Emprego e identidade: qual a relação entre eles e o impacto que causam na carreira

23/11/2022
Emprego e identidade: qual a relação entre eles e o impacto que causam na carreira | JValério

Pesquisadora americana acredita que a identidade persistente, que nos acompanha quando mudamos de emprego ou posição, é construída por meio de valores, significados e promulgações. Leia o post de hoje para saber como avaliar novas oportunidades no mercado de trabalho 

O mundo mudou e o mercado de trabalho acompanha todas essas transformações. Foi o tempo em que os jovens ingressavam numa empresa e traçavam um plano de carreira para continuar ali até a aposentadoria. Para as novas gerações o desenvolvimento pessoal passa pelo acúmulo de experiências em diferentes organizações. Eles também encaram a mudança de função com naturalidade e como uma oportunidade de dar um salto na sua carreira.

No entanto, Sarah Wittman, doutora em Comportamento Organizacional e professora Assistente de Administração na Escola de Negócios da George Mason University, realizou uma pesquisa para avaliar como se comportam as pessoas que mudam de emprego: elas conseguem se adaptar facilmente à nova realidade ou vivem com as sombras do passado? 

Sarah criou o termo “identidades persistentes” para designar aqueles que trocam de função, mas não conseguem associar a mudança a um quadro branco, no qual será escrita uma nova história. As glórias e os fantasmas do passado continuam a assombrá-los, mesmo no novo cenário, com novas perspectivas. 

Mas por que isso é importante? O estudo conduzido pela pesquisadora americana sugere que identidades persistentes, quando são tratadas de forma errada no novo emprego ou na nova função, podem colher frutos amargos na trajetória. Segundo ela, levantamentos apontam que algo em torno da metade das novas contratações falham em seu novo papel justamente por falta de ajustes.

 Esse fator é citado como um dos principais entraves para a adaptação no novo posto. Diz a pesquisadora em artigo publicado na Harvard Business Review: “o ajuste é comumente interpretado como o alinhamento dos principais valores e capacidades de um funcionário com os de seu trabalho”. 

No entanto, ocorrem falhas no processo, de acordo com o raciocínio de Sarah, porque nem valores nem capacidades são implantados em nós desde o nascimento. Em grande parte, eles são construídos em paralelo à experiência de vida e de trabalho. E, nesse contexto, nossa identidade própria desempenha um papel decisivo. No ponto de vista da pesquisadora americana, o “ajuste” não resultaria de uma incompatibilidade fundamental, mas sim de uma falha em completar a transição psicológica de uma identidade para outra.

Essa transferência de identidade é complexa e envolve movimentos em quatro pilares: físico, comportamental, relacional e psicológico. A última jornada citada é que recebe menor atenção e, quando as pessoas não mudam a forma como se definem, mesmo que sua nova posição diga que “deveria” ser outra coisa, a identidade anterior permanece. 

Sarah Wittman aponta que um candidato a um novo emprego possui um desafio triplo: 

  1. Entender sua identidade persistente bem o suficiente para utilizá-la como um mecanismo de filtragem das oportunidades atuais. 
  2. Encontrar uma função que promova uma combinação boa o suficiente para sua identidade.
  3. Concluir a transição para sua nova posição.

Não se trata de uma tarefa fácil. Sarah elenca algumas atitudes que podem ajudar os candidatos a serem bem-sucedidos numa transição de carreira. Veja os aconselhamentos dela para encarar cada um dos desafios citados acima. 

1. Entenda sua identidade persistente.

Antes de mudar de posição, é necessário ter consciência da identidade persistente (valor, significados e promulgações) que você traria para sua próxima função profissional. 

O valor diz respeito a uma identidade específica. Uma candidata que sai de um posto em uma indústria de beleza e migra para a construção civil sentirá - inevitavelmente - um choque, mesmo que a mudança tenha sido voluntária para alavancar a carreira. Para alguns o valor está no logotipo do cartão de visitas. Para outros, a amizade que construíram na empresa. Para compreender o valor é preciso saber como você obtêm autoestima no seu trabalho. Esse é um componente crítico da autoavaliação de identidade.

