Carreira executiva: como o presidente da Ucrânia ensina a liderar?

30/03/2022
Carreira executiva: como o presidente da Ucrânia ensina a liderar? | JValério

A liderança é um dos principais atributos na gestão de negócios e pode ser desenvolvida em cursos de pós-graduação que aponta caminhos para executivos transformarem a realidade nas organizações 

Há dois anos vivemos tempos incertos. Quando a pandemia deu uma trégua e ganhamos um pouco de fôlego, fomos surpreendidos por uma Guerra. O conflito em outro continente já está sendo sentido pelas economias do mundo todo, inclusive no Brasil. Num cenário de tantas adversidades o maior desafio das lideranças é engajar as equipes. É neste sentido que os gestores podem se espelhar num personagem real que ganhou os holofotes no último mês: o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.

Logo no início do conflito, quando os Estados Unidos ofereceram ajuda para retirar a autoridade do país, Zelensky reforçou sua empatia com seu exército e sua população e se recusou a partir para ficar em segurança em outro território. Ele escolheu comandar ao lado do time, mesmo diante das incertezas de uma Guerra. 

Admitir a vulnerabilidades 

Para Clodoaldo Oliveira, diretor executivo da JValério Gestão e Desenvolvimento, muitos líderes têm dificuldade de admitir vulnerabilidades, porque estão presos a um modelo antigo de liderança e não conseguem perceber que mostrar suas fragilidades é um sinal de força e não de fraqueza. “Os gestores precisam entender que a transparência, a comunicação com autenticidade é fundamental. Em alguns momentos é preciso dizer: Eu não sei como vamos atravessar essa situação, mas estou aberto a ouvir as suas ideias. Nós vamos resolver isso juntos”, diz.

Foi essa a postura do presidente da Ucrânia. Zelensky foi claro quando disse que não saberia como a Guerra iria acabar. Ao expor suas vulnerabilidades, conquistou a empatia das pessoas: atraiu aliados e solidariedade do mundo todo. Ao dizer: “não vou abandonar meu País, vamos lutar”, conseguiu chamar a atenção de outras autoridades para que o ajudassem a superar o conflito. A postura de líder engajador o colocou numa posição muito melhor do que estava antes da guerra começar.

Esse é o exemplo que os executivos e diretores de organizações precisam seguir, na opinião de Oliveira. “Os líderes precisam envolver a equipe para que todos os colaboradores, independentemente do nível de hierarquia, se sintam parte de uma missão e que o trabalho de cada um importa para alcançar o propósito da empresa. A sensação de pertencimento impulsiona as pessoas a buscarem conhecimento e recursos que elas não têm para ajudar a superar uma crise”, aponta. 

Escuta ativa 

Ao contrário dos líderes do passado, que tinham todas as respostas e eram uma espécie de “gurus”, que passavam sua sabedoria para os jovens, as lideranças modernas devem estar abertas a ouvir. “Os gestores podem e devem usar sua bagagem para liderar. Eles têm experiência de vida e sobre o negócio, porque, muitas vezes, são os fundadores da empresa. No entanto, precisam ouvir os mais jovens, que têm outras habilidades para o crescimento da organização, como o contato mais próximo com a tecnologia”, ressalta Clodoaldo. 

Outro aspecto levantado por Clodoaldo é a mudança de mentalidade do líder, que não precisa, necessariamente, ser um solucionador de problemas.  “Ele deve atuar como um facilitador de soluções. Permitir que a equipe se envolva é uma forma de reconhecer, na prática a competência da equipe. O líder precisa criar essa cultura de confiança entre os colaboradores para que a empresa tome conta de si mesma e ande com as próprias pernas. E esse é um grande desafio: porque o líder é responsável por tudo que acontece, mas não pode estar diretamente encarregado de tudo”, enfatiza Clodoaldo. 

Cuidar de si mesmos

Para que os líderes entendam a cuidar de si mesmos, podemos usar a mesma analogia sobre o aviso das máscaras no avião. Em situações de emergência, a indicação é colocar a máscara de oxigênio em si mesmo e depois nos outros passageiros. “Para cuidar das pessoas que estão ao nosso lado, precisamos cuidar primeiramente de nós mesmos. Os líderes precisam ter uma vida completa e enriquecedora: cuidar da sua saúde física e mental, ter momentos de lazer e se dedicar a família. Ser líder não é se sacrificar pela empresa. Se forem tomados pelo estresse vão gerar sentimentos de ansiedade nos demais colaboradores porque, inevitavelmente, lideramos pelo exemplo”, complementa Clodoaldo. 

No livro “A regra é não ter regras: a Netflix e a cultura da reinvenção”, Reed Hastings, cofundador e CEO da Netflix e Erin Meyer, especialista no mundo dos negócios, falam sobre a filosofia de liberdade com responsabilidade implementada na companhia.

Em um dos capítulos do livro, o tema é a política de eliminação das férias na empresa (não há aprovação prévia, são os gestores que decidem junto à equipe em quais dias/semanas irão se ausentar do escritório). Na Netflix, todos os colaboradores são incentivados a passar seis semanas por mês curtindo o ócio - encarado por eles como essencial para o desenvolvimento de projetos criativos. “Se você trabalha o tempo todo, nunca ganha a perspectiva de ver seus problemas com novos olhos”, diz um trecho do livro. 

Em outra parte, os autores abordam a importância de liderar pelo exemplo: “Como líderes, o que dizemos é a metade da equação”. Pregar que o funcionário deve encontrar o equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal e não fazer não adianta nada. Se você ficar 12 horas no escritório, seus colaboradores entenderão que esse é o regime em que também devem operar. 

 O mesmo vale para a política da eliminação das férias: “Como em tudo que envolve a liderança, é o gestor quem irá nortear o comportamento dos colaboradores e fazer a política de férias acontecer. “Um escritório sem política de férias, mas com um chefe que nunca sai de férias será um escritório sem férias”, conclui Reed Hastings, um dos autores da obra. 

Formação continuada 

Como vimos no post de hoje, liderar envolve um conjunto de habilidades, que podem ser desenvolvidas. A liderança não é nata e pode ser desenvolvida por meio de formações específicas como a Pós-Graduação em Gestão de Negócios, da Fundação Dom Cabral (FDC).  Trata-se de um curso para profissionais graduados em qualquer área e que estejam em busca de autodesenvolvimento, além de pessoas que desejam alavancar a carreira e aprofundar conhecimentos em gestão para liderar, empreender ou transformar a realidade das organizações. 

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