Conheça a forma de abordagem focada em inovação, conexões genuínas e relacionamentos duradouros tanto com o mercado como com os consumidores
Já se perguntou como as grandes marcas fazem para entregar inovação ao resolver os problemas mais comuns das pessoas? Sim, porque algumas empresas, não satisfeitas em serem bem-sucedidas e faturarem milhões, ainda se destacam ao lançarem produtos e serviços de maneira criativa e colaborativa. A resposta está em uma das ferramentas utilizadas com maestria pelas organizações focadas na criação de soluções e campanhas de marketing tão certeiras e empáticas a ponto de conversarem diretamente com o público-alvo. Estamos falando do design thinking, ou pensamento em design, uma metodologia tão poderosa quanto eficiente. E nem brincando, uma tendência passageira.
Criada para desafiar os padrões mentais e subverter a lógica do processo produtivo, essa forma de abordagem aposta nas ideias críticas e criativas como recurso para criar e recriar. Para tanto, mobiliza diversos setores da estrutura organizacional e profissionais multidisciplinares em prol do mesmo objetivo: atender as demandas de consumidores hiperconectados e com vozes amplificadas pelas redes sociais. O que, a princípio, pode parecer uma missão quase impossível, é na realidade perfeitamente viável de ser colocado em prática independentemente do tipo e porte do negócio.
Quer saber como o design thinking pode ser aplicado no seu dia a dia também? Conheça as estratégias por trás da Natura, Ambev e Havaianas. E, claro, inspire-se!
Muito se fala sobre o conceito design thinking e, certamente, se faz necessário. Todavia, para te fazer entender como chegar a um método cercado das condições ideais para sua implementação precisamos partir para a prática. Para tanto, vamos imaginar que sua empresa decidiu investir tempo e recursos no desenvolvimento de um novo produto. Apesar de ser mais desafiador do que adequar ou aperfeiçoar detalhes de algo já existente, agregando valor ao item ou proposta em questão, partimos do pressuposto de que o mercado está latente por esse tipo de movimento audacioso.
Afinal, atualmente, a maioria de nós busca mais do que simplesmente realizar uma compra, mas, sobretudo, queremos vivenciar experiências de consumo impactantes. De preferência, com capacidade para fortalecer a sensação de pertencimento daqueles que, até pouco tempo, eram considerados meros clientes. Portanto, a primeira lição seria a de se colocar no lugar de cada um a qual o projeto pretende chegar para além de observar seu comportamento, estabelecer um diálogo aberto sobre seus valores e desejos. Até que, finalmente, possamos definir um escopo tangível de ser concebido e com o máximo de conexões genuínas com os interlocutores - que, ao serem ouvidos, se tornam, inclusive, embaixadores graças à qualidade, coerência e autenticidade do branding.
Enquanto gestor, responsável pela tomada de decisões capazes de definir os rumos do empreendimento, convém saber que não inventaram uma fórmula mágica. Em contrapartida, existem etapas que podem ser seguidas para fomentar o surgimento de insights valiosos, bem como incentivar a diversidade de perspectivas e uma cultura voltada à inovação. Vejamos quais são elas abaixo.
Significa “mergulhar” em tudo o que envolve e afeta a empresa de modo geral. Aqui, não dispense fazer uma análise SWOT para mapear ameaças, oportunidades, fraquezas e pontos fortes. Lembrando que a opinião interna vale tanto quanto a das demais partes interessadas. Sendo assim, abra espaço aos feedbacks, observe o desempenho dos colaboradores, busque conhecer e seguir a política organizacional e, principalmente, faça uma análise do nicho de atuação. Feito isso, pesquise o maior número de informações para entender profundamente o assunto e identificar qual será a sacada com mais chances de ser bem-sucedida. Entre as ações executadas, estão observações, entrevistas, formulários, pesquisas e vivências.
Fase anterior concluída, é hora de pegar todo o material coletado e analisado para produzir ideias relevantes para realizar as melhorias necessárias. Com um entendimento sólido do contexto, a equipe sente-se motivada a gerar subsídios e conteúdos personalizados. Não por acaso, o departamento de mkt costuma utilizar técnicas de big data para obter dados de usuários presentes no ambiente digital. De agora em diante, invista em reuniões de brainstorm, incentivando a liberdade de expressão e o pensar fora da caixa.
Não elimine as ideias que ficaram entre as últimas em sua lista. Determine alguma forma de arquivá-las, pois elas podem ser úteis no futuro. Toda metodologia prevê retorno: se lá na frente algo não funcionar como esperado, é nas hipóteses não utilizadas que sua equipe poderá encontrar novos caminhos sem ter de refazer todo o processo. Seu produto precisa estar aberto as mudanças e responder com agilidade ao feedback recebido, endereçando problemas decorrentes do uso que não haviam surgido em etapas anteriores.
No universo do design thinking, errar não é um tabu, mas uma etapa vital do processo criativo. Por meio da prototipagem, a experimentação passa por um filtro que mantém apenas as propostas mais relevantes a fim de minimizar os riscos após a conclusão. Em outras palavras, esse é o momento de pensar em uma versão beta para realizar testes e decidir se está tudo pronto para ser finalizado. No caso dos serviços, mais abstratos, já há representações gráficas que simulam situações reais, a exemplo da Inteligência Artificial. Dica de ouro: Protótipos devem ser rudimentares e baratos. Quanto mais você investir neles, mais chances de se apegar ao ter que validar. Entre as opções estão maquetes, construções com legos e papel, estruturas em isopor ou produzidos em impressoras 3D;
Eis o ápice do design thinking, quando podemos tirar do papel todo o planejamento. Se foi lançar um produto ou serviço inédito, convém providenciar a divulgação para evitar que ele caia no ostracismo. Quando os setores de mkt, comunicação e publicidade e propagando unem forças fica mais fácil atingir o público. Caso não haja recursos suficientes, uma saída é buscar sites de crowdfunding, crowdsourcing e ficar atento ao lançamento de editais de fomento à inovação.
