Conselhos do futuro devem enfrentar crises e abraçar oportunidades

03/09/2024
Conselhos do futuro devem enfrentar crises e abraçar oportunidades | JValério

Gerar resultados expressivos no mundo em constante transformações que vivemos é um dos principais desafios enfrentados pelo board das organizações 

No atual mundo em constante transformação que vivemos - marcado por um clima econômico, financeiro e geopolítico incerto -, seguir gerando resultados expressivos é um dos principais desafios dos profissionais que atuam como membros de conselhos administrativos. No comando  dos boards das organizações, esses grupos de indivíduos precisam se atualizar caso queiram seguir à frente da tomada de decisões a fim de proteger os interesses dos acionistas, bem como ao supervisionar e direcionar a equipe de gestão. Formado por executivos experientes, o órgão colegiado está diante de cenários voláteis que exigem rapidez e posicionamento, mas também repletos de perspectivas excepcionais de crescimento.

Engajados na garantia da governança corporativa e seus valores e princípios fundamentais, o conselheiro do futuro sabe como ninguém que evoluir se mostra, por vezes, uma questão de timing. Sendo assim, assume uma postura proativa de não deixar para amanhã as principais pautas e tendências, mesmo aquelas que a maioria pode estar deixando passar batido. Aliás, esse feeling apurado para perceber o que, de fato, merece atenção também revela muito sobre a personalidade de quem ocupa o cargo estratégico. Em outras palavras, toda e qualquer conexão estabelecida hoje - com stakeholders, o meio ambiente ou o universo digital - poderá causar impactos que serão sentidos por gerações.

Embora as demandas se revelem complexas e as disrupções possam ser assustadoras, é fundamental que o alto nível de confiança entre chairs e CEOs se mantenha para que ambos possam encarar as mudanças nos ambientes de negócios. Inclusive, existem recursos para isso, mas é preciso saber usá-los com assertividade. Em suma, a ideia é que a cada nova fase as operações sejam aperfeiçoadas de modo a lidar melhor com rotinas e processos, bem como diante de questões sociais, ambientais e econômicas.

Mas, por onde começar um conselho que sobreviva a tudo isso e ainda consiga se fortalecer e  inovar? Listamos as prioridades que devem estar no topo daqui para frente a seguir.

Prioridades dos conselhos administrativos de 2024 em diante

Passamos da metade do ano e é natural que o planejamento para 2025 esteja na agulha, de preferência, com as principais perspectivas devidamente registradas. No entanto, tudo indica que pelo menos até dezembro nenhum outro grande contexto global tenha tanta força a ponto de desviar drasticamente a rota que vem sendo desenhada, sobretudo, desde a era pós-covid. Afinal, de lá para cá, diversas dinâmicas seguem nos desestabilizando, como a escalada do conflito no Oriente Médio e as discussões envolvendo a China - que está correndo a passos largos para se tornar a principal potência econômica mundial.

Em contrapartida, assistimos de camarote a IA Generativa (GenAI) representar um avanço inovador na tecnologia, com potencial para aumentar a produtividade e revolucionar o trabalho, os modelos de negócios e a sociedade. Além disso, a transição energética contínua exige uma reformulação das estratégias para mitigar riscos e prosperar em um futuro econômico de baixo carbono. Neste contexto de crise e oportunidade, os conselheiros estão aprofundando seu engajamento, orientando as empresas a construir resiliência, considerando diversos cenários alternativos e equilibrando cuidadosamente a disciplina e a transformação.

De acordo com uma pesquisa da consultoria Ernst & Young (EY), feita com mais de 350 membros de conselhos na Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Estados Unidos e México - representando empresas de diversos setores e tamanhos, tanto de capital aberto quanto fechado -, será necessário enfrentar a crise a abraçar as oportunidades. Com base nos resultados e no envolvimento direto com mais de mil stakeholders-chave (incluindo conselheiros, executivos C-Level e investidores institucionais), destacamos cinco prioridades principais para focar à medida que navegamos neste ambiente operacional desafiador.

