Escolas de negócios podem ser parceiras na construção de um modelo de gestão de negócio mais robusto para enfrentar as adversidades de um cenário volátil, na qual as mudanças são perenes
Faltam cerca de 100 dias para o fim de 2022 e é chegada a hora de colocar no papel as estratégias para o próximo ano. E o grande desafio para os gestores é: como fazer diferente? Como criar um plano estratégico com cara de novo e que não pareça uma cópia das propostas elaboradas para os últimos 12 meses?
Em um artigo publicado na Harvard Business Review, o CEO estrategista e professor Graham Kenny, que leciona em universidades nos Estados Unidos e Canadá, usa o termo “negócios como de costume” para se referir aos executivos que realizam workshops de estratégia todos os anos, em vão. Segundo ele, no final, o desenho do planejamento estratégico segue o modelo do anterior. E esse é o pecado capital das empresas: transformar aquilo que deveria ser novo no velho, no mesmo de sempre.
Para Paulo Vicente, professor de estratégia da Fundação Dom Cabral (FDC) tem uma recomendação para que os gestores não corram o risco de repetir o passado. O caminho para o novo passa pelo desenho das estratégias levando em conta três horizontes: curto, médio e longo prazo. É isso que chamamos na atualidade de planejamento ambidestro: aquele que combina o planejamento estratégico tradicional, com foco anual, com objetivos de longo prazo.
A curto prazo, conforme Vicente, é sinônimo de caixa. “As empresas terão que se entesourar mais. Isso diminui o retorno sobre ativos porque é dinheiro parado. Mas também força elas buscarem alternativas financeiras para melhorar a gestão de caixa, mas o caixa estará lá por uma questão de segurança para quando vier uma crise do curto prazo do nada você tenha recursos”, aponta Paulo Vicente (Fonte: “Vamos entrar no mantra da resiliência”, diz professor de estratégia | Estela Benetti | NSC Total).
O padrão do prazo médico é a tradução da metáfora do camelo, o animal que está mais preparado para enfrentar as adversidades do cenário atual: para sobreviver na escassez do deserto, as empresas precisam pensar em seis níveis: internacionalização, inovação, sustentabilidade, melhor gestão de cadeia de suprimentos, marca e pessoas.
Por fim, o olhar para o futuro, que é que define as estratégias de longo prazo, diz respeito à gestão de risco. “As organizações descuidaram, e ainda descuidam muito da gestão de risco”, avalia Paulo Vicente.
Na opinião dele, o ano de 2023 será de gestão de risco. “Os gestores não devem buscar performance, mas sim resiliência e resistência. O planejamento empresarial deve olhar para os cenários, olhando a crise que vivemos e pensando no futuro. Avaliar as matrizes de impacto, o cenário atual e a perspectiva de futuro e o plano de ação de fato”, explica Vicente.
Paulo Vicente faz mais um alerta para as lideranças: “tempos desesperados requerem medidas desesperadas”. Na visão dele, essa é a frase que traduz o cenário atual, em que as mudanças são abruptas e constantes. O momento exige dos gestores pés no chão para reduzir a ansiedade e cultivar a resiliência para enxergar as saídas de emergências numa trajetória tortuosa, marcada por um emaranhado de crises. Afinal, após 30 anos, estamos vivendo novamente em um mundo em guerra.
No artigo da Harvard Business Review, o professor Graham Kenny, aponta três passos para as empresas que quiserem fugir do tradicional e migrar para a criatividade e inovação na hora de criar o planejamento estratégico.
Os próprios livros didáticos reforçam o pensamento convencional em torno da estratégia e a colocam como algo que precisa ser “desenvolvido”. Inevitavelmente, os executivos são endereçados a olhar para dentro da organização e ficam presos nas ideias clássicas ao invés de buscar a novidade.