Nada como um bom case de sucesso para motivar, não é mesmo? Conheça a história de três gigantes que fizeram do limão uma limonada, ou melhor, do design thinking o degrau para aumentar as vendas e fortalecer o relacionamento com os consumidores.
Referência no mercado de cosméticos mundial, a Natura passou por um processo de rebranding. Tudo começou quando a marca identificou que já não contava com o mesmo apelo de outras épocas, especialmente entre o público mais jovem. Para solucionar o problema, realizou entrevistas com consumidores e colaboradores para conseguir identificar diversas percepções diferentes sobre seus produtos e serviços. Então, desenvolveu um processo criativo que alterou diversos de seus elementos, desde as informações nas embalagens até sua identidade visual.
O exemplo mais conhecido é o caso dos shampoos e condicionadores “Sou”. A fabricante precisava desenvolver produtos para cabelo 30% mais baratos do que a sua linha mais básica e ainda reduzir em 50% o impacto ambiental da embalagem em relação a outras usadas pela Natura. Para encontrar o melhor caminho, pesquisadores se hospedaram na casa de consumidores para verificar como eles usavam o shampoo no dia a dia. Eles perceberam que as pessoas preferem comprar refis por serem mais baratos e ocuparem menos espaço no armário do banheiro.
Assim foi o processo de design thinking da Natura, que resultou em uma embalagem 70% mais barata e que ocupa 94% menos espaço que a média de outros vidros de shampoo. Hoje, a linha Sou é o cosmético mais sustentável da multinacional.
O reposicionamento da marca Tônica Antarctica, em 2017, é um exemplo de design thinking da Ambev, que tem um núcleo interno de inovação e programas de impulsionamento de startups. As vendas estavam aquém do potencial do mercado. Uma das hipóteses era que os jovens não conheciam o produto, apesar de ser a primeira água tônica do Brasil, lançada em 1914.
Para encontrar uma saída, a Ambev fez uma parceria com a Questtonò, consultoria internacional de estratégia e design. Os pesquisadores da empresa foram a bares participar de rodas de conversa com jovens e descobriram um sentimento de insegurança nesta nova geração, relacionada principalmente aos aspectos financeiro e profissional. A partir desse desabafo, a marca abordou o sentimento de transição para a vida adulta com a tagline “o amargo transforma”.
A abordagem do design thinking para reposicionar a Tônica Antarctica resultou em um aumento no número de consumidores e planos de estender a linha de produtos da marca.
Até o início da década de 1990, as sandálias Havaianas tinham como público-alvo a população de baixo poder aquisitivo. Contudo, diante da pirataria e seus preços insuperáveis, a marca começou a ser deixada de lado. Diante do cenário, a empresa passou por um reposicionamento que é motivo de estudos por publicitários: passou a produzir para as classes mais altas e comunicou isso via anúncios nos quais celebridades passavam por situações inusitadas com os chinelos nos pés. Para fechar, o slogan “todo mundo usa”. Há quem diga que não houve nada mais brilhante em se tratando de rebranding.
Se você visitou uma de suas lojas recentemente, provavelmente notou a mudança. Hoje, além da variedade de chinelos, são oferecidas bolsas, toalhas, chaveiros e outros produtos. Essa diversificação do mix não foi por acaso. A empresa passou por um processo para identificar as oportunidades de mercado, chegando à conclusão de que oferecer esses itens poderia ser benéfico para suas operações.
Para o lançamento específico da linha de bolsas, a empresa conduziu entrevistas por todo o país e no exterior. Quando chegou a um consenso sobre as características que o produto deveria ter, a Havaianas não partiu direto para a execução. Primeiramente, foram produzidos protótipos que passaram por testes e adaptações. Só depois dessa etapa, foi realizado o lançamento, que ocorreu durante uma edição do São Paulo Fashion Week.
Deixamos para o final o case da UberEats, no qual o design thinking foi utilizado para dar novas respostas a problemas antigos. Desde que o mundo é mundo, precisamos nos alimentar. Com a expansão dos serviços delivery, a prestadora de serviços eletrônicos na área do transporte privado urbano revolucionou o setor ao entregar comidas de forma descomplicada.
Para isso, criou um sistema que conecta clientes, entregadores e restaurantes com velocidade e praticidade impressionantes. Antes de entrar em ação, os designers da marca foram a campo testar várias versões do recurso e determinar qual executaria o melhor desempenho em qualidade e mobilidade. Ao explorarem in loco os locais onde os clientes vivem, moram, trabalham e comem - de São Paulo a Bangkok - o aplicativo uniu duas funções e vem sendo constantemente “alimentado” com novas funcionalidades.
Como na célebre frase do pintor, Pablo Picasso, “que a inspiração chegue não depende de mim. A única coisa que posso fazer é garantir que ela me encontre trabalhando”. Este é o princípio por trás do design thinking, garantir que as empresas consigam inovar pelo método. Para esse e tantos outros temas que resultam em modelos robustos de gestão, a JValério tem o PAEX. Um programa feito para gestores com visão ampliada e voltados ao futuro.