Fórum Empresarial destaca tendências no mundo da gestão

29/03/2021
Fórum Empresarial destaca tendências no mundo da gestão | JValério

Evento online e gratuito, realizado pela JValério em parceria com a FDC, promoveu palestras e painéis com especialistas renomados, empreendedores e gestores, que apontaram saídas para driblar a crise

A JValério Gestão e Desenvolvimento, em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC), realizaram nesta semana o 2º Fórum Empresarial. Renomados especialistas analisaram práticas de gestão em empresas familiares, estratégias de planejamento para o futuro, além de discutir o atual momento da economia nacional, marcado por incertezas e abalos. Os painéis contaram também com a participação de empresários e gestores que se desatacam no mercado.

Eles mostraram que, em meio aos percalços e desafios, esse período também pode ser de oportunidades para quem demonstrar resiliência e souber se adaptar às mudanças, principalmente quando falamos em processos de digitalização das empresas. Essa é uma forma de transpor as barreiras físicas entre a organização e o cliente, imposta como medida para frear o contágio da Covid-19.

Clodoaldo de Oliveira, diretor-executivo da JValério Gestão e Desenvolvimento, resume em poucas palavras a finalidade do Fórum: “busca reunir empresários e especialistas para debater informações que impactam o desenvolvimento e longevidade das empresas.”

Antônio Batista, presidente executivo da FDC, salienta a importância estratégica do evento, idealizado para orientar gestores, líderes e empresários em três eixos: crescimento, produtividade e prosperidade.  “O crescimento é o destino inexorável de qualquer empresa. A economia está em expansão, menos ou mais acelerada. A gente precisa procurar esses espaços, senão outro fará e tomará nossos mercados”, disse Batista.

Já a produtividade, continuou o presidente da FDC, se faz com a inovação, necessária para que as empresas mantenham a competitividade.  “O sistema capitalista trouxe eficiência e competição, para o mercado. E para sobreviver diante da concorrência acirrada é preciso ser produtivo, eficiente e inovador. Esse também é um destino inexorável de quem quer sobreviver”, destacou Batista.

Por fim, o terceiro eixo, da prosperidade, deixou de ser um reflexo ligado apenas ao nível de produção econômica: as empresas que querem se destacar precisam promover o bem-estar social. Essa ideia precisa estar vinculada ao conceito e imagem da marca.

Eduardo Valério, diretor-presidente da JValério Gestão e Desenvolvimento, acrescenta que o Fórum toca numa questão crucial: a transformação. “Esse é um desafio subliminar, pois a transformação é vital para os seres humanos e para as nossas empresas. E a velocidade das mudanças é fator chave do sucesso para atingir os três objetivos: crescimento, produtividade e prosperidade”, afirma Valério.

Para o diretor-presidente, ao trazer esses debates à tona, a JValério e a FDC mostram sua preocupação em estar sempre atentas para atualizar suas capacidades de oferecer às empresas as melhores ferramentas para antecipar e identificar as tendências do mercado.

Reflexos da pandemia no cenário econômico

O Brasil e o mundo ainda vão sentir os profundos reflexos econômicos causados pela pandemia da Covid-19, pelo menos de forma ainda mais acentuada até o final do primeiro semestre deste ano. O cenário só poderá mudar com a imunização em massa no Brasil e no exterior.

Outros desafios para o governo brasileiro vão além da vacinação: conter os efeitos fiscais da reação à pandemia; o encaminhamento da reforma tributária; o enfrentamento do crescimento da dívida pública, o que compromete a capacidade de investimento; e a forma que vai lidar com a instabilidade política, fato que tem afetado a agenda econômica do Planalto.

Todas essas análises foram feitas pelo professor Carlos Alberto Primo Braga, economista, professor associado da Fundação Dom Cabral (FDC) e ex-diretor do Banco Mundial, na palestra de abertura do Fórum Empresarial JValério FDC.

