Mais do que pensar nos lucros, é fundamental promover uma boa relação entre os membros da família empresária
Com a crise, muitas empresas lideradas por grupos familiares estão passando por momentos delicados. Nessa situação, é preciso saber a importância de ter paciência, manter o foco na superação dos obstáculos, e principalmente, separar questões pessoais e profissionais. O tema “Coesão familiar na gestão em momentos de crise” foi assunto do último webinar do Fórum Empresarial Live da JValério FDC, que contou com a participação de Adriana Solé, professora da Fundação Dom Cabral. Pós-graduada em Gestão Empresarial e Engenharia Econômica, Adriana presta consultoria nas áreas de compliance e integridade, estratégia empresarial e estruturação do ambiente de governança. Atua como executiva há 23 anos.
A pandemia causada pelo novo Coronavírus gerou uma crise sem previsão para acabar. Mesmo que as consequências disso ainda não sejam totalmente conhecidas, Adriana Solé explica que já estão acontecendo mudanças significativas no mundo corporativo. A primeira é a maior transversalidade entre as diferentes instâncias da empresa. “Agora, a cada decisão, é preciso ter cada vez mais diálogo entre todas as instâncias da corporação, buscando novos pontos de vista e soluções viáveis”, afirma. Além disso, Adriana acredita que o período deve trazer mais resiliência e colaboração no meio empresarial. “Todos os dias, somos surpreendidos com novas respostas da economia. Todas essas mudanças rápidas estão impactando diretamente os empresários que, na luta por sobrevivência, estão se fortalecendo cada vez mais no setor”, ressalta Adriana.
Ao pensar em empresas familiares, é preciso analisar seus três eixos: desenvolvimento do negócio, que diz respeito à parte jurídica e formal; desenvolvimento de propriedade, relacionado à expansão de sociedade; e o desenvolvimento familiar, em que ocorrem as relações pessoais, as linhas sucessórias e os valores da família.
Segundo Adriana, ainda que os eixos estejam interligados, existem momentos distintos entre eles, que variam com o grau de evolução de cada empresa. Para ela, a primeira coisa que um empresário deve fazer em momentos de crise é analisar em qual etapa o negócio está e definir quais estão sendo as maiores dificuldades. “Feito isso, é preciso desenhar quais serão as estratégias de governança necessárias para orientar no planejamento atual e futuro da empresa”, afirma Solé. Ela explica que a governança é fundamental para colocar ordem entre os três eixos e garantir o bom convívio entre os familiares no âmbito profissional. “O conselho orienta estrategicamente uma empresa, criando regras e normas a serem seguidas. Mesmo que a empresa familiar seja pequena, é preciso estipular horários, prazos e pautas bem definidas em reuniões, por exemplo”, explica Adriana.
Uma governança bem executada é fundamental para o andamento dos negócios e para a coesão entre os membros da família empresária. “Os gestores têm esse dever de tomar decisões responsáveis pensando na sustentabilidade da empresa, no equilíbrio das relações internas, na diminuição de possíveis conflitos de interesses e na coesão familiar”, ressalta.
Em um contexto de pandemia, é fundamental pensar no futuro e, consequentemente, na profissionalização das próximas gerações que assumirão cargos de liderança. "Se algo acontecer hoje com os gestores, líderes e conselheiros, a empresa estará pronta para passar por isso? Com a sua ausência, a empresa vai conseguir se sustentar?", indaga Adriana. Por isso, segundo ela, é fundamental que a cultura organizacional, os valores e a tradição da empresa sejam transmitidos desde cedo para as gerações mais novas da família.
Quer saber mais sobre governança em empresas familiares? A JValério FDC preparou um workshop sobre o assunto, com aulas online e ao vivo com especialistas da Fundação Dom Cabral. O workshop acontecerá em duas datas, Turma I nos dias 1 e 3 de setembro e Turma II nos dias 15 e 17 de setembro, e é exclusivo para membros de famílias empresárias do Paraná e de Rondônia. Faça sua inscrição aqui.