Oligarquia na saúde: como pequenos negócios podem competir com grandes empresas?

11/05/2021
Oligarquia na saúde: como pequenos negócios podem competir com grandes empresas? | JValério
Evento online, da FDC em parceria com a JValério Gestão e Desenvolvimento, traz essa discussão à tona e aponta estratégias para pequenas empresas driblarem o fenômeno das fusões e aquisições que mudou mercado de assistência médica O setor de saúde privada no Brasil está se concentrando nas mãos de poucos. Grandes empresas capitalizadas por recentes operações no mercado de capitais estão comprando as organizações de menor porte e com potencial de crescimento. Recentemente, as duas maiores operadoras de planos de saúde do Brasil, Hapvida e Grupo NotreDame Intermédica (GNDI), firmaram um acordo de fusão. Juntas, formam uma carteira de 13,6 milhões de usuários e se tornaram uma das maiores operadoras de saúde verticalizadas do mundo. O modelo verticalizado de gestão, que oferece assistência médica numa rede própria, contribui com a sustentabilidade e com o crescimento das empresas de saúde, tornando-as mais competitivas. Hapvida e Grupo NotreDame Intermédica (GNDI), por exemplo, têm essa característica em comum e que foi determinante no processo de fusão. Ambas seguem esse sistema de autogestão no qual a própria empresa assume a administração dos serviços oferecidos e cria planos de saúde exclusivos que atendem diferentes perfis e as necessidades específicas de uma determinada população assistida. Esse fenômeno de fusões e aquisições é uma tendência, de acordo com o professor da Fundação Dom Cabral (FDC), Guilherme Netto Lycarião. “É um movimento que aconteceu em todo o Brasil nos últimos dois anos. O mercado de saúde está sendo redistribuído por grandes operadoras, que trabalham no formato de gestão verticalizada. Para elas isso representa sustentabilidade”, afirma. E qual o impacto dessa nova realidade para as pequenas empresas do setor? “As novas competências dos gestores da saúde em um mundo de mudanças” é o tema de evento online promovido pela FDC, nesta quarta, dia 12 de maio, com o objetivo de orientar os executivos de negócios de pequeno porte do setor a responder essa pergunta. A palestra será aberta ao público, às 18h, no canal do Youtube da Fundação Dom Cabral.

Adaptação

“Percebemos que as organizações que seguiam modelos tradicionais, conservadores, tiveram que se adaptar. Hoje a saúde ganhou um dinamismo que até hoje não era visto. As leis de mercado não influenciavam muito neste setor. Alguns estudiosos chamam esse cenário de ‘era da oligarquia na saúde’, que está tirando as empresas do segmento de uma zona de conforto. Essa mudança requer novas competências dos gestores e dos colaboradores que estão na gestão”, diz Lycarião. A pandemia da Covid-19 acelerou diversas transformações na sociedade, que já estavam em curso, como a transformação digital. Ela chegou com rapidez inclusive ao setor da saúde. Essa é uma das competências que os executivos precisam desenvolver, na opinião do professor da FDC. “A transformação digital é uma metodologia que desse ser usada. Isso vai requerer habilidades e atitudes novas, principalmente para gestores que eram analógicos”, avalia Guilherme Lycarião. Na visão dele, nas empresas familiares, por exemplo, os comandantes terão que confiar nas próximas gerações e diminuir os conflitos na hora de implementar as mudanças. “A transformação digital precisa vir à tona. O mundo não vai parar e todas essas mudanças serão feitas sem transição. A cultura organizacional está sendo alterada numa curva exponencial e não mais escalonada”, reflete.

Novo mindset

Isso significa que a revisão dos processos, para atender novas necessidades e demandas, implica numa mudança de mentalidade de todos os atores da cadeia de saúde, chegando nos médicos, na opinião de Clodolado Oliveira, diretor executivo da JValério Gestão e Desenvolvimento. “Esse profissional é um tecnicista, que não foi preparado para planejar. E pela própria natureza da profissão, está enraizado nas antigas operações. É um desenho natural”, afirma. Oliveira ressalta que a tecnologia dá um suporte para tornar todas essas mudanças mais ágeis. Nesse sentido, a transformação digital envolve soluções como prontuário eletrônico, telessaúde, inteligência artificial e adição de indicadores. “São os dados que permitem novos insights e a análise de indicadores é muito importante na tomada de decisões e na efetividade desenvolvida pelo profissional da saúde. A customização também está no pacote da transformação digital e o desenvolvimento de ações e produtos personalizados envolve até os fornecedores”.

Oportunidade

Novas empresas prestadoras de serviços de saúde digital surgiram impulsionadas por essas transformações e se tornaram ainda mais necessárias com a pandemia. A AgileCare é uma delas e oferece uma gama de produtos que abrangem soluções digitais, telemedicina, serviços de atenção primária e promoção de saúde nas operadoras, hospitais, clínicas e empresas interessadas em investir na saúde corporativa, entre outros. Para Cintia Dilay, uma das fundadoras da AgileCare, a Covid-19 abriu os caminhos para a transformação digital. “Estamos ingressando num mundo mais digitalizado do que nunca, em todas as esferas da vida. O entretenimento será diferente, a forma de nos comunicar será diferente. E a qualidade na saúde será ainda mais valorizada. A pandemia promoveu uma mudança de conceitos e quebrou paradigmas. A consulta digital, por exemplo, pode reduzir as visitas a um hospital, um ambiente que favorece contágios. O Coronavírus despertou essa consciência e a telemedicina se tornou uma conveniência. No entanto, dentro das organizações, todas essas transformações exigem uma mudança de cultura, que não acontece da noite para o dia. Muitas delas, principalmente de pequeno porte, não têm condição de fazer um aporte tecnológico e não tem expertise para implementar tantas ferramentas. Daí a importância de se cercar de parceiros comerciais capazes de se encarregar de promover a digitalização num nível bem alto”, destaca Cintia. E essa é a proposta da AgileCare, que aposta em diversas tecnologias e, inclusive, na robotização para melhorar a performance dos negócios de saúde. A empresa que implementa processos de transformação digital agora conta com o Robios, uma máquina que interage com seres humanos, integra softwares e é programada e transmitida pela nuvem. O robô está habilitado, também para fazer triagem e passar visitas nos hospitais e ainda percorrer os chãos de fábrica para melhorar o engajamento nos programas de promoção de saúde. Nesse contexto, podemos concluir que a telemedicina é um dos passos para as empresas ingressarem na transformação digital. Ainda há muito para ser feito para que os pequenos negócios sejam capazes de impressionar e conquistar os clientes, competindo de igual para igual com os grandes.  
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