Hora de blindar os negócios: mercado eleva projeção do IPCA

30/05/2024
Hora de blindar os negócios: mercado eleva projeção do IPCA | JValério

Entre os principais efeitos colaterais da inflação em alta estão menos previsibilidade de vendas e queda da competitividade

Quando batemos na tecla a respeito da importância de estar preparado para as volatilidades econômicas, estamos nos referindo exatamente a momentos como o de agora. Isso porque a previsão do mercado financeiro para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) subiu, passando de 3,8% para 3,86%. A estimativa foi anunciada na última segunda-feira, 27/05, no Relatório Focus - pesquisa divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC) com as projeções de analistas e instituições. O que mais chama a atenção é que este foi o terceiro aumento seguido para o IPCA este ano.

Diante do cenário, tudo leva a crer que o indicador responsável por medir a inflação oficial do país irá puxar um período marcado por ligeiras altas que devem durar até, pelo menos, 2026. Bom, é o que dizem os números: indo de 3,74% para 3,75%, em 2025; e de 3,50% para 3,58%, em 2026. Ou seja, se a situação já era vista como ruim pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, as notícias recentes mostraram uma leve piora. As incertezas reverberam tanto no campo internacional como doméstico, mas, sobretudo, internamente após as mudanças na política monetária e na meta fiscal.

Além disso, o Focus estima que 2024 termine com o dólar cotado a R$ 5,05 e no caso da Selic com estabilidade em 10%. Aliás, vale lembrar que, recentemente, nossa taxa básica de juros sofreu forte reversão quando, diante das movimentações da moeda americana e outras conjecturas, o BC decidiu por diminuir o ritmo do corte de juros, que vinha sendo de 0,5 ponto percentual, para 0,25 ponto. Em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), ele se manteve em 2,05%. Apesar da queda de 2,09% para o nível atual, a perspectiva deu uma arrancada por cerca de dez semanas seguidas. Há pouco mais de um mês, era 1,85%. Em fevereiro, permanecia estável em 1,60%.

E os negócios, ficam como?

Ao contrário do que muita gente pensa, não é apenas no bolso do consumidor que a inflação provoca efeitos colaterais. Ou melhor, esse é o primeiro sintoma da subida dos preços, condição capaz de causar distorções que aumentam o custo de vida e reduzem o poder de compra. Diante disso, a imprevisibilidade nos negócios é praticamente certa, uma vez que com uma parte maior da renda comprometida as pessoas tendem a reduzir ou suspender investimentos relacionados a produtos e serviços não essenciais. Por consequência, as empresas de ambos os segmentos veem as vendas despencarem e, de quebra, o faturamento.

Nesse sentido, vale lembrar que, além dos resultados comerciais serem afetados, as finanças empresariais também são impactadas pela inflação. Entre as principais consequências estão o aumento dos custos produtivos e operacionais e o encarecimento das linhas de crédito. Para tentar se proteger desses efeitos, convém elaborar um planejamento estratégico no qual haja foco total no repasse de preços aos clientes, sendo que, muitas vezes, a melhor opção é manter o padrão e a competitividade. Atitudes como a de rever o orçamento a fim de garantir consistência e, quem sabe, implementar alterações que fortaleçam o controle financeiro podem gerar uma desejável segurança frente às turbulências da economia.

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