Ao tratar do tema “Os desafios para a economia brasileira, voo de galinha ou crescimento sustentável?”, o professor Carlos Braga acredita que o principal impasse dos gestores é testar sua capacidade de “resiliência” diante dos efeitos causados pela pandemia da Covid-19. “No caso do Brasil, esse ingrediente vem acrescido do cenário político instável, que também influencia na tomada de decisões, afetando todos os agentes econômicos envolvidos na esfera pública e no setor privado”, pontua Braga.

Gestão Familiar

A gestão familiar foi o tema principal do 2º Fórum Econômico. A palestra “Família, família, negócios à parte”, proferida pelo do professor da FDC Dalton Sadenberger, trouxe informações inéditas de uma pesquisa da KPMG sobre gestão familiar e processo sucessório. No universo das empresas familiares brasileiras, em 2020, 76% dos cargos de CEOS são ocupados por um membro da família.

Para o especialista, esse dado é positivo. “Os fundadores e herdeiros já tem o senso de owner, que é aquela característica de pensar nos interesses coletivos em primeiro lugar, acima dos interesses individuais da sua empresa. Isso é pensar como dono. E quando os comandantes são da família empresária, esse sentimento não precisa ser construído”, explica.

O estudo da KPMG demonstra ainda que 55% dos familiares da próxima geração têm interesse em permanecer na empresa; 23% não querem participar do processo sucessório e 22% ainda não sabem (talvez porque ainda não estejam na idade ideal para fazer essa escolha). Na avaliação de Dalton, essa previsão aponta para um caminho: a necessidade de formar a mentalidade dos herdeiros para que possam, no futuro, cumprir o papel de dono que um dia será ocupado por eles, mesmo que não atuem na gestão do negócio.

E esse diálogo deve começar o quanto antes. “A pandemia veio para nos mostrar que o plano de sucessão familiar é algo urgente, porque a perda do fundador deve ser considerada nesse planejamento. A Covid-19 realçou essa percepção de risco, de uma mudança abrupta. Segundo o levantamento da KPMG, 9% dos entrevistados disseram que revisaram o plano sucessório em razão da pandemia”, afirma o professor da FDC.

Envergadura emocional

Uma das questões levantadas pela professora da FDC, Adriana Netto, que também é coach de executivos e herdeiros de empresas familiares, é a importância de fortalecer emocionalmente os sucessores. “A nova geração, que um dia estará à frente da gestão, precisa ampliar seu repertório por meio da formação acadêmica continuada e da vivência fora dos muros da organização”, avalia Adriana.

Na opinião dela, enfrentar as dificuldades do mundo lá fora e sair debaixo das asas dos pais faz parte do processo de formação de novas lideranças. “As dificuldades contribuem com o amadurecimento e ajudam os profissionais a conviverem com um cenário de mudanças, que faz parte da trajetória de qualquer gestor e empresário. Para mim essa é uma necessidade evidente, que fortalece emocionalmente os herdeiros”, acrescenta.

Segundo dia de Fórum: transformação digital

O impacto das transformações digitais e da inteligência artificial como fator de inovação foram temas que tomaram conta do segundo dia do evento. Gil Giardelli, professor da FDC, roboticista e especialista em inovação e transformação digital, abriu os debates com a discussão do tema “Os 3’s dos estudos Futuros – Science, Society and Spirituality”.

O atual momento é caracterizado, segundo Giardelli, pelo fim da “era da informação e o começo da sociedade global do conhecimento”. Instituições como a JValério e a FDC, na opinião do especialista, serão relevantes nessa nova fase na história da humanidade, por usarem a informação produzida com direcionamentos para o progresso em várias áreas da vida contemporânea. “Precisamos de entidades para nos mostrar para onde vai o caminho. Nessa economia do conhecimento, é fácil encontrar as respostas, mas difícil fazer as boas perguntas”, diz Giardelli.

