Diversos estudos vem sendo publicados nos últimos anos em prol da inovação. São livros escritos por professores em Stanford, MIT, Berkeley e Harvard. Ao mesmo tempo, relatórios executivos tem sido apresentados ao meio empresarial brasileiro, em busca de estímulos pela inovação, destacando-se os ótimos trabalhos da CNI (Confederação Nacional das Indústrias), ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), CGEE (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos), Ministério de Ciência e Tecnologia entre outros. Neste mesmo movimento, o núcleo de inovação e empreendedorismo da Fundação Dom Cabral (FDC) encontra-se, através das agendas dos Centros de Referência em Inovação, inúmeras pesquisas realizadas com empresas e universidades.
Mais do que o avanço tecnológico, seria amplamente necessário para as empresas brasileiras criarem uma ambiência adequada para a inovação. Antes mesmo do debate quanto a vinculação deste tema ao planejamento estratégico, a cultura pela inovação deveria ser realmente estimulada. Além de programas de formação, o ambiente para a geração espontânea de ideias, sem grandes formalismos processuais e equipes engajadas em práticas de gestão, sem medo de errar e com amplo sistema de incentivos seria algo bem vindo. As evidências dos estudos conduzidos na FDC indicam que ainda existe um grande distanciamento entre o que é declarado como inovação e a prática do dia a dia. Grande parte das dificuldades encontra-se centrada nos modelos de gestão ainda muito industriais e pessoas não preparadas, independente do tamanho da empresa.
Vencida a barreira da cultura, o ideal seria o pleno entendimento pelos presidentes e conselheiros brasileiros sobre a real importância em pensar o presente, mas fundamentado no futuro. Dados do recente relatório “Panorama da Inovação”, produzido também pela FDC, sugerem que somente 4% dos conselheiros pesquisados tem na sua agenda temas de futuro. A visão predominante associa-se as práticas do presente e modelos direcionados ao resultado financeiro. Esta agenda é minimalista, pois é mais do que claro o quanto diversas startups tem surgido no mercado mundial, tornando-se empresas com escala e derrubando mitos empresariais. Nunca antes nos ciclos econômicos de crescimento, tantas empresas de base tecnológica criaram disrupções e provocaram mudanças radicais no mercado.
Após as etapas relacionadas a cultura e estratégia, a inovação deve ser algo gerido. Diversos estudos acadêmicos de prestígio vem demonstrando que a adoção de processos e projetos de inovação são relevantes para as empresas prosperarem com o tema. No entanto, os métodos devem ser questionados. Ao invés da tradicional análise de mercado pela matriz SWOT, as evidências indicam o caminho por estudos de mercado, sempre com a presença de clientes. O também tradicional modelo de indicadores de desempenho deveria ser vinculado as métricas de inovação e finalmente, práticas associadas ao retorno sobre o investimento poderiam ser combinadas com modelos de investimentos e opções reais para projetos de inovação de longo prazo.
O resultado destas sugestões poderia ser traduzido em um profundo repensar dos modelos de negócios atuais e equipes envolvidas. Basicamente, percebe-se que estamos em pleno século 21, com modelos de negócio do século 20 e mentes do século 19. O papel da inovação seria o desenvolvimento de agendas de futuro, em busca do avanço empresarial e da sociedade. Para tanto, não basta para as grandes empresas comprarem startups com potencial espetacular de crescimento, apesar de todo o modismo vinculado ao empreendedorismo. É preciso mudar as mentes dos empresários, contendo estas menos temas como finanças e qualidade total e mais gestão do conhecimento e inovação. Este deveria ser o manifesto diário das empresas, em busca de ganhos de produtividade no longo prazo e ações concretas pelo desenvolvimento.
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