Fórum da JValério e da FDC debate a gestão do futuro

03/12/2021
Fórum da JValério e da FDC debate a gestão do futuro | JValério

Evento presencial contou com a participação de lideranças paranaenses e apresentou o cenário de mudanças na gestão para driblar incertezas do ambiente externo

A JValério e a Fundação Dom Cabral (FDC) realizaram, na última terça-feira, dia 30 de novembro, o fórum empresarial “Estratégia: como se preparar para o imprevisível”. Na ocasião, o professor da FDC, David Martins Zini, falou sobre o cenário para 2022 e advertiu os participantes: “as questões relacionadas ao ambiente interno podem ser controladas e são um diferencial para as organizações se prepararem para um futuro volátil e imprevisível”.

A instabilidade, aliás, virou uma rotina em tempos de Covid-19. A pandemia obrigou as empresas a revisarem suas estratégias e corrigirem rotas a curto prazo. E como desenvolver um plano estratégico num ambiente onde imperam as incertezas por conta de uma crise sanitária que interfere na economia e ainda fazer investimentos num ano de eleições, num país totalmente polarizado, como o Brasil?

Na opinião de David Zini, mesmo diante de um cenário desafiador, podemos encontrar oportunidades para crescer e tornar um negócio competitivo. “As ameaças podem ser dribladas com um bom planejamento, com a capacitação e o desenvolvimento do departamento de Recursos Humanos. O ambiente econômico ou o futuro são especulações, que talvez não sejam a realidade no próximo ano. Não sabemos o que vai acontecer nas eleições, os rumos a taxa de câmbio e de juros, além dos números sobre o crescimento do país. O que podemos fazer é nos preparar internamente para aproveitar as oportunidades e alavancar o negócio”, aconselha o especialista.

Ele acredita ainda que, num mundo hiper conectado, onde circulam muitas notícias e fake news, é necessário buscar segurança em fontes confiáveis e escolher informações que sejam relevantes para a tomada de decisões. “As notícias negativas nos colocam em alerta e levamos para nossa família, para nossa organização, sentimentos de incerteza e ansiedade. Temos que compreender que nossas armas, nossas forças, estão dentro da organização. Como enfrentar ciclo de vidas curtos para produtos e serviços? É estar atento ao que acontece lá fora e que pode impactar na nossa empresa e que chamamos de análise PESTEL. Essa vigilância deve ser constante na política, na economia, no social, na economia e na legislação, que são os elementos que integram a sigla PESTEL”, explica Zini.

Confira agora os fatores apontados pelo professor David Zini no fórum e que devem ser levados em conta no planejamento estratégico das organizações em 2022:

  • Conflitos geopolíticos

 A nova rota da seda - mais conhecida como One Belt, One Road- foi criada pela China, maior potência do mundo na atualidade, em 2013. O projeto abrangeu uma série de investimentos, sobretudo nas áreas de transporte e infraestrutura para conectar a Europa, o Oriente Médio, a Ásia e a África – regiões de extrema importância geopolítica.

A travessia visa o fortalecimento dos países asiáticos no mercado e produção de semicondutores, que abastecem todo o mercado de tecnologia, incluindo conceitos como a inteligência artificial e o machine learning. É naquele continente que estão as reservas de terras raras, que são matéria prima de produção de chips. Além disso, eles detêm uma capacidade produtiva na área da tecnologia, que não existe em outro lugar do mundo.

“A mudança de pêndulo do ocidente para o oriente é irreversível: um caminho sem volta. A nova realidade afeta os empreendedores brasileiros à medida que a China se torna uma exportadora de tecnologia e importadora de commodities agrícolas - como soja e milho – produzidos aqui”, salienta Zini.

  • Inflação X Crescimento

Vários fatores contribuíram com a ascensão da curva de inflação no Brasil. Os países produtores de petróleo reduziram a oferta para recuperar o preço. A China, cuja matriz energética era o carvão, optou por utilizar o gás como uma alternativa para incorporar a ESG (“Environmental, Social and Governance”) e o preço desse produto também subiu.

A Covid-19 desorganizou o sistema de logística e 80% do trade mundial funciona por cabotagem. Os navios não conseguiam descarregar com a imposição da paralisação para frear a contaminação pelo vírus. Todas essas mudanças provocaram alterações no preço do frete. Os produtos eletrônicos também ficaram mais caros.

“No final de 2020, com a retomada econômica e novos preços nas prateleiras em virtude de todos os fatores citados acima, o governo precisou proteger a moeda e aumentou a taxa de juros. Além disso, teve que aumentar os programas de acesso à renda, que interferem nos cofres públicos. Todos esses ingredientes alimentam o crescimento da inflação.  A queda dessa taxa só deve acontecer em 2023. Por todos esses motivos, o Brasil deve crescer em torno de 1% e 1,5% em 2022”, argumenta o professor da FDC.

  • Nova variante da Covid-19

 A vacinação no Brasil está acelerada e a adesão à imunização é maior que nos Estados Unidos, por exemplo. No entanto, eventuais crises na saúde por conta do surgimento da variante Ômicron são uma ameaça à economia de todos os países, por conta do fechamento de fronteiras e do comércio. 

Um dos legados deixado pela Covid-19 para as empresas é a importância da transformação digital. As organizações que estavam adiantadas neste processo saíram na frente.

  • Cenário eleitoral

Apesar dos solavancos, o Brasil possui uma democracia fortalecida e o Governo precisa da aprovação do Congresso. “Por essa razão, Argentina e Venezuela não nos assustam. Não há riscos de nos tornarmos nem um e nem outro, independente de quem ganhe as eleições. A polarização política é grande e favorece notícias alarmantes e fake News dos dois lados”, opina David Zini.

