Como demitir um parente em uma empresa familiar?

03/10/2014
Como demitir um parente em uma empresa familiar? | JValério
Fazer parte da família que administra um negócio não garante estabilidade, afinal, participar ativamente de uma empresa familiar requer muito mais do que apenas o sobrenome: é preciso responsabilidade e conhecimento do negócio. Se um profissional não estiver rendendo o suficiente para a companhia crescer ou não possuir os atributos necessários para o cargo ocupado, é possível demiti-lo? Como fazer isso? Para o diretor-presidente da JValério, associada à Fundação Dom Cabral, Eduardo Valério, a demissão é possível desde que o processo dentro da empresa seja respeitado. "Deve ser conforme as regras da empresa, ou seja, o profissional, familiar ou não, deve cumprir seus objetivos e metas conforme determinado pelos sócios/acionistas", explica. Independentemente do grau familiar, o gestor responsável por essa análise precisa separar o pessoal do familiar e do profissional. Eduardo Valério afirma que possíveis dificuldades estão atreladas à falta de definição do papel do familiar na empresa. "A descrição do cargo/função deve ser rigorosamente a mesma para qualquer profissional. Sempre haverá conflito e constrangimentos quando não há uma definição clara de que o familiar na empresa será tratado como funcionário e, portanto, sujeito às regras da empresa", complementa. Para o especialista, é sempre melhor definir esses parâmetros antes do ingresso do familiar na empresa, acertados no Acordo de Sócios/Família. O delicado ato da dispensa Nem sempre um familiar está preparado para lidar com os negócios adequadamente e é por isso que precisa ser desligado da companhia - um desafio e tanto para o gestor indicado para lidar com esta delicada questão. "Todo familiar, para entrar na empresa, deverá passar pelo mesmo processo de seleção que os demais candidatos passam. Além disso, a família deverá ser orientada para que, em caso de dispensa, seja por razões técnicas", explica Eduardo Valério que recomenda ainda que a dispensa seja comunicada primeiro aos sócios e, na sequência, para o funcionário/familiar. "Quem deve fazer é o superior imediato" aponta o diretor-presidente da JValério.
Fazer com que o processo de decisão para a saída seja compartilhado e validado pelos sócios familiares em fórum específico evita que haja um "vilão" na história. Família x negócios? Gestor não-familiar
 É preciso uma certa habilidade por parte do gestor para deixar todo o processo claro e transparente, pois é necessário separar a linha familiar dos negócios. Eduardo Valério aponta que os gestores não-familiares devem ser capacitados para lidar com a “dualidade de papéis”. "Este gestor não-familiar deve ter, na empresa, um fórum para que ele possa manifestar o comportamento do familiar na gestão e até compartilhar a decisão da dispensa do familiar. Isso dará respaldo e legitimidade ao processo".
Para Eduardo Valério, fazer um bom contrato é fundamental para evitar complicações futuras. "É importante ter um bom acordo, ou seja, o alinhamento societário é peça fundamental para a construção de um 'bom contrato', mitigando, dessa forma, os riscos que envolvem os familiares na gestão de um negócio comum."
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