De geração em geração: o papel da governança nas empresas familiares

04/09/2023
De geração em geração: o papel da governança nas empresas familiares | JValério

Para que os negócios de família se mantenham competitivos e lucrativos, existem boas práticas que são fundamentais. Saiba quais são elas!

No momento em que uma empresa familiar é criada, o planejamento do fundador normalmente está focado não apenas na atual gestão como também no futuro nas mãos das próximas gerações. Ou seja, ele espera que seus filhos, netos e outros familiares - com laços sanguíneos ou não - se envolvam nos negócios que até se tornarem potências.

A depender do interesse e expertise de cada um, a alternância de poder será inevitável, sobretudo nos cargos de alta liderança. Acredita-se que esse tipo de organização tende a ter uma sucessão naturalmente clara e eficaz pelo fato dos membros serem mais unidos e comprometidos. Em tese, o cenário ideal para que um empreendimento prospere.

Contudo, ao misturar as relações pessoais e profissionais a decisão evoca uma série de desafios em razão de possíveis conflitos de ideias, objetivos e valores. Além dos sentimentos comuns que afloram entre parentes de maneira geral.

Ao optar pelo caminho no qual propriedade e presidência, bem como funções operacionais, são ocupadas por profissionais que convivem fora dos limites impostos pelo ambiente corporativo, é preciso estar preparado para lidar com temas sensíveis que podem vir à tona. Afinal, por mais éticas que sejam as condutas, somos de carne e osso e passíveis de emoções.

Dessa forma, é fundamental buscar meios para equilibrar a equação de modo que ela não coloque em risco tanto a administração como o núcleo familiar. Algo que a adoção de boas práticas de governança corporativa pode fazer por meio de princípios, processos e políticas que ajudem a orientar todos os envolvidos na direção certa.

Pensando nisso, separamos boas razões para impulsionar a implementação da governança corporativa em empresas familiares. Confira!

Importância da governança corporativa nas empresas familiares

Nem mesmo as maiores empresas familiares do mundo estão livres de passar por crises. Aliás, o caso da Samsung nos deixa uma importante lição. Recentemente, a multinacional sul-coreana do ramo de eletrônicos enfrentou problemas de governança em decorrência de embates sobre sucessão e estrutura de gestão entre seus membros.

Por consequência de inúmeros contratempos de transparência e responsabilidade, Jay Y. Lee, herdeiro e atual presidente executivo da companhia, garantiu que a liderança da gigante de tecnologia não será automaticamente transferida para a quarta geração da família. Isto é, o filho do criador da marca - Lee Kun-hee, que morreu aos 78 anos em 2020 -, anunciou o fim da linha sucessória hereditária.

Essas e outras questões podem ser evitadas ou minimizadas ao se estabelecer regras construídas com as estratégias e modelos certos. Ao serem colocadas em prática, representam a chance capaz de produzir diversas alternativas e soluções pensadas para cada estágio no qual o negócio se encontra.

Vantagens de implementar a governança corporativa nas empresas

Quer alguns exemplos práticos de como a implementação da governança corporativa irá gerar bons resultados? Veja a seguir os principais pontos que trarão impactos positivos para a organização.

  • Garante ganhos financeiros;
  • Orienta e apoia o caráter;
  • Protege a reputação;
  • Fomenta a confiança;
  • Torna mais estável e produtivo;
  • Desbloqueia novas oportunidades;
  • Reduz riscos;
  • Alavanca o crescimento de forma segura;
  • Protege o investimento;
  • Atrai investidores;
  • Melhora a tomada de decisões.

3 eixos da governança corporativa

Embora esse tipo de organização possa ser considerado uma espinha dorsal do ponto de vista econômico (saiba mais abaixo), ainda há os que não aplicam os princípios básicos da boa governança corporativa. Prova disso, muitas empresas familiares acabam fechando após a morte do seu fundador, deixam de sobreviver após a terceira geração ou enfrentam crises envolvendo a alternância de poder.

Nesse sentido, trata-se de aplicar conceitos interrelacionados que atuam para garantir a saúde da companhia como um todo. A começar pela divisão do que é de interesse das pessoas físicas e o que é do âmbito jurídico. Ademais, envolve planejar a fim de dar continuidade ao negócio em conformidade com leis e regulamentos pertinentes ao segmento de atuação.

