Artigo aborda o impacto das transformações digitais na atuação de conselhos e alta administração
As transformações tecnológicas e digitais estão mudando e vão mudar ainda mais a forma como os indivíduos se relacionam entre si, com o meio ambiente e com o mercado de trabalho. Gestão empresarial, conselhos administrativos e comitês também serão influenciados pelos novo cenário, sob o desafio de, por meio da governança corporativa, buscar uma trajetória sustentável e perene para a organização. Pesquisa realizada em 2018 pela Ernst & Young, sobre as prioridades dos Conselhos de Administração (Board of Directors), mostrou que a inovação ocupa hoje a quinta posição entre os sete assuntos mais abordados nas reuniões.
O tema da governança corporativa na era da inovação foi abordado em artigo divulgado na edição 36 da revista DOM, publicação elaborada pela Fundação Dom Cabral e voltada para gestão empresarial. A autoria do artigo é de Hugo Ferreira Braga Tadeu, professor da FDC e coordenador do Centro de Referência em Inovação Nacional, e de Felipe Dal Belo, conselheiro empresarial e doutorando em Governança Corporativa e Inteligência Artificial pela Universidade de São Paulo (USP). De acordo com os autores, a geração exponencial de dados é uma tendência sem volta no contexto contemporâneo e os integrantes da alta administração das empresas precisam acompanhar esse movimento para converter os dados em iniciativas estratégicas. “As novas tecnologias estão permitindo que startups, e-commerce, economias colaborativas (sharing economy) e outras modalidades virtuais e digitais de negócio diluam a participação dos grandes players no mercado”, afirmam no artigo.Membros do conselho e transformação digital
Outro apontamento feito pelos especialistas é o de que adotar a inovação e seus riscos exige que conselhos e alta administração desenvolvam novas maneiras de trabalhar juntos. “Os conselhos demoraram a perceber que a administração não exigia respostas, mas sim, engajamento”. Estudo divulgado pela Harvard Business Review, em dezembro de 2017, revelou os obstáculos enfrentados pela maioria dos conselhos e reforçou a necessidade de uma reformulação dos papéis para promover e apoiar, efetivamente, o tipo de inovação que leva ao crescimento relevante. Nesse sentido, segundo Tadeu e Dal Belo, continuar investindo em educação e novas habilidades é vital para o desempenho da função de conselheiro e agregação de valor ao negócio.
Governança corporativa e riscos no Brasil
No Brasil, de acordo com o artigo, a maioria dos membros de conselhos afirma que grande parte de sua atenção em inovação visa melhorar a capacidade da organização de executar sua estratégia atual (oversight). “Trata-se de uma inovação de suporte ao núcleo operacional: desenvolver extensões de linha de produtos; reduzir estruturas de custos para manter margens operacionais saudáveis; intimidade e concentricidade para atender às crescentes expectativas dos clientes e responder aos novos regimes regulatórios e ameaças à segurança cibernética”.
Contudo, os autores observam que a ameaça cibernética e à privacidade são temas que vêm ocupando grande parte do tempo e da agenda dos executivos e da alta administração em caráter reativo e não proativo. “Em tempos de disrupção tecnológica e novos conceitos de gestão de riscos e competitividade, a competência de se projetar e antecipar cenários – conhecida pelo termo inglês foresight (visão antecipada) – é cada dia mais exigida, não apenas dos membros do conselho, mas de todos os indivíduos”.
Melhorias para um conselho atuante na transformação digitalCom base no estudo elaborado e na experiência profissional, Tadeu e Dal Belo criaram uma lista com as quatro principais áreas de melhoria para um conselho estar mais presente e atuante no processo de transformação digital. Confira:
Diversidade e alfabetização coletiva:ao adicionar ou substituir membros, os conselhos devem adotar uma abordagem disciplinada, buscando pessoas com habilidades e expertises complementares às do corpo existente e, mais importante, às da administração.
Abrasão criativa:capacidade de desenvolver um mercado de ideias não a partir de um único insight, mas de uma série de faíscas geradas por discursos e debates rigorosos. Os conselhos reconhecem que a abrasão criativa é hoje uma capacidade essencial para se envolver na solução inovadora de problemas.
Redefinindo a parceria:equilibrar o poder legal do conselho e o poder executivo da administração não é fácil, mas para que as discussões sobre inovação aconteçam, nenhum dos lados pode dominar. Os conselhos precisam construir uma forte parceria com a administração e um senso de propriedade compartilhada da estratégia de inovação. Incentivar o risco e viver os insucessos:os conselhos sabem que suas empresas devem buscar não apenas melhorias incrementais, mas também inovações revolucionárias. Para promover os dois tipos de atividade, precisam criar uma cultura receptiva ao risco e ao inevitável fracasso que surge com a solução inovadora de problemas. Mas a maioria dos conselhos não parece estar nesse patamar de atuação. Conforme constatações próprias e pesquisas recentes, CEOs e conselheiros se concentraram em assumir riscos com esforços que apresentem maior probabilidade de criar valor para o acionista, no longo prazo. Gostou do conteúdo? Para ler a versão completa do artigo, clique aqui. Se quiser conhecer os programas e ferramentas que a JValério FDC oferece para qualificação executiva, acesse https://jvalerio.com.br/. E não se esqueça: em março acontece a 2ª edição do Fórum Empresarial JValério FDC, evento que reúne palestras, painéis com especialistas e momentos de conexão focados na gestão profissional de empresas familiares.