Professora da FDC acredita que o alto rendimento dos colaboradores depende da comunicação assertiva, da sensação de pertencimento e da criação de um ambiente seguro e confiável no trabalho
O esporte é uma verdadeira aula para as lideranças que querem tirar o melhor proveito dos seus colaboradores e elevar o rendimento das suas equipes. Mesmo que o resultado final não seja a medalha de ouro, o trabalho de um time numa partida mostra como a união faz a força. E todo esse espírito de colaboração em torno de um propósito em comum é cultivado pelo líder dentro e fora das quadras. Afinal, o jogo é apenas a conclusão de um trabalho intenso e extenso, que começa muito antes do apito do juiz.
Liderar é desafiador e o advento do trabalho remoto ou híbrido tornou a liderança ainda mais ofensiva. A boa notícia é que a capacidade de liderar pode ser desenvolvida. Em sua obra “O melhor do Cortella: trilhas do fazer”, o professor e palestrante, Mario Sérgio Cortella, afirma que liderança não é dom, mas uma virtude. “É exatamente porque não é um dom que podemos debater o tema. Porque, se fosse dom, não haveria discussão: a pessoa nasce ou não com esse traço; ela possui ou não. Já que não é dom, podemos considerá-la virtude”, reflete.
Na visão de Cortella o papel do chefe não é dar ordens, mas de ser aquela figura com brilhos nos olhos, que inspira e cativa. “Enquanto a chefia é caracterizada pelo poder de mando sustentado pela posição que a pessoa ocupa em determinada hierarquia, a liderança é uma autoridade que se constrói pelo exemplo, pela admiração, pelo respeito”, aponta o professor em seu livro.
A professora e mestre em Administração com ênfase em inovação e competitividade, Roseluci Ramos, da Fundação Dom Cabral (FDC), acrescenta que o líder é sinônimo de referência tanto no comportamento quanto na condução técnica da gestão da sua área de atuação. Por isso, sua influência deve ser clara e direta para orientar como o trabalho deve ser organizado.
E com a regulamentação por lei das novas formas de trabalho, remoto e híbrido, os líderes precisam aumentar sua sensibilidade e compaixão. No entanto, tais atributos não devem ser confundidos com o ideal de um personagem “bonzinho”. “Não tem a ver com maldade ou bondade, tem a ver com organização, diretrizes e justiça, para que três aspectos essenciais possam ser trabalhados nesse momento: clareza de diretrizes, condições de trabalho e desenvolvimento de habilidades”, diz (fonte: Portal Consumidor Moderno).
Quais são as metas, os objetivos e o papel de cada um dentro de uma equipe é um dos atributos das lideranças. Elas precisam dar garantias para que cada colaborador possua condições mínimas de exercer suas funções, independentemente de onde esteja alocado para realizar o trabalho: em casa ou no escritório.
E, no caso das modalidades remotas ou híbridas, as lideranças precisam aprimorar a comunicação e garantir os encontros, mesmo que haja barreiras físicas. “É importante que as lideranças estejam atentas aos sinais de angústia, de estresse. E que a própria liderança se cuide, olhe para si mesma. E que olhando para si, possa respeitar o início e o final das rotinas de trabalho. Para que as pessoas não se sintam exauridas pelo desejo de fazer entregas ou até por medo da concorrência”, aconselha Roseluci Ramos (Fonte: Portal Consumidor Moderno).
Ela acrescenta que é estatístico e real que o engajamento dos colaboradores atinge níveis muito mais satisfatórios quando eles são motivados por líderes inspiradores.
A falta da presença física deve ser compensada por reuniões virtuais interativas. As câmeras devem ficar abertas e os encontros devem reservar um momento para feedbacks. Essas são estratégias para manter a conexão do time com a liderança e demais membros da equipe. Redes sociais da organização, grupos de whatsapp e outras plataformas de comunicação também mantém a equipe próxima.
“Quanto mais essas questões de aproximação, de fortalecimento da conexão forem colocadas em prática, menores são as oportunidades do entusiasmo e do senso de pertencimento serem minados. Há que se ter um grande esforço coletivo para que aquilo que é tão salutar, principalmente para nós, sul-americanos, que somos altamente relacionais, possamos nos sentir menos sozinhos e menos desacompanhados”, pontua Roseluci (Fonte: Portal Consumidor Moderno).
Em sua rotina como professora da FDC, ela relata que recebe feedbacks positivos de organizações cujas lideranças desempenharam bem seu papel no trabalho remoto. Muitas delas tiveram aumento de produtividade e comprovaram que a experiência deu certo. “Faz muita diferença quando o líder, ou a líder, equilibra seu papel de gerência – que é cuidar de processos – com o papel de líder, que é estar atento ao quesito pessoas, no cuidado, na clareza, na ampliação de olhares, no entendimento”, destaca Roseluci.
Não importa o modelo de trabalho: a sensação de pertencimento, um ambiente que preza pela segurança psicológica e que demonstra compaixão e empatia são decisivos para formar um time motivado, independente das crises.
Além disso, os líderes devem cumprir suas palavras. “O líder precisa demonstrar sua capacidade de gerar credibilidade por meio da força do seu caráter na maneira íntegra como se coloca diante de suas promessas, suas posturas”, finaliza a professora (Fonte: Portal Consumidor Moderno).
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