1. Manter-se ágil em meio à incerteza econômica persistente

Se as condições econômicas incertas persistem, cabe aos conselheiros se manterem ligados e atentos às projeções. Entre elas, destaque para a inflação moderada, mas persistente; altas taxas de juros sem previsão de contração monetária por enquanto; restrições no mercado de trabalho, impulsionadas pelas condições financeiras, elevados custos trabalhistas e baixa demanda; e, por consequência direta dos fatores listados, menor poder de compra do consumidor. Haja resiliência nas operações, que vão exigir atitudes como:

  • Adotar a agilidade e supervisionar um planejamento estratégico flexível que incorpore a estrutura  dinâmica de múltiplos caminhos;
  • Confirmar como o conselho receberá atualizações oportunas sobre desenvolvimentos macroeconômicos que possam impactar a empresa;
  • Ajudar a administração a focar no longo prazo. 

2. Equilibrar disciplina e transformação na estratégia de capital

Adaptar as prioridades estratégicas a um ambiente de crescimento mais lento tem sido uma premissa e unanimidade em conselhos ao redor do mundo. Para os consultores da EY, um mantra para muitas equipes de liderança inclui o controle financeiro. O crescimento a qualquer custo deu lugar a investimentos que devem apresentar um caminho claro para a rentabilidade ou criação de valor. Ainda assim, as empresas não podem se dar ao luxo de recuar. Portanto, na pauta do conselheiro deverá constar:

  • Incentivar o investimento acelerado para crescimento e competitividade a longo prazo;
  • Suportar a administração para que esta maximize a rentabilidade e se posicione para transformações do modelo de negócios;
  • Promover uma comunicação aprimorada com os investidores sobre a estratégia de capital da empresa. 

3. Adotar a segurança cibernética e a privacidade de dados como vantagens competitivas

Embora a segurança cibernética e a privacidade de dados sejam preocupações perenes para os conselhos, elas incluem um conjunto complexo de direcionadores em constante evolução e um conhecimento prévio que pode rapidamente tornar-se obsoleto. O ano de 2023 apresentou uma variedade de mudanças nesse quesito, como a rápida adoção de novas tecnologias,  influências geopolíticas inéditas, requisitos regulatórios e o aumento de maus agentes estatais. Com base nessas situações, os conselheiros se veem obrigados a:

  • Reconsiderar se a fiscalização da segurança cibernética está estruturada da maneira correta;
  • Participar de simulações de ameaças cibernéticas;
  • Manter uma grande variedade de vozes no boardroom - desde operadores e auditoria interna até RH e TI.

4. Conduzir inovações responsáveis e transformadoras

A GenAI é apenas uma das muitas tecnologias emergentes que já estão impactando os negócios de maneiras esperadas e inesperadas. Outras ferramentas digitais e inovações incluem o metaverso, a Internet das Coisas, a Web3 e a computação quântica. Esses avanços impactam drasticamente a forma como as organizações veem o trabalho e o nicho em que elas atuam, levando os conselheiros à:

  • Reforçar a responsabilidade de todo a estrutura organizacional para uma IA ética e responsável;
  • Adotar uma variedade de perspectivas e experiências no boardroom;
  • Obter visibilidade das tendências externas e dos recursos internos;
  • Desenvolver métodos ágeis no processo de tomada de decisão;
  • Investigar o potencial de  inovação nas tarefas e deliberações do próprio conselho. 

5. Possibilitar uma estratégia de força de trabalho focada nas pessoas

Guiar o engajamento e o desenvolvimento de talentos, em meio ao reequilíbrio de forças e à reimaginação do mercado de trabalho vem sendo imperativo nas organizações. Adotar uma mentalidade de “pessoas em primeiro lugar” possibilita que as organizações preencham as diferenças, cultivem a confiança, revigorem sua mão de obra e assegurem a prontidão para o futuro. Se por um lado a tecnologia continua remodelando as relações, é evidente que resultados melhores decorrem de estratégias enraizadas em abordagens focadas no ser humano, em especial, na diversidade e inclusão. Com isso, não deixe de refletir a respeito das seguintes premissas:

  • Buscar uma visão aprofundada do sentimento e das perspectivas dos colaboradores ao ouví-los mais diretamente;
  • Orientar todos os departamentos para colocar as pessoas em primeiro lugar na estratégia da força de trabalho e cultivar uma cultura de confiança;
  • Melhorar a comunicação aos stakeholders sobre como os Comitês de Remuneração estão supervisionando as questões de capital humano. 

O conselheiro que acumula mais acertos que erros é, sem dúvida, alguém conectado com seu tempo e os desafios inerentes a ele. Apesar da vasta bagagem, tem sede de conhecimento e buscam cada vez mais conhecimentos e capacidade de articulação. Se identificou com esse perfil admirável e quer aperfeiçoar sua atuação com base nas melhores práticas?

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