IPO: a porta de entrada para as empresas no mercado de capitais

30/11/2023
IPO: a porta de entrada para as empresas no mercado de capitais | JValério

PMEs já estão ingressando neste mercado com o intuito de levantar recursos para investir e prosperar. A paranaense Eletron Energia é uma delas e será a quarta empresa a abrir capital na BEE4

A taxa básica de juros e o maior interesse de pessoas físicas em investir na Bolsa têm estimulado empresas médias a optarem por vender ações como estratégia para acelerar o crescimento. E tudo começa com a abertura de uma IPO - a sigla para “initial public offering”, ou “oferta pública inicial” em português. Esse é o passo inicial para empresas que almejam ofertar ações ao mercado e agregar novos sócios aos negócios. É dessa forma que organizações abrem capital com papéis negociados no pregão da Bolsa de Valores.

Emitir ações é um caminho para que as companhias levantem recursos. E para que outras pessoas se tornem acionistas desses negócios, elas precisam comprar papéis. Em troca, participam dos resultados. Trocando em miúdos, o dinheiro dos acionistas serve como combustível para que uma empresa faça investimentos necessários para crescer e prosperar.

A abertura de capital também é uma forma de as empresas darem liquidez a seus empreendedores ou sócios. Ou seja, é uma possibilidade para que eles vendam suas ações a outros investidores do mercado, transformando papéis em dinheiro no cofre.

Companhias até então pouco conhecidas pelos investidores realizaram o processo de IPO nos últimos anos, como as redes de academias Smart Fit e Bluefit, que abriram capital. Inclusive, flexibilizações nas regras tornaram a Bolsa de Valores mais atrativa para empresas médias desde 2019.

Geralmente, as empresas que fazem um IPO estão em um estágio de maturidade. Historicamente, tais operações são bastante grandes, podendo atingir a casa das centenas de milhões de reais. Contudo, estão surgindo oportunidades para que as pequenas e médias empresas ingressem neste mercado como a paranaense Eletron Energia, que está prestes a se tornar a quarta empresa a abrir capital na BEE4, primeiro mercado regulado de ações tokenizadas do Brasil para PMEs.

Fundada em 2015, a companhia atua na criação de projetos personalizados para ajudar as organizações a otimizar seus recursos energéticos. A empresa soma 159 projetos de eficiência energética até 2023, que totalizam mais de R$ 160 milhões. Os projetos foram desenvolvidos para organizações de cinco setores: 28 na área de serviços (R$ 53,8 milhões); 32 no ramo de hospitais (R$ 31,4 milhões); 29 na indústria (R$ 30,8 milhões), 31 no segmento do comércio (R$ 29,4 milhões) e 38 em condomínios (R$ 16,6 milhões).

Ricardo Kenji aponta que, com a captação, acelerar um plano de crescimento para elevar a receita da Eletron Energia a R$100 milhões em 2028. “A abertura da IPO é mais um marco na história da empresa. Nos últimos cinco anos, crescemos quase 50 vezes. Apenas no período de 2019, quando nos tornamos uma SA, até 2022, crescemos 590%. Esse número é até modesto para o mercado de energia, que está em franca expansão. Até junho de 2023, a margem EBITDA é de 29% e a perspectiva é encerrar o ano com faturamento de R$ 22 milhões. Temos muita coisa para fazer para tornar as empresas mais competitivas por meio da eficiência energética”, afirma.

Modelo robusto de gestão

Embora esteja mais acessível, o processo de abertura de capital pode ser longo e custoso. Por isso, as empresas interessadas neste mercado devem se preparar. Os menores IPOs requerem que a empresa tenha em caixa pelo menos R$ 5 milhões para arcar com despesas de consultoria, advogados, contabilidade, entre outras. Além disso, é necessário que a companhia seja protagonista no setor em que atua.

 Para que o IPO seja bem-sucedido, geralmente, as empresas precisam implementar novos métodos de gestão, com boas práticas de governança corporativa, com pelo menos 36 meses antes da oferta inicial de ações.

Apresentar demonstrações financeiras dos últimos três anos auditadas por uma instituição independente é um dos fatores primordiais para as empresas que desejam abrir capital. Além da transparência na gestão, a organização precisa ter um bom projeto para crescimento. Afinal, o investidor precisa acreditar que o negócio vai dar retorno superior ao de outras companhias ou de aplicações de bancos antes de fazer um aporte de recursos.

Outros diferenciais são ter um produto inovador, políticas ESG ou atuar em um segmento ainda pouco estabelecido na Bolsa.

A Eletron Energia, por exemplo, atua em um mercado emergente. Um dos desafios no mundo todo para resolver os impasses da sustentabilidade ambiental diz respeito às fontes renováveis de energia. E, neste quesito, o Brasil sai na frente. “Quase metade do que geramos de energia, ou seja, 48,4%, vem de fontes renováveis. Para se ter uma ideia do avanço brasileiro, a média mundial está em 15%”, explica Ricardo Kenji.

Se você leu este artigo até aqui e ficou interessado em saber mais sobre a abertura de capitais, confira a seguir um passo a passo sobre o que é preciso fazer antes de abrir um IPO:

1 – Avalie se realmente vale a pena abrir o capital

Essa análise é primordial para identificar se a venda de uma parte das ações da sua empresa a sócios investidores realmente promoverá maior riqueza patrimonial. Esse estudo deve fazer uma comparação entre vantagens e custos. Vamos relembrar aqui quais os principais benefícios de abrir capital, sobre os quais falamos neste artigo:

  • aumento da liquidez do patrimônio da sua empresa;
  • retornos dos investimentos a serem realizados com os valores alcançados com a emissão de ações (papeis);
  • redução do custo de capital da organização;
  • melhora da sua competitividade e posicionamento em função do fortalecimento da imagem institucional.

Por si só, a implementação de uma política de transparência e um plano de crescimento sólido, que são exigências dos investidores e da regulamentação para abrir um IPO, já tornam a gestão de uma organização mais sólida. E esse é um fator que trará benefícios para o negócio, independentemente da entrada no mercado de capitais. Mesmo assim, o custo do aumento da estrutura organizacional é algo que deve ser colocado na balança antes da abertura de um IPO.

2 – Escolha bem um intermediário financeiro

Todo processo de abertura de capital deve ser realizado por meio de uma instituição financeira (corretora, banco de investimento ou distribuidora), que se responsabilizará pela operação. A instituição também vai orientar os gestores em todas as etapas. Por isso, é importante escolher um intermediário com cuidado. Afinal, ele será um parceiro da empresa.

3 – Prepare a documentação e a reforma estatutária

Para solicitar um registro de companhia aberta, é necessário estar por dentro de vários procedimentos. Como já dissemos neste artigo, uma das exigências é a contratação de uma auditoria externa e independente. Apenas assim será possível entregar demonstrações financeiras em padrões já definidos.

O estatuto da empresa também precisará ser editado para a inclusão da caracterização e os direitos das ações, além das competências das assembleias de acionistas e do conselho de administração.

Ao longo deste post, você entendeu mais sobre o IPO e a abertura de capital na bolsa. Agora você tem informações relevantes para considerar essa hipótese como uma forma de obter recursos para investir e fazer seu negócio decolar!

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