Para ele, quem for eleito tem um grande desafio pela frente: a diminuição da pobreza; dar condições e confiança para que os empresários continuem investindo no Brasil; e fazer com que os técnicos e desenvolvedores não desejem sair do País para que possam contribuir com o crescimento.

  • Tecnologia

As empresas devem prestar atenção no avanço da tecnologia e como essa transformação interfere nos negócios. Carros elétricos, robôs na logística, entrega por drones e veículos autônomos já são uma realidade na logística, que precisa ser repensada.

O aporte tecnológico está presente em todas as áreas: na agricultura de precisão, na robotização na saúde e na construção civil.

A transformação digital também pode ser adotada na gestão, por meio da análise de dados. “O investimento em ‘tecnologia pura’ é um desafio para os empreendedores. O dado é o novo petróleo. A análise, a curadoria dessas informações é o novo refino. E a inteligência artificial é a gasolina. Quanto você está coletando informações sobre seus clientes, o quanto está transformando sua empresa em um canal aberto na coleta de dados?”, questiona e alerta  David Zini.

Talk-show

Preocupadas em conciliar o conhecimento acadêmico e o olhar dos pesquisadores com o que está acontecendo no mercado, a JValério e a FDC incluíram na pauta do fórum um talk show com gestores de empresas como André Fatuh, CEO da Berneck, Claudio Zattar, presidente da Ouro Verde, e Breno Prestes, CEO da Construtora Prestes.

O debate foi mediado pelo professor Zini, que apontou que, num momento de tantas mudanças, como vivemos em 2020 e 2021, a transformação começa na cabeça das lideranças, que são o farol do desenvolvimento. “Se não podemos controlar o ambiente externo, temos que olhar para a solução para os problemas que estão dentro de casa, buscar novos modelos de gestão. As lideranças precisam desenvolver um plano estratégico e executá-lo. Esse é o ponto fundamental. E executar significa comunicar a estratégia, implementá-la e fazer os ajustes necessários para a correção de rotas. Trata-se de uma mudança cultural e as crises servem para isso. A grande mensagem é: se não conseguimos prever o futuro, o que está no nosso alcance é a mudança de gestão”, ressalta.

Na ponta do lápis

Para Claudio Zattar, o grande aprendizado da pandemia foi como lidar com os custos, incutir essa mentalidade nas pessoas e estar atento a esse fator num ambiente de incertezas. “Olhar para o que é mais importante na saúde financeira e proteger, cuidar das pessoas, é o que mais aprendemos na pandemia. Eu vejo o futuro com otimismo porque agora aprendemos a lidar muito bem com um clima de incertezas”, destaca.

Na Construtora Prestes, a crise inspirou o cuidado com as pessoas. A primeira medida foi enviar um comunicado para a força de trabalho com um recado para trazer segurança: a Prestes não vai demitir ninguém por conta da pandemia. Num segundo momento, a empresa, que já vinha realizando reuniões online, incorporou esse modelo definitivamente e investiu em toda a infraestrutura necessária para isso. “Em uma semana, já estávamos preparados para o período de distanciamento social”, conta Breno Prestes.

A empresa se preocupou ainda com a saúde mental dos colaboradores. O Instituto criado pela própria organização, para colaborar com a educação das crianças na comunidade em que atua, ganhou um novo foco: começou a cuidar também da equipe da construtora. “Entendemos que era o momento de fazer a lição de casa e investir na saúde mental dos colaboradores com quadro de ansiedade e que estavam abalados com os efeitos da pandemia.  Contratamos uma equipe de psicologia e incentivamos a prática de esportes. Usamos o Instituto para manter o brilho nos olhos dos nossos colaboradores e para manter o time engajado”, depõe o CEO da Construtora Prestes.

Conexão com o colaborador passa pela liderança

Um líder que conecte todos os colaboradores na mesma direção: é assim que funciona, na prática, uma liderança engajadora. Para André Fauth, outra recomendação é seguir a cultura do Walking the talk (aja de acordo com seu discurso), na qual o líder age pelo exemplo e não apenas pelo que diz, tendo empatia pelo colaborador. “O líder tem que ser um facilitador das descobertas do seu liderado dentro da empresa”, pontua o CEO da Berneck.

Na visão dele, a melhor forma de liderar é pelo exemplo, escutando, ouvindo e debatendo situações. “Quando debato, no sentido de contribuir com a estratégia, digo que no campo das ideias não existe hierarquia. Sem se preocupar com a posição hierárquica o resultado é sempre melhor”, finaliza.

Balanço

Clodoaldo Oliveira, diretor executivo da JValério, acredita que o evento foi muito produtivo e cumpriu com o propósito da empresa, que é dar suporte para as empresas crescerem com sustentabilidade, por meio do aporte de conhecimento. “Foium dia muito especial para nós. Há 20 meses, iniciávamos um processo de distanciamento social forçado. Nossa forma de atuação de entregas teve que ser reavaliada. Olhar nos olhos presencialmente e sentir o calor humano fez falta nos últimos 18 meses. Hoje, iniciamos nossa retomada, que pode ser lenta, gradativa, mas é uma retomada, um momento de comemoração. Nosso objetivo, em 2022, é conciliar a praticidade e as vantagens do modelo remoto online, com os aspectos humanos da convivência presencial. É esse modelo híbrido que vamos incorporar daqui para frente”, afirma.

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