Experts no assunto apontam que líderes não conseguem reagir de acordo com o novo perfil de liderança quando passam por situações limite, de pressão e estresse
O modo de liderar mudou muito nos últimos anos, sobretudo com a chegada da Covid -19, que reformulou o perfil das lideranças. Empatia, humanização, escuta ativa e a postura walk the talk - empregada para descreveros executivos que, por meio do bom exemplo, são capazes de inspirar equipes e alinhar a cultura da organização com a estratégia necessária para entregar resultados - são características de um bom líder na contemporaneidade. Sem eles, as chefias não conseguem atender as expectativas dos subordinados, da empresa e da sociedade.
No entanto, colocar todas essas habilidades em prática em momentos de crise ou oportunidades pode ser um desafio para as lideranças porque ambas situações trazem fatos novos para a rotina das organizações. David Nobre e Carol Kauffman, estudiosos sobre o tema e coaches de liderança, abordaram essa questão na edição mais recente da revista Harvard Business Review.
No artigo, os cientistas relatam que, durante o trabalho de treinamento e aconselhamento de líderes seniores, eles descobriram que, quando surgem situações inesperadas, esses executivos dão um passo atrás e voltam a reagir conforme a postura adotada no passado. Ou seja, preferem confiar no seu manual familiar de liderança e agir pelo instinto, adotando ações que funcionavam antes, mas que estão fora do padrão atual. Por isso, a conclusão de David Nobre e Carol Kauffman é de que, para serem eficazes, os líderes precisam superar suas reações padrão e gerar mais opções de como agir nos momentos em que são mais necessários.
No artigo, os coaches apresentam uma abordagem, chamada de “quatro posturas”, para auxiliar os líderes a melhorar sua comunicação interpessoal. São elas:
David Nobre e Carol Kauffman acreditam que, para vencer em qualquer momento de liderança, grandes líderes devem se desenvolver para serem capazes de acessar as quatro posturas das quais falamos acima. E, para isso, aconselham a adoção das atitudes elencadas abaixo:
Classificar o quanto se sente confortável em trabalhar com os liderados em cada postura. Esse exercício ajuda a identificar a postura padrão do líder. Além disso, se tiver algum feedback da equipe, vale a pena consultá-lo novamente como numa metodologia de revisão de 360º sobre sua postura. Leve em conta ainda que, quando você é o líder, nem sempre as pessoas sentem-se encorajadas a falar a verdade sobre seu comportamento. Por isso, seja honesto com você mesmo.
Quando surgem situações de pressão ou estresse você segue sua postura padrão? Faça uma análise sobre os momentos em que você foi teimoso e usou uma abordagem falha e sobre outras ocasiões em que conseguiu driblar sua postura padrão e alcançar bons resultados.
Nem sempre a Regra de Ouro (tratar os outros como você gostaria de ser tratado) é ideal para as lideranças. Prefira a Regra de Platina: tratar os outros como eles gostariam de ser tratados. Imagine um colaborador introvertido repentinamente interrompido por um extrovertido que pretende ser útil oferecendo uma conversa estimulante. A Regra de Platina incentiva os líderes a observarem os ouvintes, como a linguagem corporal, o tom de voz, o contato visual e as reações em relação às suas atitudes. Também observe a si mesmo.
Problemas interpessoais dependem de um tempo para avaliar qual é a melhor forma de resolvê-los. A ideia é fazer uma pausa e ter clareza sobre sua intenção para que você possa ser deliberado em sua reação. Perceba se sua postura padrão não está te inclinando para tomar uma atitude indesejada, da qual irá se arrepender. Todos nós precisamos, às vezes, dar um passo atrás para tomar uma decisão assertiva. Primeiro, incline-se e crie uma lista de opções de como você pode atrair as pessoas a seguirem a sua estratégia. Depois, pergunte mais uma vez a si mesmo: “o que mais alinharia a equipe”?
De acordo com as orientações dos coaches, o domínio das quatro posturas é ser capaz de ler cada momento e mudar seu padrão de comportamento imediatamente, sobretudo em circunstâncias estressantes. Eles acreditam que em interações nas quais os riscos forem maiores, será necessário recorrer às quatro posturas.
Quem é leitor assíduo do nosso blog já nos ouviu falar que a liderança não é nata e que pode ser desenvolvida e aprimorada. E essa é a lição de casa diária das lideranças: trabalhar suas habilidades comportamentais para reter talentos e alcançar os melhores resultados para a corporação.
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