Os significados são as associações e conotações de uma identidade. Um profissional da saúde, por exemplo, pode se sentir à vontade com as alcunhas de “curador”, “essencial” ou “corajoso”. No entanto, os problemas aparecem quando os significados que um candidato carrega da função anterior entram em conflito com a nova função. Para avaliar os significados que são realmente importantes para você no mercado de trabalho, pense em como você gostaria que seus colegas o descrevessem na sua nova função. Busque palavras específicas e que comuniquem com clareza como você agrega valor naquela função. 

As promulgações traduzem como a identidade é vivida diariamente: o que é, como, e com quem trabalha. Neste sentido, a sugestão da pesquisadora é fazer um balanço das próprias promulgações. Um bom exercício é perceber como a pandemia mudou a forma de trabalho e alterou as rotinas. Use essas mudanças como ponto de partida e avalie aspectos que você considera mais difíceis de lidar pode ser uma maneira de se concentrar em suas ações decisivas.

2. Encontre uma função que promove uma combinação boa o suficiente para sua identidade

As entrevistas de emprego são uma via de mão dupla: candidatos são avaliados pelos recrutadores ao mesmo tempo em que têm a oportunidade de saber um pouco sobre os entrevistadores. Se o novo emprego confrontar com seu passado profissional e com as três dimensões (valor, significados e promulgações), a nova trajetória já começa com um desafio a mais. Daí é importante avaliar se a mudança vale a pena e se não é melhor continuar em busca de um lugar e posição que aparentam ser mais certeiros.          

No entanto, é fato que nenhum trabalho é perfeito, nem que você seja dono do próprio negócio. Sempre haverá ajustes para serem feitos. E, na hora de buscar, o melhor é tentar opções que pareçam boas o suficiente. Além disso,   colocar cartas na mesa antes de ser contratado ajuda a evitar experiências negativas - tanto para o candidato quanto para o recrutador. 

3. Concluir a transição para sua nova função.

Depois de assumir a nova posição, o diálogo com o novo gestor deve continuar para que a adaptação seja facilitada e os desafios superados. O novo contratado também deve aproveitar os pontos positivos da sua identidade persistente para oferecer um feedback para o novo gerente - mas sem parecer arrogante. 

Quando as sugestões forem associadas à identidade persistente do colaborador transforma o que poderia ser percebido como uma reclamação impertinente em uma humilde troca de perspectivas. O diálogo franco também pode ser observado como um esforço pessoal para moldar sua transição profissional de forma bem-sucedida.

A volatilidade do mundo moderno nos encaminha para uma reflexão de que muitos passos serão dados na nossa carreira nos próximos anos. E, num cenário ambíguo e complexo, a saúde psicológica e realização profissional dos colaboradores dependerão da capacidade deles de avaliar e executar transições sem trair sua autenticidade. Por isso, a estrutura dos valores, significados e promulgações ajudam a encontrar respostas a despeito de cargos e empresas que parecem incompatíveis com suas identidades persistentes e quais das facetas que a formam valem a pena ser descartadas ou aprimoradas. 

Desenvolvimento pessoal 

O autoconhecimento está intimamente ligado ao planejamento da nossa carreira. E uma forma de tirar os projetos do papel é investir na formação continuada. A Pós-graduação em Gestão de Negócios (PGNE) da Fundação Dom Cabral e da JValério, desenvolve profissionais preparados para enfrentar os desafios atuais e antecipar os cenários futuros do ambiente de negócios. 

O participante aprende na prática como utilizar as melhores ferramentas da gestão contemporânea e recebe uma atualização sobre tendências, pesquisas e análises que influenciam o ambiente global de negócios. A especialização promove o diálogo com líderes e profissionais conceituados e amplia a rede de contatos dos executivos, oferecendo, assim, uma sólida e efetiva orientação profissional de carreira. A Pós-Graduação em Gestão é conhecimento imprescindível para quem deseja promover transformações relevantes na carreira e na empresa.

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