Constatação é de Sônia Rossi, gerente de Desenvolvimento Humano da rede Gazin. Lidar com pessoas é também ajudar a conduzi-las além de suas metas profissionais
Lideranças devem treinar o ouvido, a paciência e gostar de lidar com seus subordinados, caminhando junto com eles em busca de soluções. Parece um discurso fácil, mas não é. No entanto, quem já faz o exercício na prática sabe como o desempenho de um gestor vai além de números robustos no balanço. Faz parte da rotina do líder estimular um sentimento de confiança mútua.
No programa “Gestão e Desenvolvimento”, Sônia Rossi, gerente de Desenvolvimento Humano da rede Gazin, conta como o investimento na capacitação dos funcionários passa por uma liderança atenta em saber que o aprimoramento constante dos recursos humanos é peça chave para o sucesso genuíno de todos: empresa e colaboradores.
Conduzida pelo diretor executivo da JValério Gestão e Desenvolvimento, Clodoaldo Oliveira, a conversa com Sônia traz reflexões sobre como engajar cúpula e equipes na criação de novas mentalidades de relacionamento no ambiente de trabalho. A Covid-19 impôs mudanças profundas no cotidiano corporativo e atingiu em cheio até a gestão de pessoas e acompanhamento – muitas vezes online – do desempenho de quem está na linha de frente do negócio: os colaboradores.
Formada em psicologia pela UEM (Universidade Estadual de Maringá), Sônia Rossí é especialista em psicologia do trabalho e acumula no currículo trabalhos pioneiros em empresas para motivar equipes e lideranças, além de criar ambientes estimulantes e motivadores, que ultrapassam o horizonte das metas e resultados.
Ela está na Gazin há 17 anos, após realizar uma palestra com gerentes e diretores da empresa sobre os aspectos mais importantes de liderança dentro das organizações empresariais. Foi neste momento que ela conquistou a confiança dos comandantes da fábrica de colchões.
“Acreditamos no engajamento das pessoas, não deixando que elas entrem em inércia ao se sentirem ameaçadas, e a gente consegue resultados promissores”, afirma Sônia. Ela acrescenta que trata-se de um movimento que precisa do patrocínio da referência maior da organização. “O líder vai dar a direção, mas é preciso desenvolver a humildade para escutar. Quanto mais adversidade, mais escuta ativa ele precisa ter”, destaca Sônia.
Ao criar condições para que os colaboradores se abram, a especialista afirma que o gestor consegue fazer as pessoas sentirem parte do processo. Para ela, o líder tem que ter cabeça inspiradora. Essa comunicação é que vai criar uma relação de confiança, ideal para um momento em que o isolamento dos seus pares gera insegurança. “Precisa ter uma comunicação clara e transparente, precisa ser generoso com as pessoas, o que não significa passar a mão na cabeça, mas para que sintam o sentimento genuíno de que elas serão cuidadas”.
Na Gazin, por exemplo, entre os trabalhos mais recentes destacaram-se encontros com lideranças e executivos para reforçar laços de relacionamento e gestão de pessoal. Batizado de “DNA Gazin”, a projeto reúne atividades que estimulam questões como empatia, respeito, comunicação clara e transparente, pró atividade, senso de urgência, flexibilidade, simplicidade e redução da burocracia. “Estruturamos melhor a governança corporativa, definindo melhor o papel dos líderes”, ressalta Sônia.
Durante os desdobramentos da pandemia, Sônia relata que as estratégias de psicologia do trabalho ajudaram a consolidar noções para lidar com ferramentas digitais, como a implantação do e-commerce. A ação influenciou na rentabilidade crescente das unidades, que mesmo fechadas, por causa de normas de distanciamento social, puderam traçar metas e atingir índices de crescimento nas vendas.
Clodoaldo Oliveira afirma que o líder precisa ter sensibilidade ou desenvolvê-la para expor seu interesse real para seus colaboradores. “Há o aspecto da necessidade do líder de mostrar uma preocupação verdadeira com os liderados. Existem maneiras e maneiras, como a necessidade de mostrar preocupação genuína, de ir além do protocolo”, afirma Oliveira.
O diretor da JValério salienta ainda que “quando o líder identifica o problema, chama para conversar, e junto tenta saber como resolver. Assim, ele vira um parceiro. A meta não é sua, é nossa. É o envolvimento de todos, naquela linha de juntos, somos mais fortes.”
Sônia acrescenta que o líder que nutre um interesse claro na condução da equipe terá mais facilidade, inclusive para aplicar advertências necessárias para correções de rota. “Quando a gente gosta das pessoas, é impossível não demonstrar. Mesmo puxando a orelha dele, ao fazer com calor humano, a gente consegue a superação de resultados, garantir aprendizado, e reter talentos”, comenta a executiva, que também fez parte do PAEX (Parceiros para Excelência) para ajudar na gestão dos recursos humanos da Gazin.
O PAEX é um programa da JValério e da Fundação Dom Cabral (FDC) que ajuda na identificação de potencialidades internas e externas da empresa e prevenir situações de estresse que podem comprometer as conquistas de mercado.
Ou seja, a necessidade de aprimorar não só a equipe, mas a si mesmo, mesmo em cargo de chefia, é essencial não só para o trabalho. Sônia observa que essa visão impacta também na qualidade de vida. “Quando você é um bom líder, quando você escuta, quando você faz as pessoas se sentirem importantes, quando agradece a elas, e não só pelo trabalho bem feito, mas por ser a pessoa que é, que dá uma contribuição especial, a equipe trabalha pra você. Sua vida é mais leve, você tem mais felicidade, mais criatividade. A vida da gente tem que ser mais facilitada, e isso vai acontecer quando as pessoas estiverem torcendo pela gente”, conta.
Ao finalizar, Sônia reforça uma regra de ouro que tem feito a diferença na vida de muitos executivos: “Goste genuinamente das pessoas, não tenha medo delas. E isso vira realização pessoal. A gente não quer um tapinha falso nas costas, a gente quer um abraço de verdade. Caminhe do lado, junto, dando apoio e direção”.