Inteligência artificial estimula novos comportamentos

“O que é ser ser humano em tempos de inteligência artificial? Apicultores do mundo inteiro compartilham em plataformas digitais sua produção de mel, como pescadores de atum trocam informações sobre os mais de 200 tipos de peixe que existem. Essa revolução contínua exigirá disposição para abraçar novos comportamentos, ampliar visões pessoais e adaptações aos novos tempos”, observou Giardelli.

A mudança mais profunda será no ser humano. “A mudança mais difícil na inovação são as pessoas, pois a tecnologia está mais barata e mais disponível. A tecnologia é consequência de pensamento estratégico e diferenciado que se precisa ter. No centro estão líderes e gestores sintonizados com o século 21”, destacou Giardelli.

O professor titular da FDC em Gestão da Inovação e Estratégias Digitais, Hugo Tadeu, complementa que continuar acreditando que aquisição de maquinário é sinal de inovação, continuará obsoleto. “As pessoas consideram que basta comprar um sistema e colocar uma pessoa para implantá-lo, que está tudo resolvido. Mas precisa de alguém que entenda o problema do cliente para resolver, com apoio da tecnologia”, analisa.

Do outro lado do balcão

Márcio Viana, CEO da TOTVS Curitiba, participou como debater do Fórum e concorda com as previsões de Giardelli e Tadeu. Ele trouxe a visão de quem está no mercado sobre o tema: “Hoje na TOTVS temos trabalhado no aculturamento de muitos clientes, no que chamamos de business performance. Se ele investir em tecnologia, ele tende a ter uma performance melhor no negócio dele”, destacou Viana. Ele enfatiza ainda que a transformação digital não é uma corrida de cem metros rasos. “Costumo dizer que ela está mais para o Iron Man, com estratégia, disciplina e foco”, disse Viana, da TOTVS, numa referência a uma prova esportiva que reúne numa só competição a maratona, natação e ciclismo em grandes distâncias.

A tríade do amor

O jornalista, professor e palestrante Clóvis de Barros Filho encerrou o 2º Fórum Econômico com chave-de-ouro. Ele fez uma analogia às definições de amor cunhadas por Platão, Aristóteles e Nietzsche, que podem ser incorporados no nosso crescimento pessoal e profissional.

Barros começou a palestra com uma explicação sobre o “amor platônico”, descrito por Platão, na obra “O Banquete”. Na análise do filósofo grego amar é desejar. “Isso significa que se acabar o desejo, acaba o amor. Esse sentimento tão sublime está relacionado a algo que não temos e que queremos ter. Por isso, o amor platônico remete à ideia de utopia, de uma busca incessante”, explicou.

Do ponto do de vista de Aristóteles, entretanto, o amor não é um verbo que deve ser conjugado no futuro e sim no presente. A filosofia aristotélica valoriza o hoje e prega que o “amor está na presença”, ou seja, no cotidiano ordinário. “Ele propõe uma reconciliação com mundo vivido, com as conquistas atuais. É um estágio mais potente de nós mesmos”, analisou Barros.

Na sequência, ele questiona: quais dos dois têm razão? “A certa medida os dois estão certos. Afinal: podemos amar aquilo que desejamos alcançar e que acreditamos que nos faz falta e, ao mesmo tempo, o que já conquistamos. Esse é o motivo pelo qual os casamentos, as famílias se mantêm”, argumentou

O equilíbrio, na visão de Barros, depende de uma terceira definição de amor, aquele praticado por Jesus de Nazaré. Para ele, a espiritualidade confere novos contornos aos raciocínios de Platão e Aristóteles. Servir o próximo é uma forma de evoluir espiritualmente e nossa felicidade também depende desse fator. No dia a dia, na nossa vida e no mercado de trabalho, a filosofia de Jesus está relacionada à ideia de ter uma serventia, ser agradável, de proporcionar sempre o melhor, oferecer, estender a mão.

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