Evento online, da Fundação Cabral e da JValério, discute os desafios da implementação 4.0; inscrições gratuitas estão abertas
A 1ª Revolução Industrial foi no final do século XVIII quando as máquinas à vapor substituíram a força humana e animal, sobretudo na indústria têxtil e locomotiva. Na 2ª fase a introdução da energia elétrica trouxe ganhos significativos para o setor produtivo. Na 3ª etapa assistimos ao aprimoramento dos processos e da qualidade a partir do aperfeiçoamento nas áreas de informática, eletrônica e robótica. Foi nesse momento da história que a tecnologia começou a mudar a realidade dos chãos de fábrica mundo afora até a chegada da 4ª Revolução Industrial, a chamada de "Indústria 4.0”, que vivenciamos na atualidade.
Nesse período, que também pode ser compreendido pelo termo “Manufatura Avançada”, a tecnologia de informação, a ciência de dados e a inteligência artificial têm um papel relevante na atividade industrial. “A Indústria 4.0” busca soluções inteligentes e a chamada transformação digital, que virou uma realidade na crise da Covid-19, extrapola a criação de ferramentas para melhorar o relacionamento com o cliente, como o avanço do e-commerce e a ascensão dos marketplaces. A digitalização está presente em todos os departamentos da organização e permite o aumento exponencial da produtividade”, explica Clodoaldo Oliveira, diretor da JValério Gestão e Desenvolvimento, filiada à Fundação Dom Cabral (FDC), no Paraná, Rondônia e interior de São Paulo.
Oliveira acrescenta que, apesar de ser uma tendência, a Indústria 4.0 exige uma mudança na cultura das organizações e é permeada de desafios. E esse é o tema de uma live que faz parte dos Encontros Setoriais, que discutirá “Contexto, Perspectivas e Exigências para se ter sucesso”, promovida pela FDC e pela JValério. O evento online será no próximo dia 9 de junho, das 18 às 18h30. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas no link: https://bittylink.com/rjo.
A live conta com a participação do professor da FDC, Carlos Arruda, do economista Adriano Morais e do industrial Matheus Gois, CEO da Hidronotre, que atua no setor de tintas, em Cambé, no norte do Paraná. Ele participou do Programa Parceiros para Excelência (PAEX), uma iniciativa da FDC voltada empresas de médio porte interessadas em profissionalizar sua gestão empresarial. Com a experiência no PAEX a Hidronorte conseguiu reduzir sua dívida em 33% e cresceu o EBITA em 502%.
Carlos Arruda conta que, em comparação a outros setores, como o varejo, o agrícola e a da saúde, os manufatureiros evoluíram pouco em termos de transformação digital. E as perspectivas para quem não absorver as tecnologias digitais, segundo o professor da FDC, não são boas. “A indústria é orientada pelo business to business e não avançou no digital. E esse é um grande desafio. A adoção de novas tecnologias, sobretudo para melhorar processos, é marginal”, aponta Arruda.
Ele destaca ainda que pesquisas internas, com clientes da FDC, que recorrem à instituição em busca da formação continuada na área da gestão, 60% reconhecem que não estão prontos para ingressar na jornada da digitalização. “Principalmente com a chegada da crise gerada pela Covid-19, que acarretou em perdas na produtividade e na área financeira, pode parecer contraditório investir na transformação digital. Na relação com o cliente, na análise de dados, a tecnologia é usada com mais força. Mas no processo produtivo ainda é retraída. No entanto, o emprego de tecnologias dentro das fábricas pode gerar ganhos de 20% a 30% na produtividade. Está na hora de recorrer à automatização e à inteligência artificial como um diferencial competitivo”, salienta o professor da FDC.
A Covid-19 nos aproximou da transformação digital, que pode ser vista a olhos nus. Basta olhar para os restaurantes: aqueles que não ofereciam delivery agora estão usando aplicativo de celular ou site de compras. É o setor de alimentação aderindo à indústria 4.0.
Apesar das dificuldades impostas pela pandemia na gestão corporativa, todas essas mudanças têm um fator positivo, na opinião de Clodoaldo Oliveira. “A mudança antecipa o futuro e está tornando a transformação digital em algo natural, que faz parte do mundo dos negócios. A internet promoveu novas experiências, assim como as tecnologias digitais, que impactaram a nossa vida seja no ponto de vista de produto, de serviço, além de possibilitarem o aumento de produtividade e trouxeram agilidade para grande parte dos processos”, enfatiza.
O professor da FDC argumenta que a previsão de crescimento na economia brasileira, em 2021, será na ordem de 4% e que nem todos os segmentos da indústria conseguirão alcançar essa margem. Para ele, para tornar o quadro mais favorável, o caminho é olhar para o futuro e investir em inovação, para se recuperar nos anos seguintes. Outra barreira é a desvalorização do câmbio brasileiro: se por um lado o enfraquecimento do real favorece as exportações, é um entrave para as importações porque muitos insumos das indústrias vêm do exterior.
“A indústria da construção deve crescer aquém da economia brasileira em 2021, mas estamos falando de um caso isolado que não deve se repetir nos demais segmentos da manufatura. Por isso, insistimos numa mudança de pensamento dos industriais: eles precisam estar conscientes sobre o impacto das mudanças tecnológicas para elevar o patamar da produtividade, dentro dos portões das fábricas”, finaliza Arruda.