Instabilidades podem abrir portas para novos negócios

22/06/2021
Instabilidades podem abrir portas para novos negócios | JValério

Visão para mirar novas oportunidades e resiliência diante da crise serão essenciais à manutenção sustentável das companhias a partir de agora

Com o surgimento repentino de uma pandemia como a da Covid-19 em março do ano passado, uma nova realidade se instaurou em todo o mundo. A crise inédita impôs rigorosas restrições de circulação de pessoas na tentativa de evitar aumento de infecções e mortes. Além do impacto nos mais variados setores sociais, foram afetados em profundidade arranjos produtivos e empresariais, o que causou uma alteração completa no ambiente de negócios. Isso levou a uma conclusão incontestável: a resiliência virou característica dos gestores é imprescindível para a existência sustentável das empresas no mercado.

Se as mudanças estão criando novos cenários que vieram para ficar, também é um sinal de que novas portas podem se abrir para os negócios.  A frase “a crise gera oportunidades” é muito usada no universo corporativo. Segundo Carlos Arruda, professor da Fundação Dom Cabral, esse jargão é sábio. “A economia se movimenta em ciclos e quando está em aquecimento é hora das empresas maximizarem ganhos. É no momento de recessão de mercado que devemos identificar oportunidades e trazer novidades para quando a economia voltar a reagir. As empresas de turismo, por exemplo, tiveram uma baixa com a pandemia e precisam se reinventar para oferecer os melhores produtos no futuro. Quando tudo se normalizar, aquelas que tiverem ofertas diferenciadas vão se destacar”, afirma Arruda.

De olho no futuro

Ele ressalta: “durante as crises nosso olhar deve ser para o amanhã”. O que isso significa, na prática? Conforme o professor, as empresas devem construir uma agenda de inovação para trazerem a oferta adequada ao tamanho do mercado quando o ciclo econômico estiver favorável, nos trilhos, andando a todo o vapor.

O olho clínico para identificar oportunidades terá de ser usado com critérios. Explique-se: para enfrentar a instabilidade do ambiente, as empresas devem criar alternativas robustas baseadas na economia de cada setor, em vez de tentar identificar e quantificar os impactos divulgados pelos vários meios de comunicação.

Uma pesquisa da McKinsey Digital Business Building Survey ajuda a jogar luz nos desdobramentos que poderão vir no futuro próximo. De acordo com o levantamento, a prioridade de construir novos negócios – ou dar uma guinada nos já consolidados – após os impactos da Covid-19, passou a figurar na pauta de 52% dos CEOs, 20% a mais do que em 2019.

Novas diretrizes

Ainda de acordo com o estudo, a criação ou reformulação de um negócio pode seguir três diferentes vertentes: mudança no jeito de servir, expansão da franquia de portfólio, e ampliação das fronteiras da empresa, com oferta de novos produtos ou serviços.

“As três frentes estão diretamente ligadas à disrupção digital, que permitem a abertura de novas formas de se fazer negócio, ampliação da base de clientes e criação de vantagem competitiva”, explica o diretor- executivo da JValério Gestão e Desenvolvimento, Clodoaldo Oliveira.

No entanto, o processo requer energia, catalisador importante para alimentar a chamada resiliência empresarial, apoiada em um tripé que inclui saúde corporativa e bem-estar dos colaboradores, políticas públicas para o suporte organizacional e, mais do que nunca, proteção da informação contra-ataques cibernéticos. “O novo ambiente altamente digitalizado aumenta a circulação de dados, o que requer muita atenção para que a relação de confiança com os clientes não seja quebrada”, aponta Clodoaldo.

Learn & Go

O aprimoramento da capacidade de se adaptar aos novos cenários é um dos objetivos do Learn & Go: Crescimento Sustentável, workshop online promovido pela JValério Gestão e Desenvolvimento, em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC). A formação, voltada para líderes de empresas de médio porte interessados em aumentar a competitividade, será realizada ao vivo nos dias 5 e 7 de julho, com três horas de encontro a cada dia.

Durante dois dias, especialistas em gestão partem de um diagnóstico personalizado para identificar falhas e apontar caminhos eficientes para tomada de decisões ágeis e assertivas no novo cenário pandêmico.

Para o diretor-executivo da JValério, Clodoaldo de Oliveira, mudanças como a transformação digital, por exemplo, já estavam em curso, mas se tornaram prioridade para melhorar o relacionamento com o público interno, externo e demais stakeholders durante a crise provocada pelo novo coronavírus.

Reinvenção

“Em momento em que os contatos presenciais precisaram ser deixados de lado, muitas empresas precisaram reinventar seus processos para sobreviver e é nesse sentido que o Learn & Go é um aliado dos gestores que desejam aumentar a produtividade da organização, sem comprometer o futuro dos negócios”, observa Oliveira.

A nova realidade, mais imprevisível, de rápidas transformações e adaptações idem, impõe uma série de mudanças para quem quer continuar no jogo. Mas como começar a pensar com essa mentalidade? Na sequência, seguem pelo menos três inspirações:

  • Adotar uma visão holística da resiliência, ou seja, analisar a situação como um todo e não de forma fragmentada. Esta é uma atitude que permite aos executivos tomar decisões mais assertivas diante da ampla variedade de escolhas.
  • Estendendo as capacidades organizacionais de maneira incremental sem descuidar da perspectiva de longo prazo. Como, por exemplo, as novas tendências de: trabalho remoto na modalidade home office; cadeias de suprimentos mais curtas, ágeis e menos dependentes de um único fornecedor; comercialização de produtos e serviços por meio de plataformas digitais; digitalização/automação de processos usando RPA (Robotic Process Automation).
  • Prática da segurança da informação e medidas contra-ataques de perfis falsos em transações virtuais. Estas são algumas das tendências que não dão sinais de regressão, mas sim avanço progressivo. Assumindo uma nova estrutura de governança empresarial capaz de influenciar os objetivos estratégicos e organizacionais, além de ações que se estendam para o contexto socioambiental.

Hora de aprender é agora

É preciso maximizar o aprendizado em tempos de crise, abrindo-se a uma compreensão renovada do que seja resiliência organizacional. Isso permitirá a obtenção de novas vantagens competitivas que possam atender aos interesses de múltiplos stakeholders. O reenquadramento das estratégias competitivas de organizações resilientes deve considerar as novas realidades de contexto, demanda de investimento e custo de oportunidade.

Por outro lado, haverá dependência da disposição dos líderes em equilibrar a criação de valor nos curto e longo prazos. Mesmo com expectativas positivas sobre a vacina, sabemos que o próximo contexto normal para os negócios não será igual ao antigo. Mudanças estruturais ocorreram em 2020, seja na forma de trabalhar, de utilizar a tecnologia e até mesmo de se relacionar profissionalmente. Portanto, a busca constante por novos entendimentos e reflexões deve permanecer.

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