas. Quando se trata de cargos-chave, o índice é ainda menor. Apenas 30% da amostra identifica e desenvolve profissionais capazes de assumir cargos relevantes. Via de regra, estabelecer número de mandatos para rotação da presidência do conselho talvez seja a forma de fazer com que os planejamentos se tornem mais necessários e efetivos.

Profissionalizar a gestão é o segredo para minimizar conflitos

Caso tenha se identificado com algum dos conflitos listados acima, não se preocupe. Para que esses e demais entraves enfrentados pelas empresas familiares possam ser minimizados ou até mesmo extintos é que a governança corporativa (GC) foi criada. Apesar de cada elo trabalhar para ter suas ideias e pontos de vista ouvidos e respeitados, todos devem zelar pelas boas práticas que garantem não só a continuidade, como também a competitividade.

Os princípios básicos de GC permeiam, em maior ou menor grau, todas as práticas do Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa. Sua adequada adoção resulta em um clima de confiança tanto internamente quanto nas relações com terceiros. São eles:

  • Integridade: praticar e promover o contínuo aprimoramento da cultura ética na organização, evitando decisões sob a influência de conflitos de interesses, mantendo a coerência entre discurso e ação e preservando a lealdade e o cuidado com suas partes interessadas, com a sociedade em geral e com o meio ambiente;
  • Transparência: disponibilizar aos stakeholders informações verdadeiras, tempestivas, coerentes, claras e relevantes, sejam elas positivas ou negativas, e não apenas aquelas exigidas por leis ou regulamentos. Essas informações não devem restringir-se ao desempenho econômico-financeiro, contemplando também os fatores ambiental, social e de governança. A promoção da transparência favorece o desenvolvimento dos negócios e estimula um ambiente de confiança para o relacionamento de todos os envolvidos;
  • Equidade: tratar todos os sócios e demais de maneira justa, levando em consideração seus direitos, deveres, necessidades, interesses e expectativas, como indivíduos ou coletivamente. A equidade pressupõe uma abordagem diferenciada conforme as relações e demandas de cada parte interessada com a organização, motivada pelo senso de justiça, respeito, diversidade, inclusão, pluralismo e igualdade de direitos e oportunidades;
  • Responsabilização: desempenhar suas funções com diligência, independência e com vistas à geração de valor sustentável no longo prazo, assumindo a responsabilidade pelas consequências de seus atos e omissões. Além disso, prestar contas de sua atuação de modo claro, conciso, compreensível e tempestivo, cientes de que suas decisões podem não apenas responsabilizá-los individualmente, como impactar a organização, suas partes interessadas e o meio ambiente;
  • Sustentabilidade: zelar pela viabilidade econômico-financeira da organização, reduzir as externalidades negativas e aumentar as positivas das operações, levando em consideração, no seu modelo de negócios, os diversos capitais (financeiro, manufaturado, intelectual, humano, social, natural, reputacional) no curto, médio e longo prazos. Nessa perspectiva, compreender que as organizações atuam em uma relação de interdependência com os ecossistemas social, econômico e ambiental, fortalecendo seu protagonismo e suas responsabilidades perante a sociedade.

Não deixe os conflitos surgirem para tomar providências a fim de evitá-los. Blinde-se com um modelo robusto de gestão no qual a formação de executivos e equipes de alta performance são prioridade. Aliás, no Parceiros para a Excelência, mais conhecido como PAEX, os participantes - membros ou funcionários de empresas familiares de médio porte - encontram suporte para planejar os próximos passos e conquistar um crescimento sustentável.

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