Para sair desse labirinto, na opinião de Graham Kenny, o verbo “desenvolver” deve ser substituído pelo verbo “descobrir”. As respostas para um planejamento estratégico realmente novo estão fora e não dentro dos muros das organizações.
Não há problemas em admitir que “não sabemos”. A humildade em assumir a vulnerabilidade e o espírito indagador para correr atrás e assumir o controle vale mais do que a arrogância.
Outro professor da FDC, professor Heitor Coutinho, que atua nas áreas de estratégia, mudanças organizacionais e gestão avançada de projetos, segue o mesmo raciocínio do docente americano de Graham Kenny. Coutinho enfatiza a importância da agilidade: um dos adágios da gestão corporativa para que as empresas se adaptem às sucessivas crises que são uma condição perene no mundo contemporâneo.
“A agilidade representa uma capacidade de se adaptar às mudanças que ocorrem no ambiente externo em tempo hábil. Esse é o conceito principal. Mas a agilidade está relacionada também à capacidade das lideranças de lidarem com uma nova lógica da competição. Não foi só a estratégia que mudou, mas também os fatores que compõem o cenário competitivo”, argumenta Coutinho.
Um desses fatores é a taxa de aprendizagem. Na prática, significa que quem conseguir aprender mais terá vantagem competitiva. Outro aspecto relevante é saber desaprender, ou seja: desapegar de conceitos de gestão ultrapassados. “A estratégia clássica, que está presente nas organizações há mais de 60 anos, precisa ser redefinida. A mentalidade empresarial, que se reflete na mentalidade dos líderes, está presa a uma cultura enraizada de que o mundo é estável e, portanto, que é possível fazer previsões a longo prazo”, explica Heitor Coutinho.
Para ilustrar o terceiro ponto, Graham Kenny cria Felix, um personagem que representa a figura do gestor. No caso, ele é um executivo sênior e trabalha numa empresa de saúde. Na pandemia, vislumbrou a oportunidade de gerar valor na prestação de serviços, melhorar a experiência para os clientes e os resultados de saúde. Felix quis ir além do seguro de saúde e recorreu a um parceiro na área de automação para criar um aplicativo para o cliente. Essa foi a maneira encontrada pelo executivo para inovar e criar um verdadeiro valor para o cliente e uma vantagem competitiva.
A grande lição que podemos aprender com Felix é superar a relutância em sair da caixa e fazer algo novo, mesmo em momentos de crise. Nem sempre é fácil sair das nossas quatro paredes, mas quando falamos em encontrar parceiros ideais, também estamos nos referindo a buscar um suporte que nos ajude a romper as barreiras da cultura organizacional.
As escolas de negócios podem ser essas parceiras. Além do aprimoramento dos conhecimentos e atualização sobre metodologias ágeis de gestão, voltar para a sala de aula é uma forma de conhecer outros empresários e passar por um intercâmbio de ideias. É uma maneira de ver o que deu certo nas outras empresas e tentar implementar algo que gere valor no nosso negócio.
E esse é o objetivo do PAEX - Parceiros para a Excelência, uma solução da Fundação Dom Cabral e da JValério Gestão e Desenvolvimento que ajuda os gestores a saírem da zona de conforto e buscarem a inovação.
O PAEX é um programa para as médias empresas que proporciona intenso aprendizado em rede, amplia a visão estratégica, aumenta a capacidade dos executivos em resolver problemas, desenvolve competências gerenciais de ponta e constrói um modelo de gestão orientado à estratégia e resultados.
A excelência e tecnologia de ponta em gestão, a troca de experiência, a formação de executivos e equipes de alta performance e o acompanhamento da FDC elevam os resultados com a intensidade e a velocidade que a sua organização precisa.
Para enxergar além e criar um planejamento estratégico que seja realmente novo, é preciso mudar de atitude, como falamos ao longo deste post.
Como dizia Albert Einstein: “insanidade é: fazer a mesma coisa várias vezes e esperar resultados diferentes”.