Em tempos em que as empresas têm dificuldade para contratar profissionais, formação continuada deve ser estimulada
Uma pesquisa da Robert Half, líder no mercado de recrutamento específico, em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC), chama a atenção para dois movimentos que estão crescendo no Brasil: o Upskilling e Reskilling. Ambos são formas de qualificar e reciclar os próprios profissionais para que aprimorem habilidades e sejam capazes de exercer novas funções. O estudo ouviu 664 recrutadores.
O objetivo do levantamento, conforme Paul Ferreira, professor e diretor do Centro de Liderança da FDC, é compreender o que as organizações priorizam no setor de Recursos Humanos. “Queríamos saber as competências que procuram e as que os profissionais oferecem. Há um boom de ofertas de vagas de tecnologia, mas o gap entre a demanda das empresas e a falta de profissionais qualificados exige um olhar aprofundado”, diz.
A pesquisa apontou que 42% dos entrevistados, inclusive, estão com vagas abertas porque não conseguiram ‘garimpar’ alguém com os pré-requisitos necessários para ocupar o cargo. Além disso, para 66% dos participantes do levantamento, a contratação de profissionais foi classificada como difícil ou muito difícil.
A grande lição é que investir no desenvolvimento de soft skills (desenvolvimento de liderança, adaptabilidade, pró-atividade) e hard skilss (principalmente competências digitais no pós-pandemia) do próprio time devem ser encarados como uma solução melhor que a abertura de vagas externas. Quando a contratação se assemelha a uma ‘caça ao tesouro’, a chave do baú pode estar do lado de dentro dos muros das organizações.
O Reskilling, que é a capacidade que o indivíduo tem de adaptar as suas habilidades para uma transição de carreira, por exemplo, é um bom negócio para a companhia e para o colaborador, principalmente em tempos de economia pós-Covid.
A pandemia acelerou tendências como a digitalização, a automação e a inteligência artificial e os colaboradores que não poderiam ser aproveitados com a implementação de novos processos têm a oportunidade de se recolocar, sem mudar de empregador.
Do outro lado do balcão, as empresas têm a chance de capacitar um colaborador, que já conhece a cultura organizacional local, para exercer uma nova função. Trata-se também de uma alternativa para reter talentos e oferecer um plano de carreira - fator de motivação e engajamento, que são muito baixas no Brasil.
A pesquisa mostrou que 40% das empresas realizaram treinamentos in company desde a metade de 2020 para cá. As companhias de grande porte foram aquelas que mais investiram em qualificação profissional interna durante a pandemia e as três principais razões foram: cultura da empresa (59,1%); mudanças organizacionais (56,9%); e treinamento de funcionários em novas tecnologias (49,7%).
Os entrevistados durante o estudo disseram ainda que as áreas de gestão de pessoas (40,85%), tecnologia da informação (36,9%), e vendas e marketing são ás áreas que mais praticam o Upskilling e Reskilling.
Muitas empresas, que não tem condição de formar profissionais em determinadas áreas, delegam o desenvolvimento da equipe para instituições como a FDC, que já foi eleita pelo Financial Times como uma das melhores escolas de negócios do mundo. É que, nem sempre, a necessidade está associada a uma competência técnica. “Cada vez mais se exigem competências sociais e de relacionamento. Aquela situação de 20 anos atrás, em que a pessoa se imaginava fazendo sempre a mesma coisa, não existe mais”, ressalta Paul Ferreira.
Os próprios executivos já despertaram para essa consciência e, muitas vezes, a busca por uma pós-graduação, para aprimorar e desenvolver novas habilidades é vista como algo primordial para a manutenção do próprio emprego. “A FDC oferece especialização e cursos customizados para apoiar cada indivíduo no mapeamento das suas necessidades. Ele precisa ter visão da carreira a longo prazo para saber como manter sua empregabilidade”, aconselha Paul Ferreira.
Clodoaldo Oliveira, diretor executivo da JValério, associada à FDC, salienta que o Upskilling e o Reskilling passam pelo conceito de lifelong learning: um caminho sem volta para quem quer ser bem-sucedido. “Não basta ter um diploma para fechar um ciclo de aprendizagem. E a educação continuada se tornou obrigatória num mundo onde o surgimento de novas tecnologias determinam novos modelos de negócio num curto espaço de tempo e fazem as pessoas repensarem a trajetória profissional, a cada instante”, destaca Oliveira.
Ele acrescenta que o lifelong learning deve ser enxergado como um estilo de vida, num tempo em que vivemos uma nova Revolução Industrial: alguns empregos estão surgindo e outros entrando em extinção. Com a automatização, empregos de nível médio, por exemplo, tendem a desaparecer.
“As pessoas não se aposentam mais tão cedo e são estimuladas a se reciclar para galgar novas posições, alcançar novos patamares de remuneração e se manter ativas no mercado. Já para as empresas, a capacitação pode ser sinônimo de performance. E a eficiência do time está relacionada à rentabilidade do negócio. Por isso, a formação profissional é um diferencial competitivo no mercado de trabalho”, salienta Oliveira.
Paul Ferreira alerta que as empresas que conseguem se posicionar no mercado de trabalho são aquelas que sabem fazer a leitura correta dos novos comportamentos do consumidor. “A pandemia mostrou isso e a importância de lançar novos produtos e serviços não necessariamente na sua área de atuação. E, para serem competitivas, precisam requalificar os profissionais, que comandam essas mudanças. O custo de errar no recrutamento, de trazer alguém de fora para dentro, pode ir de 10 a 15 vezes salários, em regra geral. A busca a um profissional especializado é alto. A requalificação é menos onerosa e o risco é menor”, finaliza.
O Programa de Pós-Graduação em Gestão de Negócios (PEGN), formulado pela Fundação Dom Cabral, em parceria com a JValério Gestão e Planejamento, reúne toda uma expertise atualizada para ajudar profissionais a exercer posições chave de comando, além de lidar com situações que exijam uma visão conectada com as transformações frequentes no mundo.
O PEGN foi desenhado para usar as melhores ferramentas de gestão contemporânea, levando ao desenvolvimento de pensamento criativo para achar soluções e identificar novas oportunidades.
Continue aqui no nosso blog e conheça a história de Andryw Oliveira, que caiu de paraquedas no mundo dos negócios e que apostou na requalificação num momento de transição de carreira. “O curso da FDC foi um divisor de águas na minha vida. Em apenas dois anos, meu salário inicial quadriplicou”, conta Andryw, que hoje é gerente comercial da Central Server. Leia a história completa em: https://bit.ly/3mbSsv0