Para não escorregar na legislação, empresas devem treinar os colaboradores e conscientizá-los sobre a importância da proteção dos dados para evitar multas e ganhar a confiança do cliente
A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) entrou em vigor no Brasil em 2018 de maneira escalonada. E, desde agosto de 2021, as empresas estão sujeitas a sanções administrativas em decorrência do não cumprimento das regras impostas sobre o tratamento de dados pessoais no país. Quem violar a legislação pode receber advertências, multas, bloqueios, suspensões ou limitações, parciais ou totais, ao exercício de suas atividades. Por isso, esse assunto deve estar presente na estratégia de negócios de médias empresas.
“A LGDP pode ser uma oportunidade de crescimento para empresas porque estimula a atualização do modelo de gestão dos negócios, como o uso de dados de forma ética. A implementação de boas práticas torna-se um caminho natural para aumentar a confiança entre clientes e colaboradores. Por outro lado, a pressão regulatória da Lei exige um grande esforço para o controle de qualidade no tratamento dos dados pessoais e para o aumento da responsabilidade nas medidas organizacionais de gestão do risco cibernético. As multas podem chegar a 2% do faturamento, com um limite de R$50 milhões por infração. Ainda não podemos medir o impacto real que as penalidades terão no ambiente de negócios no Brasil, mas essa é uma preocupação real”, avalia Clodoaldo Oliveira, diretor executivo da JValério Gestão e Desenvolvimento.
Para que a nova legislação não se torne sinônimo de prejuízo, as empresas precisam se conscientizar e qualificar seus colaboradores. Uma pesquisa realizada pela Associação Internacional de Profissionais de Privacidade (IAPP, na sigla em inglês) aponta que mais de 70% das violações de dados são causadas por erro humano. “Mesmo as empresas que já adotaram políticas de compliance precisam estar atentas para que todas as normas determinadas pela LGPD sejam cumpridas. Investir em treinamentos é um caminho para garantir que todos os colaboradores estejam alinhados com todos os detalhes da legislação”, reflete Oliveira.
Um estudo da Delloite mostra que as empresas com uma estrutura de governança corporativa estão investindo na administração de acessos de dados no contexto da LGPD. Contudo, a capacitação de pessoas para lidar com esses dados ainda não é uma prioridade entre as organizações entrevistadas.
As implicações para as empresas que não andarem na linha nas questões da LGPD vão além dos problemas jurídicos e financeiros. O impacto pode ser na reputação, ou seja, na percepção dos consumidores em relação à marca. “Os danos causados à imagem negativa são imensuráveis. Por conta de todos esses fatores, as empresas precisam fazer a lição de casa e adotar boas práticas para eliminar os riscos e atingirem bons índices de confiança e desempenho”, afirma Clodoaldo Oliveira.
A IAPP recomenda um plano de seis passos para o desenvolvimento de um programa de capacitação in company para preparar os colaboradores para seguirem todas as regras da LGPD. São eles:
Além da LGPD, são muitas as mudanças no campo da gestão. Podemos citar a transformação digital e a implementação da ESG (sigla em inglês que remete ao meio ambiente, pessoas e boas práticas de governança) como parte das tendências que se tornaram realidade e que devem estar na agenda de prioridades das lideranças.
Nem sempre os gestores conhecem os caminhos para implementar todas as ações para garantir a sustentabilidade e a longevidade do negócio e buscar suporte fora dos muros da organização é uma forma de encurtar das distâncias entre a teoria e a aplicação das ações, na prática.
A JValério Gestão e Desenvolvimento e a Fundação Dom Cabral (FDC) possuem um programa para médias empresas voltado para a adoção de um sistema de gestão mais robusto. O planejamento ambidestro - que concilia as necessidades do curto e longo prazo - é uma das matrizes do PAEX (Parceiros para a Excelência) para formar gestores de alta performance e capazes de planejar ações para o próximo ano, mas sem deixar de lado as projeções para o futuro.
As empresas comandadas por líderes conectados às tendências do mercado possuem, naturalmente, um diferencial competitivo. O programa vem cumprindo essa expectativa há mais de duas décadas. Cerca de 600 empresas do Brasil, Paraguai e Portugal já passaram por essa experiência. Outro diferencial do programa é o intercâmbio de lideranças, uma oportunidade para os gestores trocarem impressões entre si sobre o presente e o futuro.