Atribuir responsabilidade para os filhos e cultivar uma relação de afeto ajudam na formação do caráter e diminui sensação de culpa, prejudicial para saúde mental das mães
O estereótipo da mãe perfeita foi construído pelo imaginário coletivo, em razão do modelo cultural e estrutural da nossa sociedade. A presença feminina no mercado de trabalho se consolidou apenas após a Segunda Guerra, quando muitas mulheres se tornaram arrimo de família enquanto os homens atuavam com soldados nos campos de batalha. Até então, elas eram criadas para ser exclusivamente mães. E, por isso, carregam nos ombros o peso de serem sacralizadas como doadoras de um amor incondicional.
E esse mito não foi desfeito até hoje, num momento em que as mulheres ascenderam na carreira e acumulam a vida profissional com o ato de maternar. Conciliar esses dois papéis é desafiador e, muitas vezes, desperta uma sensação de culpa. Esse sentimento negativo, relacionado à vitimização, não combina com o protagonismo da mulher na sociedade atual. E, no post de hoje, trazemos os aconselhamentos de duas executivas que vão ajudar as leitoras do nosso blog a livrar-se desse fantasma.
Para Sonia Rossi, gerente de desenvolvimento humano da Gazin, a inteligência emocional é fundamental para resolver conflitos que permeiam a maternidade e a carreira. E esse atributo passa pelo autoconhecimento e pela definição de um objetivo bem claro que deseja ser alcançado pela mulher na sua carreira. Quando a visão dela é clara em relação a seu propósito, consegue transmitir para a família a sensação de tranquilidade e segurança psicológica, tão caros à maternidade.
Para Sonia, as ausências físicas da mãe devem ser motivo de diálogo, para que os filhos compreendam as ambições pessoais da genitora que, inclusive, vai beneficiar todo o núcleo familiar. Essa aproximação, estabelecida por uma relação transparente, é benéfica para todos e ajuda no estabelecimento de conexões entre os membros da família.
“As mulheres que se organizam pessoalmente não carregam o peso da culpa porque sabem sair e voltar para casa. Dessa forma, no momento que se dedicam ao lar, estão inteiras no âmbito emocional. E essa saúde mental é necessária para conduzir todos os papéis que a mulher desempenha. Para que os filhos não sofram com o abandono afetivo as mães devem agir com ternura, cultivar a relação familiar, aproveitar o tempo que têm disponível quando estão lado a lado. A ausência deve ser compensada com afetividade e não com presentes materiais”, avalia Sonia.
Esse ‘papo reto’ faz parte da rotina das colaboradoras da Gazin, que seguem o exemplo das ações da gerente, que extrapolam os efeitos das palavras. Sonia é mãe de um casal de filhos e já alcançou até o posto de vovó. Nada disso comprometeu o desempenho de sua carreira como executiva de uma empresa com mais de 8 mil funcionários. “Eu sempre digo para as colaboradoras: conversem com seus filhos sobre seus projetos pessoais. Compartilhem com eles responsabilidades, algo tão importante para a formação do caráter. As mulheres não precisam e nem devem fazer tudo sozinhas”, afirma.
A JValério Gestão e Desenvolvimento também tem uma avó na sua equipe, que fez acontecer e que é uma inspiração para as atuais e futuras gerações. Paula Nyandra Amaral está há 12 anos na empresa, é fonoaudióloga de formação e começou a trabalhar cedo, ainda na adolescência, na área da saúde. Já na maturidade passou pela transição de carreira e envolveu-se com a gestão empresarial.
A maternidade, na opinião dela, nunca foi um empecilho para a realização dos seus sonhos. “Uma coisa não pode excluir a outra. O segredo é entender que a maternidade não é um fardo ou uma barreira, mas um impulso: amamos os filhos e para sustentá-los precisamos prosperar. Invés de enxergar dificuldades, temos que mirar na solução e buscá-la”, reflete a gerente.
Paulinha, como é conhecida nos corredores da JValério Gestão e Desenvolvimento, atribui esse entendimento a sua criação. “Venho de uma família de figuras femininas fortes e guerreiras e isso faz a diferença. Minha avó e minha mãe se tornaram independentes num momento da história, há mais de 60 anos, quando as mulheres não tinham voz. E conquistar a independência, inclusive, foi o principal legado deixado por ambas. Sigo até hoje o exemplo de minha mãe, que é independente mesmo com idade avançada. E foi isso que também transmiti para os meus filhos. A forma como foram criados, com responsabilidades, os torna seres humanos admirados por toda a parte. E essa é minha maior recompensa: ter criado filhos para o mundo, fortes emocionalmente”, finaliza Paula.