FDC divulga Ranking das Multinacionais Brasileiras 2017

19/11/2017
FDC divulga Ranking das Multinacionais Brasileiras 2017 | JValério
A Fundação Dom Cabral (FDC) divulgou os resultados do Ranking FDC das Multinacionais Brasileiras 2016 e do Ranking de Internacionalização de Franquias Brasileiras – pesquisa que elenca as empresas brasileiras mais internacionalizadas e explora aspectos da estratégia e gestão das operações destas empresas que estão presentes em 99 países do mundo.  O estudo, em sua 11ª edição, mostra os países e regiões nos quais estão presentes, seu desempenho e expectativas futuras, além de tendências quanto à expansão, estabilidade ou retração das operações em 2016. O estudo consultou 64 organizações, sendo 50 multinacionais brasileiras e 14 empresas que atuam no exterior por meio de franquias. Os dados, referentes à atuação destas empresas em outros países ao longo de 2015, revelam um crescimento do índice médio de internacionalização das multinacionais brasileiras, de 21,8% em 2014 para 26,1% em 2015 – um aumento de quase 20%, fato inédito nestes 11 anos em que o Núcleo de Estratégia e Negócios Internacionais da FDC acompanha a internacionalização de empresas brasileiras. O índice leva em consideração os dados de ativos, receitas e funcionários das multinacionais no exterior em relação ao total.

O Ranking das Multinacionais Brasileiras

Na edição 2016 do Ranking FDC das Multinacionais Brasileiras, a Fitesa, empresa líder na indústria de não tecidos para descartáveis higiênicos e médicos, conquistou novamente a primeira posição, com um índice de internacionalização próximo aos 74%, seguida da Iochpe-Maxion (66%) e da CZM (63%). A Iochpe-Maxion, por exemplo, definiu 2015 como um ano muito desafiador para a indústria de autopeças no Brasil e optou por ajustes para se adequar ao nível de demanda que, até o início de 2016, ainda não demonstrava sinais de recuperação. As operações no NAFTA e Europa mostraram um bom resultado para a empresa, em linha com a recuperação da economia nessas regiões. A Stefanini que ocupa a quinta posição no índice geral lidera em número de países onde possui operações e também no Ranking específico por índices de ativos. Abaixo a lista com as 10 empresas mais internacionalizadas do Brasil, dentre 50 participantes.

O Ranking de Internacionalização de Franquias Brasileiras

A pesquisa também elencou as franquias brasileiras mais internacionalizadas, com base em dados sobre unidades franqueadas, receita de royalties e taxas e receita de vendas de produtos franqueados no exterior em relação ao desempenho total. No topo da lista está a Localiza, com 19,2% de índice de internacionalização, seguida da primeira colocada na última edição, a iGUi Piscinas, que este ano alcançou os 17,9%.

As empresas brasileiras pelo mundo

As empresas brasileiras estão presentes em todos os continentes, em 99 países, sendo que os Estados Unidos, assim como nas edições anteriores da pesquisa, segue sendo o país com a maior concentração de empresas brasileiras, totalizando 40. É nítida também a preferência pela América do Sul, em especial pela Argentina, com a presença de 31 empresas. Nota-se que, dos dez principais países alvo das empresas brasileiras, seis estão na América do Sul.

