Aprender sobre relações de poder é uma das tarefas das lideranças contemporâneas

02/03/2023
Aprender sobre relações de poder é uma das tarefas das lideranças contemporâneas | JValério

O poder ajuda as organizações a alcançarem melhores resultados. Formação continuada auxilia desenvolvimento de soft skills e torna executivos capazes de inspirar equipes

A palavra “poder”, muitas vezes, possui uma conotação negativa porque tem o sentido de dominação, abuso e exploração. No entanto, as diversas áreas do conhecimento que estudam as relações de poder - como a psicologia, a sociologia, a antropologia, a administração e as ciências políticas - as caracterizam como necessárias para as relações humanas e para o bom andamento das organizações, que são o microcosmo da sociedade. O poder possui um viés negativo apenas quando é obtido de forma incongruente e quando não é bem utilizado.

Vários estudiosos atribuíram um conceito para a palavra poder:

• “Poder é potencial de influência.”(Carl Rogers)

• “Poder é o potencial que as pessoas têm para exercer influência sobre o comportamento de outras.” (Edgard Shein)

• “Poder é a possibilidade de alguém impor a sua vontade sobre o comportamento de outras.” (Max Weber).

A reflexão sobre essas definições nos leva a compreensão sobre o que Abraham Zaleznik, um dos principais estudiosos no campo da psicodinâmica organizacional, acreditava: “O homem é não só o sujeito, mas também o objeto do Poder social”.

Trocando em miúdos, o que o estudioso quer dizer é que o poder só existe se, ao lado de um indivíduo ou grupo que o exerce, há uma pessoa ou grupo que é estimulado a se comportar como ele deseja. É inegável que as relações de poder fazem parte da rotina das organizações. E o poder é útil quando é empregado para determinar objetivos, metas e resultados esperados. Podemos afirmar que o poder está relacionado à eficiência. O poder se torna negativo quando ultrapassa limites e provoca pressão no ambiente de trabalho, imposição, manipulação psicológica do medo, insegurança e alienação.

Tipos de poder

Geralmente, são as lideranças que ocupam um cargo que estabelece o poder nas empresas. Flavia Neves, descreveu os tipos de poder em edição recente da revista da Fundação Dom Cabral. Ela baseia-se no intelectual, jurista e economista alemão, Max Weber, considerado um dos pais da Sociologia para definir os tipos de poder. São eles:

• Poder Legal: está ancorado na legitimidade de ordenamentos jurídicos que definem expressamente a função do detentor do Poder, ou seja, a fonte do Poder é a lei.

• Poder Tradicional: a fonte do poder é a tradição, que impõe vínculos aos próprios conteúdos das ordens que o detentor do poder comunica aos súditos.

• Poder Carismático: está fundado na dedicação afetiva à pessoa do detentor do poder, à força heroica, ao valor exemplar ou ao poder de espírito e da palavra que o distinguem de modo especial.

Para Flávia Neves, as Bases de Poder são os recursos que podem ser potencialmente utilizados para exercer influência, ou seja, para estabelecer as relações de poder. Segundo ela, vários autores se debruçam sobre o tema. A autora do artigo sintetiza vários tipos de Bases de Poder:

 • Posição: está relacionada ao cargo ou nível hierárquico ocupado por alguém dentro da organização (também conceituado como Poder Formal). Neste caso, o indivíduo utiliza, conscientemente ou não, a sua posição (chefe, coordenador, gerente, CEO, etc.) como base para a sua influência.

• Recursos: está ligada ao controle de recursos. Se a pessoa distribuir recursos financeiros, orçamentários, pessoais, tecnológicos, para outros setores ou indivíduos dentro da organização, terá poder de influência sobre esses colaboradores ou setores que dele dependem para a obtenção dos recursos.

• Coerção: está relacionada à possibilidade de alguém aplicar algum tipo de sanção, de punição em um outro indivíduo ou grupo.

 • Recompensa: a relação de influência está relacionada à expectativa de recompensa por parte do subordinado; uma pessoa pode influenciar outra a partir de uma expectativa de um bônus, promoção, benefício, reconhecimento etc.

• Acesso: a pessoa tem a possibilidade de influência a partir de sua rede de contatos, ou seja, ela tem um canal de relacionamento aberto com pessoas de mais poder dentro da organização.

• Competências: os conhecimentos e habilidades de um indivíduo são críticos para uma organização, legitimando-o com um poder de influência sobre outros indivíduos.

• Referência: está relacionada ao fato de alguém ser exemplo, que é modelo de comportamento para outros indivíduos, e, portanto, obtém a possibilidade de influenciar seus seguidores.

Flavia Neves alerta que é necessário reconhecer quais bases de poder são geralmente utilizadas nas relações dentro das organizações, pois seus impactos podem ser bem diversos na gestão dos recursos internos e na tomada de decisão. Diz ela:

“Pesquisas apontam que as bases posição, conhecimento e referência têm potencial impacto positivo no comprometimento e confiança dos subordinados em relação à organização. Conhecimento e referência também têm impacto positivo no desempenho e satisfação da força de trabalho, o que poderá impactar positivamente os resultados organizacionais. Por outro lado, o poder de coerção tem grande potencial de criar resistência e gerar conflitos. Além disso, as relações de poder têm impacto direto na qualidade de vida do trabalho e nas questões éticas do uso do poder levando em consideração temas como assédio moral. Outro aspecto muito importante nas relações de poder é sua influência na cultura organizacional”.

O poder modela a cultura organizacional por isso precisa ser bem conduzido pelas lideranças ou donos de negócios que o exercem. Para que não haja desavenças e para que o clima organizacional seja bom, as relações de poder precisam ser bem conduzidas. Daí a importância de trabalhar o desenvolvimento das habilidades comportamentais nos executivos.

O levantamento “The Portrait of a Pandemic at Work” (na tradução para o português,“O Retrato da Pandemia no Trabalho”), ouviu mais de 1.000 profissionais que trabalham em escritórios nos Estados Unidos sobre o impacto da pandemia nos empregos. Eles responderam que acreditam que precisam aprender soft skills, sobretudo por causa do trabalho remoto.

As chamadas soft slkills como a liderança, produtividade, comunicação interpessoal, criatividade, e gestão de conflitos, apenas para citar algumas, não são natas e podem ser aprendidas. Elas podem dar um impulso na carreira e, por isso, não podem ser ignoradas durante os cursos de formação profissional.

O aprimoramento das soft skills é um dos temas de cursos de educação continuada, como a Pós-graduação em Gestão de Negócios, da JValério Gestão e Desenvolvimento, com a chancela da Fundação Dom Cabral (FDC). A especialização desenvolve profissionais preparados para enfrentar os desafios atuais e antecipar os cenários futuros do ambiente de negócios. Outro atributo do curso de pós-graduação é explorar as principais tendências da gestão no mercado executivo. O participante aprende na prática como utilizar as melhores ferramentas da gestão contemporânea e recebe uma atualização sobre tendências, pesquisas e análises que influenciam o ambiente global de negócios, como as relações de poder.

A pós-graduação é uma oportunidade para os executivos que desejam alavancar a carreira profissional e aprender a exercer o poder como agente de transformação na cultura organizacional. Qualquer líder pode se comportar conforme a definição do poder carismático, como citamos acima, e transformar os liderados em aliados para conquistar os objetivos propostos pela organização. São essas as lideranças que fazem a diferença!

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