Em tempos de crise e de volatilidade, organizações precisam reagir rapidamente às mudanças para atender anseios do mercado e conquistar o coração do público para que sejam longevas
Mudar para se adaptar a novos cenários econômicos ou períodos de crise fazem parte da rotina de gestores. No entanto, a natureza da mudança, em si, mudou. A volatilidade e a complexidade do mercado num mundo hiperconectado fizeram as lideranças acelerarem as transformações, especialmente nos últimos três anos. E como as empresas familiares reagiram às turbulências?
Para Clodoaldo Oliveira, diretor executivo da JValério Gestão e Desenvolvimento, as famílias empresárias possuem características intrínsecas e inerentes à própria natureza do negócio e que podem causar um impacto negativo em tempos de mudanças abruptas, se não forem bem administradas. “Uma delas é misturar a emoção com a razão na hora da tomada de decisões. Os fundadores nutrem um sentimento de filho pela empresa e, em determinados momentos, precisam ser mais racionais e não se deixar levar somente pela relação de afeto para que as tomadas de decisões sejam assertivas. Antes de tudo é necessário ter um planejamento estratégico e um modelo de negócios robusto”, afirma.
E, na opinião de Clodoaldo, para que as empresas familiares consigam sair da encruzilhada em tempos de crise, é preciso investir em três elementos: processo sucessório, profissionalização da gestão e estabelecer um propósito que vá além do lucro.
“Planejar a passagem do bastão, com uma estratégia consistente e com o objetivo de passar a gestão para a próxima geração é o primeiro passo para assegurar a longevidade do negócio”, argumenta Clodoaldo Oliveira.
E neste processo, ele acrescenta que é necessário que as lideranças e herdeiros compreendam seus papeis. “O planejamento sucessório deve conter um detalhamento dos aspectos que precisam ser trabalhados e aprimorados pelos novos comandantes do negócio para que eles tenham potencial para liderar rumo ao crescimento”.
E se os fundadores não vislumbrarem no time de herdeiros alguém com competência para assumir a gestão, o melhor caminho é buscar alguém no mercado que esteja preparado ou consultores que podem fazer a preparação dos filhos do dono. Aliás, nas famílias empresárias, o progresso da organização se confunde com a ascensão dos próprios filhos. No entanto, nem sempre os herdeiros diretos são os mais capacitados e indicados para assumir o comando. E essa consciência deve fazer parte de todos os envolvidos no processo.
Além disso, quanto antes iniciar o planejamento da sucessão, melhor. “É de extrema importância que os integrantes de uma empresa familiar se preparem ao longo da vida para o processo sucessório. Não dá para deixar essa questão para o último momento, quando o gestor do negócio está em vias de faltar. Na maioria dos casos, o despreparo é o início do fim da empresa”, comenta Dalton Sardenberg, professor da Fundação Dom Cabral.
Basta lembrar que estudos apontam que 70% das empresas fecham as portas após a morte do fundador e somente 5% delas chegam à terceira geração. Daí a importância de levar a sério o aconselhamento de Sardenberg.
Resiliência e capacidade de inovar mesmo diante de um cenário disruptivo são características fundamentais para as lideranças em tempo de mudanças abruptas. No entanto, apenas esse perfil não basta, na visão de Clodoaldo Oliveira.
“Os gestores precisam estar preparados para resolver os problemas do presente, do curto prazo, mas sem esquecer de projetar as ambições para o futuro, para os próximos dez anos. Equilibrar o planejamento para ações de impacto no curto, médio e longo prazo é o que chamamos de planejamento ambidestro”, pontua o diretor executivo da JValério.
A retenção de talentos e tomadas de decisões assertivas também fazem parte de um modelo de gestão robusto e bem-sucedido. Mas, para alcançá-los, em alguns momentos, será necessário primar para uma gestão profissional.
“Critérios como o laço familiar e a confiança nos membros da família são questões ultrapassadas, que não combinam com o cenário volátil e complexo que estamos vivendo. E ajustar esse mindset é uma questão de sobrevivência para as famílias empresárias. As lideranças precisam ter consciência do que precisa ser desenvolvido nos gestores. E não há mal nenhum em buscar a preparação para que membros da família tenham condição de assumir o negócio. Ajustar técnicas e habilidades comportamentais, chamadas softskills, é necessário para que a organização permaneça competitiva. Mas o mais desafiador, na minha opinião, é sensibilizar as lideranças para que elas compreendam que o mundo mudou e que o ambiente de negócios não é o mesmo. Os fundadores têm grande mérito pela construção da empresa e por ela ter chegado até aqui, mas precisam estar atentos a novas metodologias de gestão para que a organização continue próspera. É isso que garantirá sua perenidade”, alerta Oliveira.
Na atualidade, ter um senso de propósito além do lucro vale para qualquer organização e não apenas para as empresas familiares. São os compradores que sustentam o negócio. Mas para sobreviver as marcas precisam de clientes fidelizados e que se tornem seus fãs. Esse não é um processo natural. Várias estratégias devem ser empregadas para engajar o público, gerar identificação e encantamento. Com o advento das redes sociais, o marketing se tornou mais humano: as plataformas digitais democratizaram a informação e hoje as pessoas expressam sua opinião com facilidade e o alcance é alto. Os consumidores são protagonistas e podem elevar o valor de uma marca ou levá-la à ruína.
E tudo isso que acabamos de dizer está relacionado ao propósito: o motivo de uma empresa se orgulhar da sua própria existência, ou seja, como ela faz a diferença no mundo. “Essa é uma preocupação que deve ser maior que o lucro em si. As organizações precisam ser impulsionadas principalmente para contribuir e retribuir para a sociedade e tornaram-se ambientalmente sustentáveis”, descreve Clodoaldo Oliveira.
Para ele, as famílias empresárias precisam percorrer ainda um longo caminho sobre questões como a implementação da ESG (enviromental, social, governance) que impactam diretamente no propósito de um negócio. “Esse tema ainda não está na agenda das famílias empresárias, mas as lideranças precisam compreender que a uma visão de longo prazo, a preocupação em perpetuar o legado e devolver algo para a comunidade podem garantir a longevidade da empresa. A ESG entrou muito forte com a pandemia e as organizações familiares não sabem como devem incorporá-la para que possam se desenvolver em sintonia com o mercado”, aponta Oliveira.
Outra questão que os fundadores e herdeiros precisam compreender é que não é preciso ser um líder nato para se destacar em postos de comando. A liderança é um conjunto de valores e ações que pode ser desenvolvida em cursos de formação continuada, que priorizam o desenvolvimento pessoal, além de conhecimentos técnicos sobre gestão, por exemplo.
E uma das expertises da Fundação Dom Cabral (FDC) e da JValério é justamente aprimorar as habilidades de gestores para que eles sejam mais assertivos, aprendam a delegar e tomar decisões que mantenham a corporação alinhada com seu propósito.
Uma dessas soluções é o Parceiros para Excelência - PAEX: um programa para empresas familiares de médio porte que buscam um modelo robusto de gestão, com a formação de executivos e equipes de alta performance, elevando os resultados de curto, médio e longo prazos. O PAEX foi desenvolvido para ajudar a potencializar e conquistar a longevidade para esses negócios.
A solução é recomendada para gestores que buscam um diagnóstico completo do seu negócio aproveitando o know-how dos maiores especialistas do mercado. Mesmo que o faturamento do seu negócio esteja crescendo ou que as condições estejam favoráveis, o programa vai ajudá-lo a planejar os próximos passos e a conquistar um crescimento sustentável.
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