Dividendos são direitos e não privilégios nas empresas familiares
15/12/2015
Nem sempre um familiar consegue trabalhar de fato na própria empresa familiar por causa dos dividendos e retiradas fora do padrão. Muitos já ouviram a velha história do “eu sou o dono e posso pegar quanto eu quiser” ou “ah, sou sócio mesmo e um dinheirinho extra não vai pesar no orçamento”.
Bem... é aí que mora o perigo.
Isso vai gerar empresas com saldo negativo e os investimentos que deveriam ser para um setor específico (desenvolvimento de produtos, por exemplo) acabam faltando na conta final somente para atender alguns caprichos desnecessários. Eduardo Valério, diretor-presidente da JValério, especializada em empresas familiares, explica que para evitar que a situação fique insustentável, a empresa deve protocolos para seguir. “Separar o que é remuneração de gestor e o que é remuneração como dono é fundamental. Todos os critérios inerentes à esta separação, bem como as regras norteadoras, devem estar contemplados no acordo de sócios, um importantíssimo instrumento da Governança Corporativa da Empresa Familiar”.
O especialista explica que a sobrevivência da empresa está sempre em jogo quando há este tipo de conflito envolvendo dinheiro e dividendos. Mas sempre há chance de uma empresa familiar seguir em paz quando há confrontos neste sentido.
“Conflitos acontecem em qualquer empresa, seja ela de controle familiar ou não. O que deve estar organizado é o formato de como os conflitos serão resolvidos em função da sua natureza (gestão, familiar ou societário ) assim como o fórum adequado para esta resolução” alerta Eduardo complementando ainda que os conflitos não são, necessariamente, maléficos para a empresa / família desde que tenham as devidas separações que foram citadas anteriormente. E o privilégio é o dividendo? Como fica?
Muitos sócios entendem o dividendo como um privilégio, mas não é bem assim. Eduardo vai além e explica que o privilégio é, de fato, ser proprietário de um negócio/empresa, pois há uma satisfação em poder transformar a sociedade através da atividade da empresa.
“Dividendos não são privilégios e sim direito dos proprietários. Reforço a ideia de que é importante definir todas as regras eletivas à distribuição de dividendos e demais questões relacionadas a este tema. Dando o primeiro passo
A primeira atitude que uma empresa familiar deve tomar para uma boa governança corporativa é explicar a todos os sócios como tudo funciona - incluindo os dividendos.
“Existem vários fatores decisivos para o bom entendimento de papeis e responsabilidade de um sócio. Lembrar sempre que há papéis como ‘dono’, como gestor e como familiar. Estes papeis devem ser acompanhados de regras claras traduzidos em instrumentos e órgãos da Governança Corporativa da Empresa Familiar” finaliza Eduardo Valério.
Foto: Gadini/Pixabay
O que achou sobre o conteúdo? Vamos conversar? Deixe um comentário.