Observar o que motivou os fundadores a criarem o negócio pode inspirar futuras gerações a continuarem escrevendo essa história
O propósito, os princípios e os valores são os alicerces que sustentam as famílias empresárias. São eles que norteiam o legado deixado pelos fundadores e pela geração que está no comando do negócio. É com base neste legado que as lideranças conseguem projetar o crescimento das empresas. Por isso, perpetuá-lo é uma questão essencial para a longevidade das empresas familiares.
Clodoaldo de Oliveira, diretor executivo da JValério Gestão e Desenvolvimento, salienta a importância do binômio “família-legado” nas famílias empresárias que desejam contribuir com a sustentabilidade do negócio ao longo das gerações. “O legado é a marca, o ensinamento deixado pelos antepassados na criação e condução do negócio. E todos esses atributos devem reconhecidos e respeitados pelos herdeiros”, depõem.
Oliveira acrescenta que todas as organizações inspiram a sociedade de alguma maneira e cabe a cada uma delas definir qual será seu tipo de contribuição. Na visão dele, as empresas que apresentam um legado claro e objetivo são mais valorizadas e atrativas para os clientes, pois eles buscam, cada vez mais, se relacionar comercialmente com empresas que demonstram crenças, valores e um próprio sólido, com a qual possuem uma afinidade.
“Nesse sentido, o legado se torna um diferencial, que torna uma empresa familiar única diante da concorrência. Podem imitar seu produto, mas não podem copiar a história escrita pelos fundadores do negócio. Além disso, o legado não é algo que se constrói do dia para a noite: diz respeito às realizações acumuladas pelas gerações que estiveram à frente do negócio. Compartilhar e manter tradições, marcos, histórias pessoais, crenças e princípios são formas de perpetuar o legado dos fundadores. O legado é essa ponte, que conecta o passado e o futuro”, afirma.
Todo esse legado precisa ser preservado porque será o “farol” para os gestores. “Sobretudo em empresas familiares comandas por um CEO que não é um membro da família, a clareza do propósito, dos princípios e dos valores irão dar suporte na tomada de decisões. Por isso, num processo sucessório, o legado deve estar na pauta de forma majoritária”, pontua Clodoaldo Oliveira.
As famílias empresárias costumam se envolver com as comunidades onde estão inseridas. E essa atividade filantrópica, que materializa a conexão da marca com a população local, faz parte do legado.
A pandemia mostrou o poder da empatia na construção da reputação e imagem de um negócio. E, daqui para a frente, projetos sociais relacionados a sustentabilidade e pessoas (comunidade) devem constar no planejamento estratégico das organizações porque interferem na decisão de compra - principalmente dos consumidores mais jovens.
“Propor iniciativas sociais de longo prazo reflete os valores e o propósito da família e tais projetos devem ser preservados pelos herdeiros, no futuro. Criar e manter uma tradição relevante é importante têm um significado especial. A atitude e reflexo do caráter de todos os envolvidos e do que desejam transmitir às gerações futuras, dentro e fora do muro das organizações”, destaca Clodoaldo.
O legado deve ser observado como uma forma de aprender com o passado. Quando os herdeiros, acionistas, Conselheiros, executivos e demais colaboradores conhecem a histórias, os desafios enfrentados pelos fundadores para que aquela empresa chegasse até aqui, eles passam a respeitar as conquistas e se espelhar nos antigos líderes para criarem melhorias contínuas para o negócio. O legado também fortalece a conexão emocional entre a família e a empresa”, salienta Clodoaldo Oliveira.
O PDA - Parceria para o Desenvolvimento de Acionistas e da Família Empresária, promovido pela JValério, com a chancela da Fundação Dom Cabral, trata da formação e preparação de sucessores, do conflito de transição entre gerações, dos acordos societários e da pulverização do patrimônio. Um dos assuntos abordados pela solução é a importância do legado para a continuidade dos negócios.
O objetivo do PDA é contribuir para o desenvolvimento de empresas familiares, auxiliando seus membros na criação de um ambiente favorável à discussão e à construção de uma gestão robusta e profissionalizada, garantindo a longevidade do negócio e preservando as relações familiares.