Confira no post de hoje a teoria do professor canadense Will Mitchell, que propõe um modelo de gestão de negócios baseado na construção, empréstimo e compra para alcançar o crescimento sustentável
O crescimento sustentável de um negócio é uma questão sensível para os gestores na hora de desenvolver o planejamento estratégico. Will Mitchell, professor da Rotman School of Management, da University of Toronto, já dizia em 2012 que o modelo binário “crescimento orgânico x fusões e aquisições” estava ultrapassado. Na obra “Construir, emprestar ou comprar: resolvendo o dilema do crescimento”, ele propõe o acréscimo de mais um framework. Para ele, colaborar com outras organizações, tomando recursos emprestados, pode ser a alavanca do crescimento. E essa teoria permanece atual.
A tese de Mitchell é de que antes de se matar para lançar uma nova operação, a empresa precisa ter certeza de que aquele é o melhor modo de ter acesso à tecnologia, ao modelo de negócio ou ao produto desejados. Se a escolha for bem feita, são grandes as chances de que a implementação seja bem sucedida. Mas se o método estiver errado, por mais que haja esforço, será difícil evitar o naufrágio do projeto.
Quando se fala de crescimento orgânico, a ideia de Mitchell é de que se deve aplicar um modelo de decisão bem simplificada. Em algumas situações vale a pena agir sozinho e, nestes casos, as condições precisam ser previamente bem definidas como o domínio suficiente da tecnologia e técnica envolvidas, e a inexistência de fricção entre a organização e o novo modelo de negócio. Se todos esses pré-requisitos forem cumpridos, a caminhada para o crescimento orgânico tende a ser mais curta e barata, além de permitir o controle do processo.
Entretanto, se a empresa não for detentora dos recursos necessários, faz sentido olhar para fora e buscar a colaboração de outras organizações, que pode ser feita de duas maneiras: licenciamento e aliança, de acordo com a teoria de Mitchell.
A primeira é ideal para resolver questões básicas. O licenciamento é uma alternativa viável quando as partes conseguem descrever a relação com clareza e têm segurança suficiente sobre o regime de propriedade intelectual. O licenciamento inclui também a terceirização.
Já para fazer uma aliança, a empresa deve analisar os pontos de contato entre as duas organizações envolvidas. E só vale a pena seguir por esse caminho se os pontos de contato forem pequenos para que sua empresa não seja sobrecarregada.
Apenas quando o licenciamento e a aliança forem descartados é que as empresas devem pensar em fusões e aquisições. E para que isso dê certo é necessário ter um plano de integração viável. Mitchell defende que precisa haver mais do que uma boa oportunidade de aquisição para partir para esse caminho para crescer.
A Apple é um exemplo de organização que faz bom uso desse framework tríplice, na opinião do professor. A empresa é uma das melhores integradoras da cadeia de valor do mundo porque sabe, justamente, quando construir, quando colaborar e quando comprar, ao passo que os concorrentes estão lutando para produzir micros e smartphones competitivos.
A metodologia da Apple é olhar para cada etapa da cadeia de valor de maneira isolada (pesquisa, desenvolvimento, atividades de produção, atividade regulatória, marketing, distribuição, atendimento, entre outros). O próximo passo é avaliar o que vale a pena implementar em cada fase e se a solução está dentro ou fora de casa.
E num cenário de incertezas e instabilidades como o que vivemos no último trimestre de 2022, a estratégia proposta por Mitchell parece adequada. Para driblar as adversidades dos últimos anos, como a crise das supply chains, vale a pena tentar aplicar a teoria do professor canadense. Ele afirma com convicção: “as empresas que se tornam viáveis em longo prazo são aquelas que adquirem a capacidade de montar um portfólio de atividades de construir-colaborar-comprar”.
Contudo, em meio às urgências e ao gerenciamento de crises no curto prazo, os gestores nem sempre conseguem pensar em estratégias de crescimento sustentável. Conciliar o presente (curto prazo) e o futuro (longo prazo), é justamente o que propõe o planejamento ambidestro.
E para dar suporte nessa implementação, a JValério Gestão e Desenvolvimento e a Fundação Dom Cabral (FDC) oferecem um programa para médias empresas: o Parceiros para Excelência - PAEX. Trata-se de uma solução para quem deseja melhorar seus resultados e aumentar a competitividade, por meio da implementação de um modelo de gestão integrada, da capacitação dos gestores, do intercâmbio de experiências e aprendizados e da construção conjunta do conhecimento.
O programa é composto por metodologias ágeis e flexíveis que conduzem os líderes em discussões profundas sobre a empresa em seu contexto e os capacitam para a gestão estratégica como um processo contínuo, dinâmico e orientado a resultados. O PAEX integra aproximadamente 600 empresas do Brasil, Paraguai e Portugal, o que garante uma riquíssima troca de experiências e aprendizado, além de mentorias com professores renomados da FDC.