Qual é a receita de sucesso das empresas familiares?

22/12/2022
Qual é a receita de sucesso das empresas familiares? | JValério

Legado, resiliência e propósito são alguns dos principais ingredientes para organizações lucrativas e duradouras

Um conjunto crescente de evidências indica que as operações familiares superam as não familiares em todos os setores do mundo a longo prazo e especialmente em tempos de recessão. Segundo reportagem da revista Forbes, essa descoberta foi refletida nos relatórios do Credit Suisse Research desde 2006, bem como em pesquisas realizadas pela McKinsey e pelo Boston Consulting Group.

No Brasil, há empresas familiares de todos os portes, responsáveis por 41% do total de 27 milhões de empregos formais e 20% do PIB. Segundo dados do SEBRAE (2012), no Brasil, de cada 100 empresas familiares, somente 30% chegam à segunda geração e 5% à terceira. Aquelas que persistem, muitas vezes veem seu valor diminuir significativamente como resultado de processos sucessórios mal geridos. As empresas familiares mais bem-sucedidas são aquelas que conseguem manter o equilíbrio entre a gestão profissional, a propriedade responsável e uma dinâmica familiar saudável.

A importância do legado

O propósito, os princípios e os valores são os alicerces que sustentam as famílias empresárias. São eles que norteiam o legado deixado pelos fundadores e pela geração que está no comando do negócio. É com base neste legado que as lideranças conseguem projetar o crescimento das empresas. Por isso, perpetuá-lo é uma questão essencial para a longevidade das empresas familiares.

“Quando falamos em legado estamos nos referindo à conexão das futuras gerações com as tradições, marcos, histórias pessoais, crenças e princípios implementados pelos fundadores. O legado representa ativos tangíveis e intangíveis: os valores financeiro, social e emocional que a família acumulou. Tudo isso irá refletir no propósito da empresa que será delineada pelos novos gestores no momento da transição familiar. E mesmo que os fundadores busquem no mercado um executivo para comandar a empresa é importante que esse gestor esteja sintonizado com o legado da família, que é único, e que elevou a organização até aquele patamar”, explica Clodoaldo Oliveira, diretor executivo da JValério Gestão e Desenvolvimento.

O legado deve ser observado como uma forma de aprender com o passado. Quando os herdeiros, acionistas, conselheiros, executivos e demais colaboradores conhecem a história, os desafios enfrentados pelos fundadores para que aquela empresa chegasse até aqui, eles passam a respeitar as conquistas e se espelhar nos antigos líderes para criarem melhorias contínuas para o negócio. “O legado também fortalece a conexão emocional entre a família e a empresa”, salienta Oliveira.

Resiliência para enfrentar mudanças

As empresas familiares desempenham um papel importante no cenário global e costumam superar os seus pares porque focam na resiliência, e não em resultados de curto prazo. Durante os booms econômicos, essa abordagem os leva a abrir mão de algumas oportunidades, mas os coloca em uma posição de força durante as recessões, que é quando costumam mostrar os seus melhores resultados. 

Segundo a Deloitte, existem características intrínsecas às famílias empresárias que as posicionam para o crescimento. A primeira delas é o propósito. Empresas que querem construir uma boa reputação precisam se engajar com seu público alvo e com a comunidade onde estão inseridas. Além do lucro, negócios bem-sucedidos são aqueles que conseguem se conectar com o cliente. E é aí que está a definição do propósito: é ele que deve nortear o planejamento.

A boa governança também é fundamental, pois as empresas familiares precisam balancear dois pesos: a evolução do negócio e os anseios do grupo familiar. Esse é um dos maiores desafios das famílias empresárias. Para que não haja um conflito de interesses capaz de ameaçar a organização, é necessário investir em um sistema de gestão robusto.

O planejamento também contribui para a resiliência das organizações. Para que sejam relevantes, as empresas familiares precisam pensar além do planejamento estratégico, que prevê ações a curto prazo. Além de pensarem em estratégias para se recuperar da crise, não podem perder de vista as projeções para a próxima década e o posicionamento que desejam alcançar até lá.

Propósito para garantir longevidade

As empresas familiares são organizações singularmente complexas, com uma ampla gama de partes interessadas e inter-relacionadas. Sem um propósito bem definido, uma empresa familiar corre o risco de puxar para direções diferentes e causar conflitos dentro da família ou entre a família e a empresa.

Um senso de propósito além do lucro vale para qualquer organização e não apenas para as empresas familiares. São os compradores que sustentam o negócio.  Mas para sobreviver as marcas precisam de clientes fidelizados e que se tornem seus fãs. Esse não é um processo natural. “Essa é uma preocupação que deve ser maior que o lucro em si. As organizações precisam ser impulsionadas principalmente para contribuir e retribuir para a sociedade e tornaram-se ambientalmente sustentáveis”, descreve Clodoaldo Oliveira.

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