Fuja do curto prazo e pense no futuro

Em ambientes em que o diálogo é praticado e dados são analisados a partir de estudos realizados, a tendência é a construção de um espaço favorável ao conhecimento relevante. Estudar a evidência, adotar análises adequadas e não apaixonadas deveria ser a prática comum em ambientes de negócio. Logo, por que ainda insistir em trabalhar com modelos financeiros focados em retorno sobre investimento e lucro de curto prazo, invés da inovação como tema relevante de futuro? As empresas longevas seriam aquelas em que o investimento em inovação são mais relevantes do que aquelas muito determinadas em reduzir custos?

Neste sentido, diversos estudos vêm sugerindo que os modelos financeiros tradicionais não seriam favoráveis para o futuro das empresas. Focar somente em retorno sobre o investimento, redução de custos, geração de caixa, alocação de recursos em centros de custos e lucro seria uma lógica mecanicista e típica de empresas industriais, focadas em commodities e gerando pouco valor para o mercado. Empresas que optam por resultados financeiros, acabam tendo ótimo desempenho no curto prazo, mas um futuro incerto, ainda mais em um momento em que tecnologias disruptivas vem provocando uma revolução nos modelos de negócio atuais. Minimamente, seria o momento para repensar a gestão contemporânea. Em um estudo recente publicado pelo MIT, diversas empresas foram analisadas, contemplando critérios como resultados financeiros, modelo de negócios, inovação e talento. Os resultados sugerem que as empresas que puderam gerar ótimos desempenhos financeiros, tinham um modelo de negócios verticalizado e centralizado nas decisões da diretoria. Estas mesmas empresas investiam em inovação, mas com claro direcionamento para a melhoria dos produtos atuais existentes, dada a escassez de recursos para pensar o novo. Finalmente, a gestão de pessoas focava muito mais na alocação das horas do time e em como direciona-las em projetos, sendo um contrassenso ao ambiente criativo e gerador de novas ideias. Em um outro grupo de empresas, o crescimento de mercado e novos clientes foi percebido, mas a orientação estratégica estava direcionada para modelos inovadores, com investimentos em pesquisa & desenvolvimento, na parceria com universidade, institutos de ciência e tecnologia e startups. Estas empresas tem a capacidade em criar produtos e serviços novos, alinhados a aspectos como digitalização, equipes de alto desempenho e ambientes criativos. O grande direcionador destas empresas não é o resultado financeiro, mas a inovação e a busca pelo monopólio. Estas empresas sugerem que trabalhar em mercado competitivos é favorável para a redução de margens e que a busca por tecnologias novas, trazem o futuro para o hoje. Minimamente, o estudo do MIT propõe uma série de reflexões: os modelos de gestão atuais garantirão a sobrevivência das empresas? Qual o impacto das inovações tecnológicas para a longevidade empresarial? Qual a relevância da economia do compartilhamento? Qual a importância da gestão de talentos? Quais deveriam ser as métricas de resultado para as empresas? Conclui-se que o esforço pelo resultado financeiro unicamente, vem gerando empresas despreparadas para enfrentar o novo, pois o grande direcionamento é a remuneração dos acionistas, menos em alocar recursos para atrair gente qualificada e no desenvolvimento de futuro. Enquanto isto, startups vem revolucionando o mundo, desenvolvendo algoritmos nunca antes imaginados e mudando a ordem da economia mundial. Minimamente, valeria uma profunda reflexão pela comunidade empresarial, sobre os caminhos da gestão atuais e desafios de longo prazo. Fonte: FDC