Gestão de recursos humanos, transformação digital e ESG na mira do varejo em 2022

05/11/2021
Gestão de recursos humanos, transformação digital e ESG na mira do varejo em 2022 | JValério

Esses fatores foram apontados como desafios para o setor e devem ser encarados como prioridade pelas lideranças

A Fundação Dom Cabral e a JValério Gestão e Desenvolvimento realizaram uma live para debater o cenário para o setor varejista em 2022. A mediação foi feita pelo professor Carlos Arruda, da FDC, e contou ainda com a participação de Carlos Mauad, presidente do Banco Carrefour, e de Silvana Buzzi, presidente da Associação Brasileira de Franchising (ABF).

Carlos Arruda acredita que o setor varejista está em seu melhor momento. A afirmação se deve estudos realizados pela instituição em 2020 e 2021 e que apontam alguns resultados positivos. “No ano passado, as vendas no e-commerce cresceram 34%. Em 2021, vivemos um ano de incertezas e o uso intensivo das plataformas digitais, sobretudo as redes digitais para vender produtos e serviços, tornaram o consumidor mais exigente. Entretanto, a expansão de outro meio de pagamento, o PIX, impulsionou o varejo. Já alcançamos 330 milhões de chaves de cadastradas, sendo que 94% são de pessoa física”, afirma.

Crescimento no setor de franchising  

Silvana Buzzi apresentou pesquisas que mostram o desempenho das empresas do segmento de franquias, que também sofreram o impacto da pandemia. Em 2019, o faturamento do setor chegou a RS 43 bilhões. Esse número teve uma queda de 40% em 2020 e, neste ano, está se recuperando. “Já alcançamos o faturamento de R$ 41 milhões em 2021 e acreditamos que, no final do quarto trimestre, chegaremos aos números de 2019. Nossa expectativa é de crescimento de 8% no faturamento e de 5% na geração de empregos até o final de 2021”, conta.

Silvana destaca que as empresas dos setores de Casa e Construção e de Saúde, Beleza e Bem-estar foram as que tiveram melhor performance. E, como já era esperado, os negócios na área de entretenimento e turismo foram os mais afetados pelos efeitos colaterais da Covid-19 na economia. “No segundo semestre de 2021 esses segmentos já estão em recuperação.

Desafios para 2022

Na visão da presidente da ABF, os desafios para as empresas no próximo ano estão nas áreas de gestão de pessoas e inovação. No que diz respeito à área de Recursos Humanos (RH), o modelo de trabalho deve continuar híbrido. “O home office veio para ficar. Mas aproveito para estimular uma reflexão: vale a pena tirar as pessoas da sua casa, para que cada uma fique sentado na sua mesa, fazendo reuniões virtuais?”, questiona Silvana.

Carlos Mauad acrescenta que os gestores precisam se manter próximos da sua equipe e que as lideranças que conseguem comunicar com clareza seu propósito, saem na frente. “Quando estão conectados a um propósito, o desempenho dos colaboradores é melhor. Eles precisam saber que estão contribuindo com uma causa e que o trabalho vai além do salário. O Atacadão, por exemplo, uma das empresas do Grupo Carrefour, tem um propósito inspirador, que é atender as necessidades das famílias mais vulneráveis socialmente, e que estão na base da pirâmide, no que diz respeito à segurança alimentar. Elas foram as mais afetadas pela economia, sobretudo em razão do desemprego e das taxas de inflação, que chegaram aos dois dígitos”, salienta o presidente do Grupo Carrefour.

Inovação

A transformação digital é uma das prioridades na agenda das empresas e vai além da venda pelo whatassap. No entanto, a conexão com os consumidores em todas as plataformas online já pode ser considerada um avanço. Vale a pena investir nas chamadas Live commerces. A modalidade já tinha surgido na China e, em 2019, foi responsável por 4,5% das compras online feitas no país. Com a chegada da pandemia, a ferramenta se tornou uma saída no mundo todo para melhorar o relacionamento com o cliente e compensar a “frieza” dos ambientes online, como as vendas pelo whatassap.

As Live Commerces podem ser de vários formatos: reviews, shows de música, desfiles, dicas, entre muitos outros. Além de incentivar as vendas, os eventos devem fazer essa convergência entre conteúdo, entretenimento e comércio.  “A ideia é promover promoções por meios de streamings e transmissões ao vivo, nas quais o consumidor vê o produto e pode comprá-lo em condições especiais”, aponta Silvana.

Política de resultados

A digitalização vai além do contato com o público, na visão de Silvana. Ela chama a atenção dos gestores sobre a importância de adotar uma política de resultados, que passa pela mensuração e análise de dados para a tomada de decisões assertivas. “A gestão de dados é um dos diferenciais e, para isso, precisamos investir em tecnologia. Não podemos também tomar decisões na base do achismo. Outra questão é a avaliação de quais ferramentas que adotamos na pandemia devem permanecer. Aquelas que não trouxeram resultados significativos e que não são mais utilizadas podem ser abandonadas”, diz a presidente da ABF.

ESG

Por fim, Silvana chama a atenção sobre a ESG, que é uma realidade e um caminho sem volta. Em inglês, a sigla significa os efeitos e ações das empresas envolvendo Enviromental (o Meio Ambiente), Social (Social ou a comunidade em geral) e Government (a Governança).

Num cenário em que o aquecimento global e seus efeitos sobre a natureza já afetam os negócios e as economias de países inteiros, as organizações do setor produtivo estão sendo convocadas a repensar seu modelo de atividade de forma radical, priorizando a sustentabilidade, responsabilidade social e princípios éticos na gestão. “É uma tendência. Os consumidores gostam de empresas que investem na questão ambiental e em ações de responsabilidade social”, finaliza a presidente da ABF.

O que achou sobre o conteúdo? Vamos conversar? Deixe um comentário.
ASSINE NOSSA NEWSLETTER