Quando o paternalismo pode atrapalhar uma empresa familiar?
04/11/2015
As ações dos presidentes e gestores dentro de uma empresa familiar podem dizer muito sobre como serão conduzidos os negócios. Dentro de uma série de fatores que podem alterar o destino da empresa está o paternalismo.
Para Eduardo Valério, Diretor-Presidente da JValério, especializada em empresas familiares, o paternalismo pode sim atrapalhar qualquer empresa familiar. "Esta prática deve ser totalmente eliminada da gestão das empresas. Obviamente está ligada ao ser humano, mas através de mecanismos meritocráticos esta característica pode ser suavizada" explica Eduardo Valério.
Para o especialista, é preciso separar paternalismo (sensação de proteção com todos os funcionários) com paternidade (laços de sangue). Quando há paternalismo dentro da empresa, as chances da meritocracia podem estar em perigo. "Além da meritocracia ficar comprometida, o resultado geral da empresa padecerá, é claro, da mensagem dada pela empresa de que profissionalismo está cada vez mais longe. Portanto esta empresa estará condenada a mediocridade afastando bons profissionais, investidores, etc."
No momento da sucessão
O paternalismo não deveria interferir na decisão de quem vai assumir a empresa familiar. E essa regra - a que prima pela meritocracia - é respeitada nas empresas familiares brasileiras.
"Felizmente a maioria dos empresários já obteve o entendimento de que na empresa há apenas espaço para profissionalismo com base em um conjunto de competências atreladas à estratégia. Há a separação destes temas (sucessão com base nas questões essenciais para a empresa X familiares na empresa). Entretanto, há ainda casos onde existe a relutância dos fundadores e familiares em aceitar a necessidade da separação completa destas questões.
Na gestão do dia a dia
Falando do cotidiano, o paternalismo demasiado pode atrapalhar a gestão de uma empresa familiar drasticamente como ilustra Eduardo Valério:
"Imagine a situação onde determinado diretor da empresa não está entregando os devidos resultados anteriormente contratados. Nos casos onde o profissional é 'apenas' profissional de mercado ele será demitido e no seu lugar outro profissional assumirá o desafio, pois os objetivos empresariais deverão ser atingidos. Agora, se este profissional é filho do acionista ou até mesmo alguém por ele protegido, como fica esta questão? Uma coisa é certa: A empresa perderá".
Mas quais são os problemas de um paternalismo exagerado? Fim da meritocracia? Sucessor medíocre? Eduardo Valério, explica: "Sem dúvida estes são problemas comuns. Certamente não há ganhador nesta questão pois empresa, acionistas/sócios e o próprio profissional sairão perdendo e terão o seu futuro comprometido".
Foto: Pamula133/Pixabay
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