Programa de desenvolvimento de conselheiros ensina novas atribuições do cargo num mundo de alta volatilidade; eles são guardiões e gurus estrategistas nas empresas
Nos anos 1960 e 1970 eram os executivos que davam a palavra final na tomada de decisões nas empresas. Os Conselhos de Administração já existiam, mas o papel desse órgão se restringia ao cumprimento da lei e confirmação das resoluções da diretoria. No entanto, as mudanças no modelo de gestão iniciaram na década de 1980, quando assistimos no Brasil mudanças na economia. Foram essas transformações que orientaram, na década de 1990, uma reestruturação do controle societário nas organizações.
É nesse momento que as empresas começam a se dedicar à governança corporativa. O conjunto de práticas adotados pelas companhias para trazer transparência para as transações econômicas refletiu na participação ativa dos investidores externos nos Conselhos de Administração.
A internacionalização dos negócios exigia um novo papel dos Conselheiros, que passaram a atuar para maximizar a riqueza dos acionistas e arbitrar conflitos existentes entre os que se relacionam com a organização – acionistas majoritários e minoritários, auditores externos, administradores e conselhos fiscais.
“Foi assim que o Conselho de Administração ganhou mais espaço na governança corporativa. Por meio dele há a descentralização das sentenças por parte dos CEO’s, diretoria e presidência e as resoluções são de responsabilidade coletiva. O cargo é de alta responsabilidade e, inclusive, há programas de certificação de Conselheiros”, conta Clodoaldo de Oliveira, diretor executivo da JValério Gestão e Desenvolvimento.
Além disso, o Conselho de Administração é um espaço de interação entre o acionista e outros stakeholders, o controle corporativo do mercado, os sistemas de finanças corporativas e a regulação nacional e internacional. E esse ambiente de compartilhamento afeta o planejamento da empresa (a construção de estratégias) e o monitoramento dos executivos. Os Conselheiros acabam sendo “modelos” para as diretorias e a consequência positiva é da nova dinâmica é a melhoria nos processos de gestão. Por essa razão, o Conselho está se tornando foco das reformas de governança corporativa.
Confira no post de hoje as novas atribuições do Conselho na era pós pandemia e num mundo ne guerras.
Um dos legados deixados pela Covid-19 é que as empresas devem se preparar para conviver com mudanças abruptas em seu modelo de negócio e fazer uma revisão constante no planejamento estratégico. Os tempos modernos requerem a criação de um comitê de crise subordinado ao Conselho de Administração. A função principal desse comitê é analisar e compreender a exposição de natureza financeira, operacional e estratégica de uma organização durante um período de crise.
A saúde mental já estava na pauta dos executivos quando fomos surpreendidos por uma pandemia. A crise sanitária colocou o tema como uma prioridade na agenda dos gestores e merece o acompanhamento do Conselho. Em conjunto com o departamento de Recursos Humanos, os Conselheiros devem criar políticas de saúde - física e mental - e adotar ações que promovam o bem-estar dos colaboradores.
Vale lembrar que a pandemia não acabou e os cuidados no ambiente de trabalho devem continuar: os gestores devem agir com máxima responsabilidade para controlar a contaminação pelo Coronavírus nas suas dependências e nas comunidades em que atua.
Além disso, à medida que o home office e o regime híbrido se tornaram um caminho sem volta, o Conselho deve avaliar se os procedimentos de segurança de dados adotados e a infraestrutura de tecnologia disponível na casa dos colaboradores permanecem adequados.
A pandemia já havia soado o alarme do risco de interrupção da cadeia produtiva em razão da falta de suprimentos. E a guerra desencadeada pela Rússia colocou o mundo em alerta máximo: a dependência de fornecedores de insumos pode trazer prejuízos para a organização. Não dá mais para postergar um planejamento estratégico exclusivo para o fluxo de produção e avaliação de novas alternativas para o processo produtivo e para a cadeia de suprimentos, buscando a identificação de novos fornecedores. Essa revisão deve fazer parte da rotina dos Conselhos, que também devem colocar em seu radar planos logísticos e de contingência para o escoamento de produtos.
Infelizmente, o Brasil bateu recorde de mortes em 2021, por conta da pandemia - dados da Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg/BR) registraram 1.726.447 óbitos no ano passado. A transição compulsória na gestão, causada pelo falecimento precoce de lideranças, mostra a importância do colegiado em pleitear o desenvolvimento de um plano de sucessão, identificando as pessoas que possam intervir imediatamente para ocupar o lugar de profissionais-chave (tanto em funções C-level quanto operacionais) que por questões de saúde necessitem de afastamento, além de uma substituição definitiva em caso de morte.
O Conselho deve atuar ao lado da diretoria financeira e avaliar o impacto da pandemia nos resultados financeiros de curto e longo prazos. Juntos, devem considerar, por exemplo, necessidade e a viabilidade de obtenção de linhas de crédito e financiamento para saneamento de dívidas ou para realização de novos investimentos. Também é papel do Conselheiro analisar as ofertas públicas não solicitadas de compra das ações da companhia e que possam ser encabeçadas por investidores estratégicos. Outra avaliação que deve ser feita são as oportunidades de aquisição de empresas com bons atributos operacionais, mas que tenham se tornado vulneráveis durante a crise causada pela Covid-19.
Cabe também aos Conselhos de Administração identificar as mudanças nas rotinas de trabalho e no ambiente de negócios ocasionadas pela pandemia que terão efeitos potencialmente duradouros para a empresa. O Conselho deve auxiliar os gestores na preparação da retomada gradual de suas operações tendo em vistas as novas práticas que aprendemos durante a pandemia.
Num momento de alta volatilidade e extrema incerteza, os Conselheiros são os guardiões e gurus das organizações em todas as áreas!
E para contribuir com a formação de Conselheiro a JValério Gestão de Desenvolvimento em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC) promovem o PDC - Programa de Desenvolvimento de Conselheiros.
O programa prepara Conselheiros de Administração para a função e promove a compreensão sobre as responsabilidades do cargo. Proporciona também a reflexão profunda e desenvolvimento de uma base sólida de fundamentos, sem perder a articulação com a aplicação prática. A metodologia utilizada será a do Board Case: simulação prática e instigante das etapas de preparação e execução de uma reunião do Conselho de Administração.