Gestão de negócios: Brasil atinge sua pior posição em ranking de competitividade
29/05/2015
O Ranking de Competitividade Global 2015, divulgado nesta quarta-feira pelo International Institute For Management Development (IMD), traz mais uma má notícia para o Brasil. Pelo quinto ano seguindo o país perdeu posições no ranking, caindo da 54ª para a 56ª posição em um grupo de 61 países, a pior colocação desde que a pesquisa foi lançada, em 1989. O estudo, que no Brasil é realizado com a colaboração da Fundação Dom Cabral, analisa a capacidade dos países de criar e sustentar um ambiente sustentável para a competitividade das empresa.
Os Estados Unidos mantiveram-se no primeiro lugar, como a economia mais competitiva do mundo, seguidos por Hong Kong, Cingapura, Suíça e Canadá. Entre os países latino-americanos, o Chile, no 35º lugar, é o mais bem colocado, à frente do México, que ficou em 39º.
À perda de posição na atual edição do estudo, ressalta o estudo, somam-se as perdas ocorridas nos últimos cinco anos, refletindo uma queda total de 16 posições desde 2010, último ano em que o país apresentou ganhos relativos de competitividade (alcançou a 38ª posição na lista), de acordo com a Metodologia do IMD. O resultado é que na edição de 2015 o padrão de competitividade do Brasil supera apenas os de Mongólia, Croácia, Argentina, Ucrânia e Venezuela.
— Os únicos pontos em que o Brasil continua bem relativamente aos demais países refere-se aos investimentos estrangeiros diretos, que foram impulsionados pela Copa do Mundo de 2014, em que somos o 5º colocado, e ao quesito nível de emprego, que ainda estava elevado no ano passado e onde ficamos em 21º lugar. Mas este ano isso deve começar a se deteriorar na opinião dos entrevistados — diz coordenador do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral (FDC), responsável pela coleta e análise dos dados relativos ao Brasil para o IMD.
Das informações compiladas para a aferição do nível de capacidade competitiva da economia brasileira, dois terços vêm de dados estatísticos macroeconômicos, e um terço da opinião de executivos de 200 empresas, principalmente de grande porte, entrevistados pela FDC.
Dos quatro pilares analisados para medir a competitividade dos países — desempenho da economia, eficiência do governo, eficiência empresarial e infraestrutura, considerados —, o Brasil perdeu posições em todos na avaliação deste ano.
Quanto ao desempenho da economia, o Brasil experimentou a maior perda, caindo oito posições em relação a 2014. Pesaram nesse recuo o crescimento de 0,1% do PIB, contra uma expansão de 2,3% do PIB mundial, a deterioração das contas públicas e a alta da inflação. Os escândalos de corrupção, especialmente o desvendado pela Operação Lava Jato, envolvendo a Petrobras, tiveram contribuição direta na piora desse indicador.
“No quesito Subornos e corrupção (um componente da estrutura institucional) o Brasil figura vergonhosamente na última posição entre os 61 países analisados, o que evidencia como os desvios de dinheiro têm um efeito perverso no lado real da economia, reduzindo a atratividade do pais”, destaca o relatório do IMD.
Se o governo não tem ajudado muito a elevar o padrão competitivo do país, o estudo do IMD mostra que também o setor empresarial deixa a desejar.
— Tivemos muita queda em termos de desempenho da economia em rezão do baixo crescimento e das questões fiscais, mas houve perda também de eficiência e competitividade empresarial — observa Ana Burcharth, pesquisadora da FDC, que cuidou diretamente da coleta dos dados.
No quesito eficiência empresarial o país caiu da 46ª para a 51ª posição, acumulando 24 posições perdidas em quatro anos. O ponto crítico nesse quesito, destaca Arruda, é o baixo investimento das empresas, nacionais e multinacionais, em inovação, área em que, mostram as pesquisas, gasta-se muito pouco.
— Na maioria das vezes os investimentos em inovação tem muito mais o foco em melhorias que visam a sustentar a condição competitiva atual, como a renovação de máquinas, não em avançar efetivamente — diz Arruda, destacando que as empresas ainda investem pouco em agenda voltada para os seus parceiros de negócios fora da companhia. — Não adianta buscar eficiência interna e ter prestadores de serviços, como operadores de logística e fornecedores, pouco eficientes. Se a empresa opera em um ambiente pouco produtivo ela acaba sendo pouco competitiva também. O desafio da competitividade não pode ser restrito à empresa, mas ampliado a toda a cadeia de valor.
Arruda chama a atenção ainda para a necessidade de o Brasil abrir sua economia. Segundo ele, o Brasil é um dos países “mais fechados do mundo”. O que é evidenciado pela baixa participação do país no comércio internacional, que pesou negativamente na sua avaliação: as exportações brasileiras representam 9,59% do PIB, enquanto a média mundia fica em 41,4%, o que coloca o paós em penúltimo lugar no ranking.
— Essa pouca abertura afeta a competitividade e é fruto de uma condição de conforto: o país tem um grande mercado interno e as empresas se restringem a competir nesse ambiente, mesmo a multinacionais que chegam aqui fazem o mesmo — diz Arruda, lembrando que o México, que é um país parecido com o Brasil, está empreendendo uma ampla reforma tributária, trabalhista e nas leis relativas a monopólio, em busca de maior abertura de sua economia. — Não por acaso, o México foi o único país latino americano que subiu, duas posições, no ranking este ano, para o 39º lugar.
Leia mais sobre gestão de negócios aqui na JValério!
Fonte: O Globo
O que achou sobre o conteúdo? Vamos conversar? Deixe um comentário.