Antes de tentar responder essa pergunta é preciso compreender como as organizações têm encarado as questões socioambientais nos últimos anos
Ao longo da última década, vocês perceberam que o conceito tripé da sustentabilidade (triple bottom line) deu lugar à sigla ESG (Environmental, Social and Governance) no universo corporativo? Seria este um caso digno de quebrar paradigmas ou uma mera alteração na nomenclatura?
O fato é que nunca houve tanta pressão para que as organizações operem levando em conta o futuro da Terra e da humanidade. Independentemente da abordagem escolhida, apresentadas com um intervalo de cinco anos, ambas possuem pontos de similaridade e convergência. O que se pode afirmar, categoricamente, é que as duas foram criadas para trazer luz às questões socioambientais.
Seja como for, estamos diante de mais um termo da moda ou os negócios estão verdadeiramente evoluindo e transformando as tendências em movimentos duradouros?
Um bom debate se faz com insights, então vamos a eles.
As três letras que, para alguns, estão tentando causar uma revolução no capitalismo, ESG, vêm da sigla em inglês para Environmental, Social and Governance. Isto é, meio ambiente, social e governança. Na prática, o ESG está cada vez mais ambientado e familiar nos negócios. Seu principal objetivo é medir o quanto uma empresa atua em prol de resultados capazes de transcender os interesses em expansão e lucratividade.
Já quem se lembra do “triple bottom line”, ou tripé da sustentabilidade, sabe que se refere às dimensões social, ambiental e econômica. Encontraram a diferença entre tripé da sustentabilidade e ESG? Ela é sutil e se reserva aos aspectos econômicos e de governança, cada qual tratado exclusivamente por cada perspectiva. Percebe-se, porém, que a movimentação, a princípio pequena, tem causado uma série de reações, tanto na economia como nos padrões de consumo.
O mundo, a sociedade e o mercado mudaram drasticamente de 100 anos para cá. Por consequência, o comportamento do consumidor se alterou de forma histórica. Em outras palavras, as empresas não tiveram outra escolha senão discutir as pautas levantadas pelas práticas triple bottom line e ESG, datadas de 1998 e 2004, respectivamente. Ou seja, conhecidas de longa data, mas ainda em processo de implementação.
Em suma, para se manterem de pé e funcionais, gerando lucro e valor para acionistas e toda a cadeia de valor, as lideranças tiveram que virar a chave, revendo o mindset e as formas de gestão. O ano de 2020 e a pandemia da Covid-19 que o digam. Tais pilares, inclusive, devem estar na concepção e operações organizacionais daqui para frente, independentemente do porte (das startups às multinacionais) e do nicho de atuação.
Certas problemáticas que, até pouco tempo atrás, eram consideradas questões externas - como a poluição, por exemplo, - tornaram-se obrigações organizacionais não só por princípio e estratégia, mas também graças às legislações atuais.
Diante dos impactos sociais e grandes acidentes ambientais, a exemplo do aquecimento global e desigualdade de direitos entre homens e mulheres, o século XX protagonizou várias iniciativas importantes na luta por um planeta sustentável e inclusivo. Assim, deu-se início às ações de ordem preventiva, reparatória e repressiva com a definição de leis, criação de institutos e órgãos reguladores, políticas públicas e normas empresariais.
Não por acaso, entidades como a Organização das Nações Unidas (ONU) se dedicam a criar ferramentas que ajudam as empresas a se adequarem às novas demandas. Entre as iniciativas, estão os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), uma parte da engrenagem que busca reduzir os impactos negativos e aumentar os positivos. Aliás, em se tratando de emergências ambientais, há as que já foram “abraçadas” pelo setor privado, como é o caso do carbono zero e a gestão de resíduos, realidades presentes em muitas companhias.
Soma-se a isso às esferas da diversidade racial, sexual e de gênero, bem como etária, cultural, funcional, religiosa e todas as outras que tem se mostrado cada vez mais emblemáticas nos negócios. Embora ainda encontrem certa resistência e, infelizmente, preconceito, os movimentos em prol dos negros, as manifestações pelos direitos LGBTQIAP+ e a quarta onda feminista também buscam no lavante seus lugares ao sol.
Para especialistas, o ESG tem tudo para se consolidar a partir do momento em que adentrar de vez o campo das finanças, a exemplo do seu predecessor. Com bastante influência aqui no Brasil, a força de investidores externos tem conduzido essa discussão para outro nível.
Portanto, é crucial que se discuta com transparência como se tem lidado com as temáticas listadas, uma vez que deve ser por meio delas que as tomadas de decisões relativas a investimentos de recursos sejam amparadas.
Neste exercício, destacam-se as atitudes abaixo:
Como cada marca, das existentes às que ainda vão surgir, irá chamar o rol de ideias e planos do qual irão emergir avanços reais é quase irrelevante, tamanha a urgência dos discursos saírem do papel. No entanto, para que possamos cobrar e pressionar de maneira consciente é que as diretrizes presentes na essência do ESG existem.
Na realidade da sua empresa, o ESG tem sido tratado como moda ou tendência real que influencia a tomada de decisões e destino dos investimentos?