04/11/2014
Estudo é inédito no estado e demorou um ano para ser concluído.
Setor de energia é responsável pela geração de 45,63% das emissões.
O
Paraná é um dos estados brasileiros que menos emite gases que agravam o efeito estufa, segundo um inventário apresentado pelo governo estadual nesta segunda-feira (3). O estudo, que avalia a quantidade de gases de efeito estufa que os principais setores da economia emitem na atmosfera, é inédito no estado e foi comparado com outros seis estados brasileiros. Foram avaliados os setores de energia, agricultura, floresta e outros usos do solo. Entre eles os processos industriais, usos de produtos, resíduos e saneamento.
O inventário foi feito entre 2005 e 2012 e demorou um ano para ser concluído. Os dados apontam que foram liberados 444 milhões de toneladas gás carbônico no período no Paraná. O índice representa a emissão de 4,99 toneladas por habitante a cada ano. O cenário nacional é de 12 toneladas por habitante. Se comparado com o Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Espirito Santo e Rio Grande do Sul, que já apresentaram seus levantamentos, o Paraná é proporcionalmente o que menos polui.
Os gases de efeito estufa absorvem parte da radiação infra-vermelha emitida pela superfície terrestre, mantendo a Terra aquecida. O efeito estufa é um fenômeno natural que acontece desde a formação da Terra e é necessário para a manutenção da vida. Sem ele, a temperatura média seria 33 º C mais baixa. No entanto, o aumento dos gases estufa na atmosfera e a redução das florestas têm potencializado esse fenômeno natural causando mudanças climáticas drásticas.
A elaboração do estudo seguiu as características e diretrizes do Ministério da Ciência e Tecnologia. De acordo com o governo, foram investidos R$ 850 mil na contratação da empresa vencedora do edital de licitação.
O que preocupa
O setor de energia é responsável pela geração de 45,63% do total de emissões do Paraná, com 206 milhões de toneladas de gases emitidos no período avaliado. Neste setor estão incluídas emissões devido à produção, transformação, distribuição e ao consumo de energia incluindo o uso de combustíveis fósseis, como óleo diesel e gasolina.
As emissões do setor de agricultura, florestas e outros usos do solo aparecem em segundo lugar no levantamento com 41,63%, totalizando 178 milhões de toneladas produzidos em oito anos. Neste setor, estão incluídas as emissões resultantes de variações de estoque de carbono em biomassa e produtos derivados de madeira, matéria orgânica morta e solos minerais em terras manejadas, queima de resíduos agrícolas, calagem em solos manejados, cultivo de arroz, fermentação entérica de rebanhos animais e emissões de sistemas de tratamento de dejetos de animais.
Em terceiro lugar, o setor que mais emite gases é o de processos industriais e uso de produtos, com 37 milhões de toneladas, equivalente a 8,18% das emissões do estado. Este setor foi dividido nas categorias de processos resultantes da indústria mineral, indústria química, indústria de produção de metais, uso não energético de produtos derivados de petróleo, indústria de eletrônicos, uso e manufatura de outros produtos e uso de substâncias que contribuem para aumentar o buraco da camada de ozônio na atmosfera, entre elas, estão os hidrofluorocarbonos.
Em último, com 22 milhões de toneladas de gases gerados, está o setor de resíduos e saneamento. A variação foi de 29% e as emissões representam 4,93% do total das emissões do estado. Foram avaliadas as atividades como tratamento final de resíduos, tratamento biológico de resíduos sólidos, incineração e queima a céu aberto de resíduos, tratamento de esgoto e descarte de efluentes industriais e domésticos, serviços de saúde, entre outros.
O que muda
Ao G1, o secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Antônio Caetano de Paula Júnior, explicou que os índices levantados são importantes para estipular metas e ações concretas para reduzir as emissões de gases no Paraná. "Agora nós temos uma certeza de quais políticas públicas devem ser praticadas no Paraná. Nós descobrimos que o perfil paranaense é muito semelhante ao dos europeus quando se diz que a maior parte da emissão de gases se dá através do setor de energia, ao contrário do resto do Brasil, por exemplo, que tem a agricultura como setor que mais emite gases poluentes", explica o secretário.
Diante disso, uma das concentrações, segundo ele, será em uma mudança dos eixos estruturais em relação ao transporte. "Uma delas é o incentivo às ferrovias na tentativa de diminuir a força do transporte rodoviário em especial para o Porto de Paranaguá", acrescentou.
Outro projeto que deve ter prioridade, destaca o secretário, é um programa de mobilidade urbana sustentável com o incentivo ao uso da bicicleta. "A ideia é criar condições amigáveis na cidade para o uso da bicicleta como um transporte individual". Antônio também destacou a importância do processo de reflorestamento ambiental no estado.
Também há preocupação com relação a possibilidade de escassez d'água no estado, como já ocorre em São Paulo. "A gente já sabe que quando maior o calor, maior será a evaporação da água. Então, essas mudanças climáticas também tem um impacto direto na água. A prioridade é manter as florestas em pé nas nascentes dos rios", finaliza o secretário.
Adriana Justi
Do G1 PR