RHs viram ativo importante para planos de crescimento nas empresas

16/07/2021
RHs viram ativo importante para planos de crescimento nas empresas | JValério

A reponsabilidade social das empresas é um atributo que está sendo cada vez mais valorizado no mercado e deve estar na agenda do RH, que tem papel relevante na adoção de novos conceitos de governança corporativa

O departamento de Recursos Humanos possui um papel relevante nas corporações e vai muito além das contratações e demissões. Para que seja vem aproveitados, esses profissionais precisam “ajudar, diuturnamente, as organizações a realizarem suas estratégias corporativa e operacional, fazer com que a missão e a visão se tornem o propósito maior da empresa”.  A afirmação é do especialista em RH e professor da Fundação Dom Cabral (FDC), associada da JValério Gestão e Desenvolvimento, Elias Ferreira Pinto.

Na opinião dele, as áreas de RH devem trabalhar para a realização do potencial das pessoas e da empresa. Para isso, precisam disponibilizar políticas e diretrizes, elaboradas em conjunto com os gestores-líderes, capazes de promover o alinhamento dos valores e dos resultados desejados, ano a ano”.

“Adquirir e desenvolver as soft skills é um ponto que considero primordial em tempos de pandemia e no que está por vir no pós-pandemia. Os comportamentos desejados ou as atitudes esperadas dos profissionais terão que passar sistematicamente por profundas reformulações”, afirma.

Atributos

Características como resiliência, adequação a mudanças repentinas, trabalho em equipe, sugestão de novas ideias e atenção redobrada nos impactos do negócio na sociedade são atributos valorizadas nos candidatos.

De acordo com o professor da FDC, “há um grande processo de alinhamento por fazer” em relação às contratações que priorizem perfis de candidatos sintonizados com o momento atual, marcado por grandes alterações em curto espaço de tempo. “As gerações “Y” e “Z” estão presentes fortemente no mercado e representam algo próximo a 70% da força de trabalho mundial. Como todas as gerações, elas possuem características muito favoráveis ao cenário atual”, destaca Pedro Elias.

Para o professor, o trabalho em equipe, a gestão da mudança, a comunicação, o pensamento crítico, o pensamento criativo, a proatividade, o equilíbrio emocional e a orientação para resultados são algumas das competências essenciais daqui para frente. “Claro que cada empresa deverá se debruçar em sua estratégia, compreender e traçar os possíveis cenários em que vai atuar e, então, definir aquelas habilidades e atitudes que deverá priorizar no processo de aquisição e de desenvolvimento”.

Teletrabalho

Um novo conceito de RH, portanto, vem emergindo das transformações que todo o mundo corporativo está ainda enfrentando. O uso mais corriqueiro da tecnologia é um desses exemplos.

O teletrabalho, em respeito às normas de distanciamento para evitar a contaminação pela Covid-19, exigiu da área de pessoal um novo tipo de abordagem sobre a frequência diária e produtividade durante o expediente, por exemplo.

“Penso que o aprendizado foi um grande ganho deste momento tão delicado. O home office, que muitas vezes era um prêmio para os colaboradores com bom desempenho, tornou-se um processo natural e necessário. Como disse antes, a pandemia antecipou práticas até então restrita a poucas ações”, destaca o professor Pedro Elias.

Trabalho híbrido veio para ficar

Clodoaldo Oliveira, diretor executivo da JValério acrescenta que o trabalho híbrido, dividido entre a empresa e o escritório de casa, será cada vez mais incentivado. “O regime híbrido deverá ser muito mais comum do que antes, por diversas razões, como por exemplo a diminuição de custos e despesas, o aumento da produtividade com o uso intenso da tecnologia, a redução dos desgastes naturais do deslocamento casa-trabalho-casa, a prioridade da vida das famílias em sintonia com as necessidades das organizações”, ressalta.

Contratações e desligamentos também passaram a ser feitos de maneira remota, graças ao apoio das ferramentas digitais. “Os processos de contratação de profissionais estão no foco da mudança e começam na etapa do recrutamento remoto e da assinatura do contrato de trabalho. Até o treinamento e o desenvolvimento profissional, as vantagens e benefícios, os compromissos mútuos, os resultados e os comportamentos esperados, enfim, alinhamento de tudo aquilo que certamente fará desta relação um modelo de sucesso, passará pelos encontros virtuais”, ressalta Pedro Elias.

Salto exponencial

Os RHs de empresas que tiveram a sensibilidade e rapidez de adotar e incrementar o uso da tecnologia impulsionaram a manutenção de equipes bem envolvidas e com bom nível de produção em tempos tão disruptivos.

Nesse ponto, a entrada em cena do novo coronavírus ajudou a acelerar a introdução de quem gerencia os recursos humanos no universo digital para além dos serviços já conhecidos, como cadastros de funcionários e arquivos sobre folha de pagamento.

Outro ponto importante, em razão das mudanças no relacionamento com os colaboradores, foi a adoção de posturas mais pró-ativas dos RHs para medir a motivação das equipes. “O setor de pessoal deve adotar uma nova mentalidade, de sentir como as transformações estão sendo absorvidas no dia a dia de trabalho. É importante perceber se os colaboradores continuam se identificando com as diretrizes da empresa após a aplicação de mudanças, como o trabalho remoto”, observa Clodoaldo Oliveira, da JValério.

ESG e o papel dos recursos humanos

A reponsabilidade social das empresas é um atributo que está sendo cada vez mais valorizado no mercado e o setor de RH terá papel relevante na adoção de novos conceitos de governança corporativa, focadas na atividade sustentável, como o ESG. Trata-se de uma sigla em inglês para ajudar a nortear as atividades da empresa e seu envolvimento na sociedade a partir dos impactos no meio ambiente (‘Enviromental’), na própria comunidade onde está inserida (‘Social’) e na postura da governança em relação a funcionários e clientes (‘Government’).

Mas você pode estar se perguntando, onde entra o RH nesta questão? O professor da FDC explica que os conceitos que envolvem a ESG promovem discussões amplas nas equipes sobre o porquê, sobre o que e como fazer para agradar (ou satisfazer) os stakeholders. “Provocar e inspirar as lideranças e demais colaboradores para a adoção de procedimentos e métricas que levem a tão almejada sustentabilidade é mais um papel dos gestores de pessoas na atualidade”, enfatiza Pedro Elias.

Para ele, o grande desafio para as corporações é o de criar valor para as partes interessadas e não só para os shareholders. “Garantir a satisfação e a confiança das pessoas. Comunicar valor e “interferir” positivamente na percepção da comunidade. Especialistas afirmam que o movimento do ESG tem potencial para mudar a face do capitalismo. E é um movimento que está apenas começando”, alerta.

Pedro Elias destaca ainda que que é preciso inserir o RH na jogada para que as empresas possam consolidar os conceitos de ESG. “Acredito que este é um campo rico para atuação do RH Estratégico. Um tema que é capaz de produzir transformações profundas nas organizações. Dirigentes precisam se aliar aos profissionais de RH e demais lideranças para, então, encontrar as soluções robustas para o ESG”, finaliza.

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