Igualdade de gêneros: como acabar com a diferença salarial entre homens e mulheres? 

28/09/2022
Igualdade de gêneros: como acabar com a diferença salarial entre homens e mulheres?  | JValério

Governos, por meio de políticas públicas, empresas e as próprias mulheres devem buscar soluções para promover equidade do público feminino no que diz respeito à representatividade e remuneração na economia 

As mulheres recebem cerca de 20% menos do que os homens no Brasil: é o que mostra levantamento da consultoria IDados, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio do IBGE, divulgada em março de 2022. O levantamento aponta que a diferença salarial entre os gêneros segue neste patamar elevado mesmo quando se compara trabalhadores do mesmo perfil de escolaridade e idade e na mesma categoria de ocupação. 

Na ocasião, a pesquisadora Thais Barcellos, uma das autoras do levantamento, afirmou: 'É como se a cada ano a mulher trabalhasse 74 dias de graça'. (Fonte). 

Outro dado preocupante vem da projeção do Fórum Econômico Mundial, que aponta que serão necessários 267 anos para acabar com a diferença de gênero no que diz respeito à participação econômica e de oportunidades.

Portanto, a equidade deve estar na pauta das organizações, sobretudo num tempo em que a ESG - sigla que se refere a questões ambientais, sociais e de governança corporativa - está em voga.

 A humanidade está em processo de transformação e as mudanças precisam ser absorvidas no mercado de trabalho. E essa é uma das tarefas das lideranças do século 21: abrir espaço ao diálogo e conscientização para que as competências masculinas e femininas sejam complementares. A cultura organizacional deve primar por ambientes flexíveis e mais saudáveis, equilibrando lucro e felicidade no trabalho, independente do gênero dos colaboradores. 

“A diversidade e a inclusão devem fazer parte da pauta dos Conselhos de Administração e esses temas estão no centro da discussão sobre o futuro, sobre a contribuição das organizações na construção de um mundo melhor, mais justo, com menos desigualdade”, afirma Clodoaldo Oliveira, diretor executivo da JValério Gestão e Desenvolvimento.

Como melhorar a igualdade de gênero nas empresas

Como as mulheres podem virar esse jogo? 

Sonia Rossi, gerente de desenvolvimento humano e organizacional da Coroaves, empresa sediada em Maringá, acredita que existe ainda um estigma sobre a qualificação das mulheres para alguns cargos. “As mulheres costumam ter mais oportunidades na empresa familiar, em programas de sucessão, quando são observadas como pessoas e não sob a perspectiva do gênero. Já em grandes empresas, notamos que, os modelos de governança corporativa, ainda não estão oportunizando trilhas de desenvolvimento para que as mulheres ascendam a cargos da alta Gestão e Presidência. No entanto, mulheres têm softs skills mais adequadas ao modelo de gestão do mundo atual e futuro. São mais antenadas com o cuidado humano, empatia, com os detalhes e o capricho que o Cortella fala”, avalia Sonia. 

Ela acrescenta que, principalmente em países em desenvolvimento, com modelos machistas, muitas contradições sociais e baixo nível intelectual, isso se torna pior. “Em países com muitas desigualdades, o posicionamento da mulher no mercado de trabalho é ainda mais difícil”.

Para Sonia, as mulheres precisam ser mais ousadas e mostrar que estão preparadas para os cargos. “Elas devem mostrar que são atualizadas, trabalhar com dados analíticos, demonstrar embasamento teórico, respaldo científico, tomar como referência o melhor autor do universo acadêmico para ter comunicação clara, negociadora e consistente. Dessa forma elas estarão abastecidas com argumentos e conseguem influenciar e validar sua opinião e soluções necessárias, em todos os campos, sugere a gerente de desenvolvimento humano e organizacional”, aconselha. 

