Herança dos valores e crenças familiares pode ser conflitante na hora de desenvolver um planejamento estratégico e um modelo de gestão de negócios inovador
O legado faz parte da cultura organizacional e da estratégia de negócios e pode ser definido como algo intangível e invisível que afeta a tomada de decisão da próxima geração na rotina empresarial e na vida em geral. Na prática, o legado são os valores, normas, conhecimentos e crenças do fundador ou gerações anteriores que fazem parte do DNA de uma empresa. O legado deve se perpetuar ao longo dos anos e essa é uma tarefa das lideranças, que devem ser suas guardiãs.
Nas empresas familiares, o legado é levado mais a sério em comparação às demais organizações porque há uma preocupação dos fundadores com o bem-estar e segurança das gerações futuras. Há um sentimento maior sobre a obrigação moral dos membros da família de perpetuar a identidade e o propósito da família na esfera dos negócios.
Conteúdos documentais como histórias, diários, fotos e brasões, além de comportamentos e rituais que remetem à cultura organizacional e bens familiares, como terrenos e fábricas, são veículos capazes de comunicar o legado.
Em artigo publicado na Revista Forbes, Stephanie Burns aponta cinco caminhos para construir o legado:
O legado é um ativo para uma empresa familiar e serve como uma bússola: é fonte de identidade, inspiração e direção. Está enraizado em uma organização - seja ele algo positivo ou negativo. É raro e inimitável porque reflete o perfil do fundador e das novas gerações de um negócio, que são únicas. Não podemos perder de vista que o legado é construído por pessoas, que são singulares. Por isso, os concorrentes podem copiar produtos e processos, mas jamais o legado. Os pesquisadores no campo da gestão corporativa credenciam ao legado a única fonte real de vantagem competitiva sustentável para uma empresa familiar.
As novas gerações tiveram contato direto com a anterior e aprenderam com ela os mecanismos do negócio. Essa vivência é algo que não pode ser replicada fora dos muros da organização. É uma experiência que está restrita à convivência entre quatro paredes: só quem esteve ali é capaz de absorver os valores e a sabedoria do fundador ou da geração que o antecedeu.
O legado do pai é bom para a família e para a empresa e, além de ser algo afetivo, é também racional porque afastar-se dele pode ser um risco de perder a vantagem competitiva. No entanto, há um paradoxo quando a interpretação do legado é negativa. E é neste caso que perpetuar o exemplo e as experiências ruins das gerações anteriores pode ser um risco. Empresas que vivem presas à tradição e que estão arraigadas na forma de fazer as coisas do mesmo jeito, como sempre foram, estão fadadas a bloquear a inovação, a mudança e a agilidade organizacional.
Membros das próximas gerações que ficarem presos ao passado podem enfrentar um dilema existencial e moral: como manter o legado e, ao mesmo tempo, construir a própria história dentro da empresa, cunhar sua marca pessoal e desenvolver sua própria visão estratégica para expandir o negócio?
Aí está o dilema: conciliar os valores, crenças, comportamentos e conhecimentos arraigados do passado e que podem ser conflitantes com a vontade de inovar e se afastar do legado de quem construiu e trouxe aquela empresa até aqui. O paradoxo do legado é que seguí-lo, à risca, pode levar a organização à estagnação sem a implementação de novas diretrizes e estratégias que são necessárias para a empresa crescer.
Entre a razão e a emoção, entre o conflito e o coração: gerenciar esse paradoxo é o grande desafio dos líderes na hora de guardar o legado na gaveta e investir em mudanças com a lógica da razão. O vínculo afetivo ao mesmo tempo que é um trunfo, pode ser o algoz das empresas familiares. Nelas, a emoção tende a predominar porque o conceito de família, posse e propriedade se misturam e se confundem.
Optar por seguir o legado para preservar a herança dos valores do fundador pode ser uma armadilha para a longevidade da empresa, que garantirá o futuro das próximas gerações. Essa é uma das maiores angústias dos liderem que assumem uma posição de comando nas organizações familiares.
E para escolher a melhor direção, na tentativa de preservar o legado sem ficar engessado para crescer, muitas vezes é necessário o olhar de alguém de fora, desvinculado do cunho emocional, que faz parte da natureza das famílias empresárias.
É nesse contexto que o Parceiros para a Excelência - PAEX, pode ajudar as lideranças a redefinir o legado e buscar pontos de contato entre a inovação e a identidade familiar, que é a base, o alicerce da empresa.
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É composto por metodologias ágeis e flexíveis que conduzem os líderes em discussões profundas sobre a empresa em seu contexto e os capacitam para a gestão estratégica como um processo contínuo, dinâmico e orientado a resultados.