Inovação, e-commerce, Metaverso e criptomoedas devem estar na pauta das organizações

29/03/2022
Inovação, e-commerce, Metaverso e criptomoedas devem estar na pauta das organizações | JValério

Pandemia obrigou empresas a aderirem à transformação digital para driblar os efeitos colaterais do Coronavírus na economia, mas país ainda precisa evoluir quando o assunto é a tecnologia 

Inovar é criar algo novo ou recriar processos para melhorar a produtividade ou a lucratividade, por exemplo. Não é à toa que um dos grandes pensadores da inovação, o economista Joseph Schumpeter, dizia que a inovação é o motor do crescimento econômico. E, num mundo de mudanças constantes e abruptas, inovar é um processo constante e sinônimo de sobrevivência num mercado de concorrência acirrada. Esse foi o tema do bate papo entre Clodoaldo Oliveira, diretor executivo da JValério Gestão e Desenvolvimento e de Marcio Viana, CEO da TOTV’s Curitiba. 

Viana acredita que, no Brasil, a inovação ainda é permeada por diversos paradigmas e utiliza uma analogia que representa o comportamento dos gestores e empreendedores nesse quesito. “É como um cachorro que sai correndo atrás do carro e na hora que o veículo para, o animal não sabe o que fazer. Vamos inovar? Como fazemos? A inovação é mais simples do que muitos imaginam”, aponta o CEO. 

Ele acrescenta que há dois tipos de inovação: a disruptiva, que é aquela que muda o rumo da empresa; e a inovação incremental, na qual a mudança está no processo, quando há necessidade de melhorar alguma coisa ou a forma de atuar para adquirir um cliente ou lidar com ele. “Muitas vezes, a inovação não vai custar nada. Ao contrário: Você poderá economizar dinheiro ou ganhar produtividade”, explica.

O líder é o catalisador da inovação 

Na opinião de Marcio Viana a inovação está nas pessoas e o líder é o grande incentivador das mudanças. “O papel do líder é estimular e acreditar no time. E, para isso, é fundamental uma cultura de tolerância ao erro. São poucos casos em que se acerta na mosca de primeira. Precisamos gerar essa cultura: sua equipe pode errar tentando acertar. Normalmente, o time de baixo, que opera máquinas, sabe onde dói e o que precisa ser feito, mas precisa de estímulo. Essa talvez seja a grande diferença entre um robô e o humano. Os gestores ficam preocupados: vou robotizar. Mas só é possível robotizar o que é padronizado, repetido. A inovação necessita do ser humano. Não é o robô que irá trazer a solução”, salienta o CEO da TOTV’s Curitiba. 

Inovação e Tecnologia

É impossível desvincular a inovação da tecnologia, que se transforma o tempo todo e fica obsoleta num prazo de cinco anos, de acordo com Clodoaldo de Oliveira. Segundo ele, estamos num momento em que a digitalização é uma questão de sustentabilidade e, principalmente, de longevidade de um negócio. “Nesse processo, a tecnologia deve trazer melhorias para o cliente final: daí a importância de colocá-lo no foco da estratégia”, diz. 

Sobre essa questão, Viana comenta: “não conheço negócio que cresça sem venda. E se você não atende a expectativa desse cliente, tende ao fracasso. Hoje, falamos muito em experiência. O cliente quer comprar uma experiência. Essa é a chave da virada para esse momento”, avalia o CEO da TOTV’s Curitiba. 

Outro ponto ressaltado pelo executivo é a atenção que as empresas devem dar para o seu público interno. “As empresas não se preparam para atender esse novo público. Muitas vezes, o celular que nosso funcionário tem é melhor que o celular que damos para ele”, pontua Viana. 

O salto do e-commerce 

A pandemia obrigou as empresas a aderirem ao comércio online para driblar o distanciamento social, imposto pela Covid-19, e continuar vendendo. A modalidade avançou nos últimos dois anos, mas o Brasil ainda precisa evoluir mais para acompanhar outros países e aproveitar o potencial da internet para impulsionar os negócios. 

“O que limita as empresas brasileiras a venderem o que só encontramos em outros países? E por que não vendemos para outros países? Muitas organizações falham no e-commerce porque não contratam empresas de marketing digital, por exemplo, para ajudá-las a vender no e-commerce. No exterior as empresas possuem vendedores o dia inteiro.  Fora do Brasil, os influenciadores digitais vendem e não apenas mostram os produtos que usam, como vemos aqui”, argumenta Viana. 

Metaverso 

O Metaverso é a tendência do momento e, em outros países, já está transformando as relações virtuais, o e-commerce, o entretenimento e o trabalho à distância. No entanto, o Brasil está atrasado em tecnologia e esse fator ficou bem claro durante a pandemia - a qualidade da nossa conexão foi colocada à prova sobretudo no ensino à distância. E as experiências imersivas digitais dependem da estabilidade da conexão 5G, que já chegou por aqui mas que não teve acesso difundido para toda população. O Metaverso também depende de processadores mais potentes e que não são acessíveis para a maioria dos brasileiros, além de profissionais qualificados para produzir as experiências. 

“Existe ainda um abismo para a implementação do Metaverso no Brasil. Enquanto aqui ainda estamos falando em melhorar o e-commerce, lá fora, já estão traçando estratégias de como se transacionar e comercializar no Metaverso. Precisamos evoluir e acelerar para não ficar para trás”, opina Marcio Viana. 

Ele acrescenta que a transformação digital derrubou as barreiras. “Temos as criptomoedas. Há, inclusive, vários jogadores de futebol que são pagos com criptomoedas. Não recebem mais em euro ou dólar. Há criptomoedas inclusive para o mundo dos esportes. Aqui no Brasil, quando falamos em criptomoedas, estamos falando de bitcoins, que são apenas uma delas. É a maior, mas é apenas uma delas. Nós, empresários, precisamos olhar o que tem lá fora e começar a trazer para nosso país. Vem muita coisa diferente por aí com o Metaverso e com a cripotomoedas, senão, vamos ser engolidos”, afirma.

Regime híbrido 

Na TOTV’S o regime remoto iniciou em 2018. Quando a pandemia chegou, a empresa já estava adaptada ao modelo. Viana esclarece que trabalho remoto não é a mesma coisa que home office. O primeiro diz respeito às operações feitas à distância e o segundo ao trabalho em casa. 

Na opinião do executivo, o regime híbrido deve prevalecer no pós-pandemia. As modalidades remotas ou home office, apesar de otimizarem custos com a estrutura física, têm uma desvantagem difícil de mensurar: a quebra da cultura organizacional. “O virtual é legal, mas o ser humano é relacional. As empresas com colaboradores remotos ou em home office têm um trabalho árduo para aproximar o time e mantê-lo conectado, para que as pessoas não se sintam um número e para que o emprego não seja só uma forma de ganhar o sustento”, relata Viana. 

Ele ressalta ainda que o brasileiro é muito criativo graças ao cafezinho e que os momentos de troca são muito importantes. Neste contexto, o líder ocupa uma posição estratégica, porque é o grande influenciador, cuja convivência é essencial. “Por isso o home pode ser uma armadilha”, finaliza.

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