Autonomia das subsidiárias e franquias no exterior 

O dinamismo do mundo globalizado, a velocidade na realização de negócios e a crescente interdependência entre os países têm imposto às empresas o desafio de tomar decisões que contemplem vários cenários e culturas, considerando variáveis que podem afetar o desempenho de seus negócios. É interessante notar que o locus de tomada de decisão pelas multinacionais brasileiras tem variado dependendo do tipo de decisão. Nesse sentido, boa parte das multinacionais apontou concentrar suas decisões estratégicas exclusivamente na matriz (40% das decisões) ou na matriz após consultar subsidiárias (31% das decisões). Já para decisões táticas, a tendência é que seja feita pela subsidiária, após consultar a matriz (40% das decisões). No caso de decisões de cunho operacional, a maior parte das empresas concede autonomia total ou parcial para a subsidiária: em 49% essas decisões são tomadas exclusivamente pela subsidiária e, em 37% delas, pela subsidiária após consulta à matriz. Na esfera estratégica, a maioria absoluta das multinacionais centraliza na matriz as decisões referentes à política de dividendos (60%) e aos movimentos de fusões e aquisições de outras empresas (56,5%). A decisão estratégica com maior nível de autonomia total das subsidiárias é a definição do grau de envolvimento com organizações não governamentais (ONGs) no mercado local (33,3%), o que pode ser explicado pela necessidade de conhecimento da realidade específica dos países nesses casos: “Analisando o conjunto das decisões, observa-se uma tendência das multinacionais brasileiras em descentralizar suas decisões mais operacionais, passando a participar mais do processo decisório à medida que as decisões se tornam mais estratégicas” afirma Sherban Leonardo Cretoiu, professor e pesquisador do Núcleo de Estratégia e Negócios Internacionais da Fundação Dom Cabral. Porém, um fato relevante refere-se ao grau de autonomia; embora tenha se mantido estável na maior parte das multinacionais (67,7%), é possível identificar seu aumento em 29,1% das entrevistadas e tendo diminuído apenas em 4,2% da amostra.  “Com isso, notamos que as multinacionais brasileiras têm, gradativamente, descentralizado parte de suas decisões, passando as mesmas para as subsidiárias. Isso tende a aumentar à medida em que a empresa adquire mais experiência internacional e adapta seus processos e rotinas às localidades em que atua. Com isso, o processo de descentralização das decisões tende a melhorar o desempenho internacional das empresas” afirma a professora da Fundação Dom Cabral, Livia Barakat também responsável pelo estudo.

Estratégia internacional e busca por novos mercados

Outro dado importante do estudo refere-se à estratégia internacional; 25,4% das empresas ouvidas consideram que sua estratégia para outros países não foi afetada pelo atual contexto político-econômico do Brasil. Entretanto, 74,6% alegam que seus planos internacionais foram afetados de alguma forma, sendo que 28,5% afirmam que sua estratégia internacional foi afetada ou muito afetada pelo atual contexto. Nota-se, pelo gráfico acima que, independente da estratégia adotada no mercado doméstico, 78%, das empresas ampliaram seus investimentos no mercado internacional frente ao atual contexto político-econômico brasileiro. “De acordo com as empresas entrevistadas, essa tendência tem por função, principalmente, diminuir a dependência do mercado brasileiro e reduzir os riscos do negócio” pondera Sherban.

Entradas e saídas de países

Das empresas respondentes, 28,1% entraram em novos mercados em 2015, o que evidencia a tendência de expansão da internacionalização das empresas brasileiras, conforme vem sendo verificado nas edições anteriores da pesquisa. As empresas brasileiras entraram em 29 novos países, seja por meio de subsidiárias ou franquias. Assim como na edição passada, a Europa continua sendo um destino bastante atrativo para as empresas brasileiras à procura de novos mercados, possivelmente pelo fato de grande parte já atuarem na América do Sul e do Norte. Por outro lado, 14,1% das multinacionais e franquias interromperam suas atividades em algum país em 2015. Ao todo, as empresas brasileiras encerraram atividades em oito países em 2015, sendo eles China, Dubai, Egito, Espanha, Estados Unidos, Nigéria, Portugal e Venezuela. “A edição deste ano demonstra que a internacionalização vem se tornando uma decisão de macro estratégia empresarial cada vez mais adotada por empresas de variados portes e setores da economia brasileira. A cada ano novas empresas aceitam nosso convite para compartilhar seus resultados e experiências e cresce também o índice geral de internacionalização das empresas participantes. A decisão empresarial de expandir as atividades a outros países e continentes tem se revelado particularmente importante em períodos adversos da economia brasileira oferecendo às empresas a possibilidade de garantir resultados, lucratividade e competitividade a partir das operações no exterior”, finaliza Sherban. Acesse aqui a pesquisa completa. 
O que achou sobre o conteúdo? Vamos conversar? Deixe um comentário.
ASSINE NOSSA NEWSLETTER