Gestão familiar sim, sem governança corporativa jamais

13/09/2023
Gestão familiar sim, sem governança corporativa jamais | JValério

As empresas familiares representam uma parcela significativa da economia brasileira, mas a ausência de boas práticas é um risco para a longevidade desses negócios

Fazer parte de uma família que possui um negócio próprio não só deve ser motivo de orgulho, como também representa a oportunidade ideal para quem está em início de carreira. Caso escolha uma profissão relacionada ao ramo de atuação, é provável que o fundador da empresa - normalmente avós ou pais -  faça questão de garantir sua vaga na família empresária. Afinal, manter a linha sucessória hereditária é, na maioria das vezes, um objetivo dos herdeiros.

Contudo, honrar o legado deixado requer muito mais que o peso de um sobrenome para dar certo. Pelo contrário, para que uma empresa familiar passe de geração em geração isso exige extrema dedicação dos sucessores envolvidos, muitas vezes até mais do que se resolvessem seguir por outros caminhos.

Inclusive, o nível de exigência em capacitação e formação contínua precisa ser equivalente entre os profissionais contratados no mercado e os que carregam alguma descendência dos fundadores. Tudo isso para evitar o famigerado “nepotismo”, característica que pode colocar tudo a perder se os colaboradores não forem devidamente qualificados para as funções. Ou seja, se estiverem ali apenas por causa dos laços sanguíneos e não por mérito.

Se você é membro ou almeja fazer parte de um empreendimento desta natureza, então já deve ter ouvido falar sobre a importância da governança corporativa. Isso porque é por meio dela que desafios como a ausência de profissionalização, alto grau de informalidade e conflitos de interesses podem ser resolvidos ou evitados. Da mesma forma, são as boas práticas que garantem transparência e separação de papéis. Além, é claro, de facilitar o processo de alternância de poder quando chegar a hora.

Vejamos os motivos que acabam culminando no encerramento das empresas familiares, bem como saiba qual o papel da governança corporativa na promoção de negócios sustentáveis, lucrativos e duradouros.

O que leva as empresas familiares a fecharem?

De acordo com o Sebrae, nove em cada 10 empresas no Brasil são familiares. Porém, a entidade traz um dado preocupante: 75% não passam da primeira para a segunda geração. Isto é, a maioria acaba deixando de existir com a aposentadoria ou falecimento do idealizador. Outra informação que acende um sinal de alerta diz respeito às que conseguem avançar à quarta linhagem de sucessores: elas somam apenas 10% do total.

A que se deve um panorama como esse? Para quem vê de fora, associar o “fracasso” às questões envolvendo poder e dinheiro se torna inevitável. Todavia, existem outras barreiras que, ao serem negligenciadas, se intensificam com o passar do tempo até se tornarem insustentáveis. Por consequência, a quebra de confiança acaba contaminando todo o ambiente corporativo, estendendo-se da liderança aos demais setores de qualquer companhia.

Por causa da dificuldade em manter processos e procedimentos que sigam regras pré-determinadas, os problemas tendem a surgir sistematicamente. A falta de disciplina no cumprimento de padrões, principalmente em relação à progressão de cargos, resulta em condutas improdutivas e dificuldade na retenção de talentos.

Não raro, as finanças familiares também se confundem com as da empresa, gerando uma falta de limites capaz de acometer, inclusive, as organizações de grande porte. Além disso, a ausência de hierarquia e os privilégios entram na lista de motivos que levam ao fechamento. Por fim, no embate entre razão e emoção o profissionalismo deve prevalecer em detrimento de possíveis desavenças, pois elas tornam o encerramento quase um caminho sem volta.

O que a governança corporativa pode fazer pelas empresas familiares?

Com o propósito de criar condições para que as empresas familiares permaneçam ativas ao longo de décadas, a implementação da governança corporativa fornece a estrutura necessária para o bom desempenho organizacional. Com ela, desde a presidência a todos que possuem algum tipo de vínculo passam a atuar de maneira responsável, preservando a atividade e o patrimônio.

São quatro os pilares que regem a tomada de decisões e resolução de conflitos de um negócio:

  1. Transparência: a comunicação de forma clara e constante entre todas as partes, funcionários, governo e público em geral. Ao agir com transparência, é possível aumentar a confiança de colaboradores, herdeiros, executivos, parceiros e gerar valor à companhia, uma vez que todos irão perceber, no dia a dia, que a empresa é confiável e coloca em prática seus valores;
  2. Equidade: tratar a todos com o mesmo nível de prioridade e estabelecer condições justas e igualitárias a sócios, colaboradores, clientes, fornecedores e outros profissionais envolvidos na rotina da organização melhoram o engajamento e a transparência;
  3. Prestação de contas: a administração deve prestar contas sobre suas movimentações financeiras periodicamente. A falta de informações nesse sentido pode levar à desconfiança e prejudicar as relações. A postura contribui para o alinhamento em prol dos mesmos objetivos e facilita o acompanhamento e monitoramento das ações realizadas;
  4. Responsabilidade social corporativa: a preocupação com a qualidade de vida de seus colaboradores e os impactos do negócio na sociedade. Todos devem zelar pela viabilidade econômico-financeira no curto, médio e longo prazos para garantir sua longevidade e manter o modelo de negócio sustentável.

Aos que não desejam abrir mão de condições essenciais para o desenvolvimento empresarial saudável, enumeramos as principais vantagens da governança corporativa, sobretudo às empresas familiares e suas particularidades:

  • Aprimorar o modelo de gestão;
  • Instituir conselhos, como o consultivo;
  • Aperfeiçoar o relacionamento entre acionistas;
  • Fortalecer a imagem e propósito;
  • Reduzir os riscos relacionados à sucessão;
  • Atender às demandas da família, dos sócios e executivos;
  • Contribuir para a estruturação e a longevidade do negócio;
  • Auxiliar na mitigação ou eliminação de conflitos de interesse;
  • Gerar valor econômico de longo prazo;
  • Administrar tensões familiares;
  • Encurtar o acesso a recursos financeiros;
  • Melhorar a prestação de contas da empresa;
  • Facilitar a coesão da família empresária;
  • Estruturar a empresa após o falecimento de membros familiares.

Formação continuada

Se você faz parte de uma família empresária, a JValério Gestão e Desenvolvimento, em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC), possui uma solução exclusiva, com foco no neste segmento. Estamos falando do programa “Governança Corporativa em Empresas Familiares”.

A profissionalização é uma das formas de garantir a competitividade das famílias empresárias no mercado. E esse é objetivo do programa: promover uma discussão entre os membros de empresas familiares e gestores sobre as principais práticas de governança que impactam a concretização de uma gestão profissional do negócio, pensando na longevidade da organização. Para saber mais, acesse: GOVERNANÇA CORPORATIVA EM EMPRESAS FAMILIARES - JValério (jvalerio.com.br).

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