Visão para mirar novas oportunidades e resiliência diante da crise serão essenciais à manutenção sustentável das companhias a partir de agora
Com o surgimento repentino de uma pandemia como a da Covid-19 em março do ano passado, uma nova realidade se instaurou em todo o mundo. A crise inédita impôs rigorosas restrições de circulação de pessoas na tentativa de evitar aumento de infecções e mortes. Além do impacto nos mais variados setores sociais, foram afetados em profundidade arranjos produtivos e empresariais, o que causou uma alteração completa no ambiente de negócios. Isso levou a uma conclusão incontestável: a resiliência virou característica dos gestores é imprescindível para a existência sustentável das empresas no mercado.
Se as mudanças estão criando novos cenários que vieram para ficar, também é um sinal de que novas portas podem se abrir para os negócios. A frase “a crise gera oportunidades” é muito usada no universo corporativo. Segundo Carlos Arruda, professor da Fundação Dom Cabral, esse jargão é sábio. “A economia se movimenta em ciclos e quando está em aquecimento é hora das empresas maximizarem ganhos. É no momento de recessão de mercado que devemos identificar oportunidades e trazer novidades para quando a economia voltar a reagir. As empresas de turismo, por exemplo, tiveram uma baixa com a pandemia e precisam se reinventar para oferecer os melhores produtos no futuro. Quando tudo se normalizar, aquelas que tiverem ofertas diferenciadas vão se destacar”, afirma Arruda.
Ele ressalta: “durante as crises nosso olhar deve ser para o amanhã”. O que isso significa, na prática? Conforme o professor, as empresas devem construir uma agenda de inovação para trazerem a oferta adequada ao tamanho do mercado quando o ciclo econômico estiver favorável, nos trilhos, andando a todo o vapor.
O olho clínico para identificar oportunidades terá de ser usado com critérios. Explique-se: para enfrentar a instabilidade do ambiente, as empresas devem criar alternativas robustas baseadas na economia de cada setor, em vez de tentar identificar e quantificar os impactos divulgados pelos vários meios de comunicação.
Uma pesquisa da McKinsey Digital Business Building Survey ajuda a jogar luz nos desdobramentos que poderão vir no futuro próximo. De acordo com o levantamento, a prioridade de construir novos negócios – ou dar uma guinada nos já consolidados – após os impactos da Covid-19, passou a figurar na pauta de 52% dos CEOs, 20% a mais do que em 2019.
Ainda de acordo com o estudo, a criação ou reformulação de um negócio pode seguir três diferentes vertentes: mudança no jeito de servir, expansão da franquia de portfólio, e ampliação das fronteiras da empresa, com oferta de novos produtos ou serviços.
“As três frentes estão diretamente ligadas à disrupção digital, que permitem a abertura de novas formas de se fazer negócio, ampliação da base de clientes e criação de vantagem competitiva”, explica o diretor- executivo da JValério Gestão e Desenvolvimento, Clodoaldo Oliveira.
No entanto, o processo requer energia, catalisador importante para alimentar a chamada resiliência empresarial, apoiada em um tripé que inclui saúde corporativa e bem-estar dos colaboradores, políticas públicas para o suporte organizacional e, mais do que nunca, proteção da informação contra-ataques cibernéticos. “O novo ambiente altamente digitalizado aumenta a circulação de dados, o que requer muita atenção para que a relação de confiança com os clientes não seja quebrada”, aponta Clodoaldo.
O aprimoramento da capacidade de se adaptar aos novos cenários é um dos objetivos do Learn & Go: Crescimento Sustentável, workshop online promovido pela JValério Gestão e Desenvolvimento, em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC). A formação, voltada para líderes de empresas de médio porte interessados em aumentar a competitividade, será realizada ao vivo nos dias 5 e 7 de julho, com três horas de encontro a cada dia.
Durante dois dias, especialistas em gestão partem de um diagnóstico personalizado para identificar falhas e apontar caminhos eficientes para tomada de decisões ágeis e assertivas no novo cenário pandêmico.
Para o diretor-executivo da JValério, Clodoaldo de Oliveira, mudanças como a transformação digital, por exemplo, já estavam em curso, mas se tornaram prioridade para melhorar o relacionamento com o público interno, externo e demais stakeholders durante a crise provocada pelo novo coronavírus.
“Em momento em que os contatos presenciais precisaram ser deixados de lado, muitas empresas precisaram reinventar seus processos para sobreviver e é nesse sentido que o Learn & Go é um aliado dos gestores que desejam aumentar a produtividade da organização, sem comprometer o futuro dos negócios”, observa Oliveira.
A nova realidade, mais imprevisível, de rápidas transformações e adaptações idem, impõe uma série de mudanças para quem quer continuar no jogo. Mas como começar a pensar com essa mentalidade? Na sequência, seguem pelo menos três inspirações:
É preciso maximizar o aprendizado em tempos de crise, abrindo-se a uma compreensão renovada do que seja resiliência organizacional. Isso permitirá a obtenção de novas vantagens competitivas que possam atender aos interesses de múltiplos stakeholders. O reenquadramento das estratégias competitivas de organizações resilientes deve considerar as novas realidades de contexto, demanda de investimento e custo de oportunidade.
Por outro lado, haverá dependência da disposição dos líderes em equilibrar a criação de valor nos curto e longo prazos. Mesmo com expectativas positivas sobre a vacina, sabemos que o próximo contexto normal para os negócios não será igual ao antigo. Mudanças estruturais ocorreram em 2020, seja na forma de trabalhar, de utilizar a tecnologia e até mesmo de se relacionar profissionalmente. Portanto, a busca constante por novos entendimentos e reflexões deve permanecer.