A obsolescência planejada e o seu impacto socioambiental

14/04/2016
A obsolescência planejada e o seu impacto socioambiental | JValério
A prática da obsolescência planejada em produtos ocorre dentro das empresas desde a década de 1920, pós-Primeira Guerra Mundial, e perdura até hoje. Ela tem como objetivo a diminuição da vida útil de um produto para estimular sua troca de maneira mais rápida, o que mantém o mercado aquecido e em rotatividade. Uma das maneiras de diminuir a vida útil é a mudança de algumas peças ao lançar uma nova versão ou, então, programar certas peças para que funcionem até um determinado período (GUILTINAN, 2008). ​​ Essa obsolescência aumenta a competitividade entre as empresas, principalmente entre as que buscam uma melhora tecnológica em um curto espaço de tempo e oferece novos produtos a preços mais elevados. Porém, os consumidores acabam sendo​ prejudicados porque, uma vez obtido um produto de alto valor, não se sabe quando esse apresentará algum problema e nem se este problema terá uma solução que não seja a troca. O assunto é muito discutido em salas de aula de Marketing e por profissionais da área, principalmente porque houve um aumento significativo das consequências ambientais com essa substituição rápida (GUILTINAN, 2008). No ano de 2008, por exemplo, foi estimado que, na América do Norte, foram descartados mais de 100 milhões de celulares e 300 milhões de computadores – que liberam substâncias tóxicas no meio ambiente. De acordo com o Waste Atlas Report 2013, o desperdício de resíduos sólidos foi estimado em 1,84 bilhões de toneladas por ano – sendo China, Estados Unidos e Índia os países líderes. Além disso, 50 a 80% dos produtos reciclados são enviados a países subdesenvolvidos, onde trabalhadores extraem materiais que possam ter algum valor, expondo-se a gases tóxicos (Associated Press, 2007). Packard (1960) popularizou o termo “obsolescência planejada” com três tipos de vertentes: função, qualidade e atratividade, ou seja, o novo produto pode ter um desempenho melhor, ser mais resistente ou, ainda, possuir um design melhor que o do antecessor. Isso estimula o consumo, ainda mais se acrescentado o fator da alta publicidade, que influencia o comportamento do consumidor (Cooper, 2004)​. Dessa forma, a ética das empresas é questionada por pelo menos dois motivos: 1º) até onde a competitividade organizacional leva uma empresa a fabricar algo com menos qualidade? 2º) em que momento o ganho financeiro passou a ser mais importante do que a preocupação com a necessidade do consumidor? Nessas situações, a sustentabilidade e a ética podem ser questionadas pelos consumidores e pela população. A disputa pela preferência do cliente passa por cima dos pilares sustentáveis, e a empresa, ao invés de criar algo social, econômico e ambientalmente positivo, tem como objetivo conquistar uma nova parcela de mercado. Ao focar seus esforços em metas de curto prazo para aumentar seu ganho financeiro, consequentemente, em longo prazo, as empresas enfrentarão problemas cujas soluções serão mais dispendiosas de recursos financeiros e não financeiros – como esforço. Por isso, é importante que as empresas consigam equilibrar seus objetivos de acordo com as necessidades globais, especialmente no que tange ao seu impacto ambiental, principalmente porque, ao utilizar a prática da obsolescência planejada para aumentar o consumo de produtos, a empresa estará contribuindo para a degradação do meio ambiente. Se essa prática é eticamente correta ou não, já é outra discussão. Fonte: FDC
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