A arte de ter uma empresa com o marido ou com a esposa
04/08/2015
É certo que muitas empresas familiares começam com uma ideia do casal. Tal ideia vai se desenvolvendo até virar um empreendimento e essa evolução acompanha a trajetória de marido e mulher. E é aí que reside um grande problema: como separar uma discussão sobre expansão dos negócios de outra sobre o a troca de móveis do quarto do filho?
Então é possível dar certo?
Eduardo Valério, diretor-presidente da JValério, empresa associada à Fundação Dom Cabral, recomenda sempre que haja regras específicas norteadoras para separar questões familiares das questões da empresa. “Na empresa o que deve prevalecer são as competências profissionais demandadas pela empresa. Não basta ser ‘marido’ ou ‘esposa’ para ter assegurada a posição dentro da companhia” esclarece Eduardo Valério.
É normal que apenas um dos lados tenha um conhecimento específico (o marido engenheiro quer montar uma empresa de engenharia com a esposa que é médica, por exemplo). Neste caso, o desafio é alinhar conhecimentos em áreas bem diferentes.
“O que deve prevalecer é o entendimento que, na empresa, qualquer profissional deve ser contratado para atender determinada necessidade. Essa necessidade é traduzida por um determinado cargo que é determinado por um conjunto de competências técnicas e pessoais. Portanto, marido ou mulher na empresa devem atender minimamente a estes requisitos” afirma Eduardo.
O diretor-presidente da JValério explica ainda que quando não há um imediato preenchimento destes requisitos, o mais importante é que o marido ou a mulher procurem complementar seus conhecimentos/competências e habilidades através de cursos de desenvolvimento - bem como vivências e intercâmbios.
Emocional entra em campo
As possibilidades de desentendimentos são maiores por fatores emocionais. A criação de um estatuto ou mesmo de conselhos pode garantir quanto de sucesso nestes temas delicados.
“Sem dúvida, os desentendimentos são inevitáveis . Seus danos serão menores na medida que existam regras específicas e norteadora das relações familiares e profissionais dentro e fora da empresa. Com um conselho de administração na empresa - ou até mesmo um conselho consultivo - os problemas e desentendimentos possuem um ‘fórum’ para a resolução” orienta Eduardo Valério.
E é ainda nessa esfera que discutir problemas da empresa no café da manhã e outras ações que mesclam vida particular com vida profissional minam muito o futuro da empresa e do casal.
Eduardo Valério entende que nestas questões o ideal é que os assuntos empresariais sejam debatidos nos órgãos específicos na empresa (conselhos, reuniões de diretorias, etc). “Há exemplos de empresários (maridos e esposas) onde há um pacto onde assuntos empresariais permanecem na empresa” conclui.
Eduardo Valério separou cinco dicas para evitar confrontos profissionais na vida pessoal dos casais
- Criar regras para definir papéis e responsabilidades dos familiares para com a empresa e entre si;
- Estabelecer um órgão mediador para dirimir os problemas;
- Organizar o planejamento estratégico da empresa - isso ajuda a definir quais as competências essenciais para a empresa;
- Definir como serão as regras de sucessão;
- Evitar ao máximo em fazer com que a empresa seja lugar “cativo”para familiares .
Foto: Pixabay Unsplash
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