A formação continuada é mais um caminho que deve ser uma prioridade para o público feminino que deseja seguir a carreira executiva. “Elas devem estudar os modelos de negócios, preocupar-se com a experiência do cliente e conhecer muita gente. Gostar de gente e ter liderança inspiradora orientada por propósito. Por meio de uma gestão competente aumenta o sentimento de pertencimento das equipes. Enfim, ser um eterno aprendiz, arquiteto da realização, produtividade e felicidade humana. Esse caminho, que por vezes é fácil de falar, exige muita sabedoria para aplicar e isso, invariavelmente, passa pela educação”, pontua Sonia.

Cases de equidade de gênero em empresas

A busca pela equidade no Chile 

Alguns países já estão investindo em esforços para acabar com as diferenças salariais entre homens e mulheres, como o Chile. Lá, a Aceleradora de Paridade de Gênero conseguiu melhorar significativamente as perspectivas profissionais das mulheres na força de trabalho. A Aceleradora reúne líderes dos setores público e privado, liderado pelo Ministério da Mulher e igualdade de gênero e implementado com orientação e apoio do Fórum Econômico Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento.

 Juntos, aumentaram a qualidade do trabalho para mais de 130.000 mulheres locais – o equivalente a 7% dos assalariados do setor privado chileno. (Fonte). 

Os dados indicam que, em três anos, o país promoveu a representação feminina em empresas associadas à Aceleradora que incluem nomes como: Accenture, Cargil, IBM, Invest Chile, IBM, Latam Airlines, Microsoft, Nestlé, PwC, SAP, Salmon Chile, Siemens e Unilever. 

Nas organizações que participam do projeto, em média, 41% dos funcionários são mulheres: quase 10 pontos percentuais acima da média nacional, que ficou em 31,7% em janeiro de 2019.

E, o mais importante: os empregadores já diminuíram a diferença salarial entre 2016 e 2019. 

Nas 180 empresas que integram a Aceleradora, os homens recebem, em média, 5,6% mais remuneração por hora de trabalho em relação às mulheres. A diferença é consideravelmente menor que a média nacional, onde os homens ganham quase 18% a mais que as mulheres, em média, por hora trabalhada. O desafio agora é seguir no projeto de colaboração continuada proposto pela Aceleradora para reduzir ainda mais essa lacuna. 

A exemplo do Chile, outras nações se esforçam para diminuir as lacunas de gênero na participação econômica. Na América Latina e no Caribe, aceleradores foram convocados pelo World Economic Forum na Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana, Equador, México e Panamá, em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento. Egito e Jordânia hospedam aceleradoras de paridade de gênero no Oriente Médio. O Japão hospeda aceleradores na Ásia.

Como desenvolver um mindset de iguadade de gênero nas empresas

Mudança de mindset 

As lideranças brasileiras também devem se engajar na causa da equidade de gêneros e implementar projetos na própria empresa, capazes de diminuir a disparidade de homens e mulheres no que diz respeito à participação e remuneração. A causa, por exemplo, pode compor as estratégias para implementação da letra “S”, de “social”, da ESG

No entanto, ainda que a questão da ESG esteja nos holofotes, o tema ainda é novo na governança corporativa no Brasil. Daí a importância de as lideranças buscarem suporte fora dos muros das organizações para implementar, de fato, essas práticas. 

E é aí que a Fundação Dom Cabral e a JValério se apresentam como uma aliada das empresas, por meio do PAEX (Parceiros para a Excelência). A solução é voltada para empresas de médio porte e que desejam adotar um modelo robusto de gestão e formar gestores de alta performance, capacitados para aderir às novas tendências do mercado, como a ESG (Leia mais sobre isso neste post: Empresas com melhores pontuações de risco ESG têm valor de mercado mais alto - JValério (jvalerio.com.br)

O PAEX vem cumprindo essa expectativa há mais de duas décadas. Cerca de 600 empresas do Brasil, Paraguai e Portugal já passaram por essa experiência. Outro diferencial do programa é o intercâmbio de lideranças, uma oportunidade para os gestores trocarem impressões entre si.

 A solução reúne empresas que querem incrementar sua competitividade e, com isso, conquistar melhores resultados. O novo modelo de gestão, via PAEX, é construído de forma gradativa, com planejamento direcionado para alcançar metas no curto, médio e longo prazos.

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