Com o propósito de alinhar as demandas necessárias, a governança entra em cena para auxiliar as altas lideranças e gestores na missão de dirigir e controlar os propósitos a longo prazo. Portanto, a longevidade dos negócios, a capacidade de gerar lucro suficiente e a comunicação efetiva com os stakeholders estão atrelados aos 3 eixos que veremos adiante.

- Governança corporativa: quando todos os mecanismos utilizados convergem para direcionar e controlar uma organização de modo que ela avance para o próximo nível. Com ela, administrar com disciplina e tomar decisões imparciais torna-se menos desafiador. Para isso, vale ter a perspectiva, habilidade e experiência de terceiros - especialistas que não necessariamente são da família dos proprietários, diretores, sócios, conselheiros ou demais setores estratégicos.

Seja como for, vale se aprofundar sobre a história da grife francesa Chanel, um exemplo de empresa familiar que implementou essas ações com êxito aumentando a lucratividade com alta proficiência.

- Como alcançar: com a criação de um conselho de administração independente, aplicação de regras claras sobre o envolvimento dos membros da família na administração (garantindo que haja equidade e transparência), divulgação transparente de informações financeiras e garantia de que todos os envolvidos estarão sujeitos aos mesmos padrões éticos e de responsabilidade.

- Governança familiar: almeja aumentar o grau de clareza em questões como propriedade, envolvimento nos negócios e protocolos de tomada de decisão. Isto é, se concentra em questões específicas controladas e/ou possuídas por uma família, tais como a distribuição de poder e a sucessão e transição de liderança. De acordo com um levantamento feito pelo IBGE, apenas 24% das empresas familiares brasileiras planejam a sua sucessão.

Assim sendo, a ideia é estabelecer uma infraestrutura bem organizada que forneça uma compreensão cristalina do papel de cada um. Como resultado, oferece uma oportunidade para o compartilhamento de insights, sugestões e preocupações. Conforme relatório "Governança em Empresas Familiares: Evidências Brasileiras", da PwC, 73,1% das famílias pesquisadas têm pelo menos uma estrutura de governança familiar.

- Como alcançar: com a criação de documentos formais, reuniões e assembleias frequentes. Em virtude de uma cultura baseada nesse modelo, surge uma ponte entre as opiniões e os conselhos administrativos.

- Governança proprietária ou societária: se concentra nas empresas controladas e/ou possuídas por um único indivíduo ou grupo. Nesse caso, o (s) proprietário (s) detém o poder sobre decisões importantes sem precisar da aprovação dos acionistas ou demais stakeholders. Para isso, é feita uma separação entre os papéis de dono e gestor. Em suma, significa que os membros da família que são donos devem se concentrar nas estratégias e visão de longo prazo, enquanto os gestores são responsáveis pela implementação.

Um exemplo de empresa familiar com governança proprietária/societária é a rede de lojas de departamento americana Walmart, onde a família Walton é a principal acionista e possui uma forte influência sobre as decisões estratégicas da empresa.

- Como alcançar: requer estabelecer uma estrutura de propriedade descentralizada e a criação de um conselho administrativo independente. Soma-se a existência de comitês de auditoria, remuneração e ética. Além disso, vale construir mecanismos de votação equilibrados e uma política sólida para lidar com eventuais conflitos de interesse.

Realidade dos negócios familiares no Brasil e no mundo

Para contextualizar a realidade das empresas familiares no Brasil e no mundo, convém destacar que elas possuem grande relevância no mercado nacional e internacional.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Sebrae, representam 90% dos negócios constituídos. Em se tratando do Produto Interno Bruto (PIB), chegam à casa dos 65%. E ao falarmos em oportunidades, são responsáveis por 75% dos empregos em solo nacional.

A JValério Gestão e Desenvolvimento, em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC), realiza esse trabalho junto às empresas familiares. Elas oferecem um programa para executivos batizado de “Governança Corporativa em Empresas Familiares”.

Como vimos neste artigo, a governança é uma das formas de garantir a competitividade das famílias empresárias no mercado. O objetivo do programa, inclusive, é promover uma discussão entre os membros de empresas familiares e gestores sobre as principais práticas de governança que impactam a concretização de uma gestão profissional do negócio, pensando na longevidade da organização. Para saber mais, acesse: GOVERNANÇA CORPORATIVA EM EMPRESAS FAMILIARES - JValério (jvalerio.com.br)

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